Presidente da Novartis renuncia a indenização de US$ 77,9 milhões
Sob pressão de todos os lados, a gigante farmacêutica Novartis anunciou nesta terça-feira (19) que seu presidente, Daniel Vasella, renunciou ao pacote de indenização de 72 milhões de francos suíços (cerca de US$ 77,9 milhões) quando se aposentar, em breve.
Vasella, às vésperas de partir da empresa, conseguiu do conselho de administração um pacote de pelo menos 10,3 milhões de francos suíços por ano, pelo prazo de sete anos, como cláusula de não concorrência. Ou seja, basicamente para ficar calado, não passar para a concorrência nem transmitir segredos da empresa.
Numa entrevista, o executivo disse que só receberia toda a soma se ele respeitasse toda as condições negociadas, em particular a proibição de ir para outro grupo farmacêutico.
Mas a revolta pelo "paraquedas de ouro", como ficou conhecido, foi generalizada na Suíça, inclusive no setor patronal. A opinião geral é a de que, por mais talento, capacidade administrativa e de formar redes de influência de Vasella, nada disso justifica um pacote tão grande, equivalente ao que um suíço médio ganharia em mil anos (a média de renda no país é de 72 mil francos suíços por ano).
O temor do setor empresarial é o impacto do "caso Vasella" na votação popular programada para dentro de duas semanas justamente sobre "remunerações abusivas". O resultado da votação é incerto. Em contrapartida, parecia claro que Vasella e a Novartis enfrentariam um bombardeio de críticas na assembleia geral da empresa na sexta-feira, em Basileia.
Antecipando-se ao pior, Vasella jogou a toalha hoje cedo. Mas o estrago sobre sua imagem é irremediável.
(Assis Moreira | Valor)
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