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Múltis de grãos estão atentas às concessões de ferrovias, diz Blairo Maggi

24/03/2014 16h40

A participação de quatro gigantes do agronegócio --Bunge, Cargill, Amaggi e Dreyfus-- nos leilões de concessão de ferrovias previstos para a região Norte do país ainda não está certa, mas é vista com interesse pelas companhias, afirmou o senador Blairo Maggi (PR/MT) ao Valor PRO, o serviço de tempo real do Valor.

Segundo o senador, controlador do Grupo André Maggi, a ideia de se criar um grupo independente para participar dos leilões do governo e operar ferrovias vem sendo estudada há um ano. Desde então, as companhias vem estudando percursos rentáveis e áreas prioritárias para o escoamento da safra, que a partir deste ano começa a ser redirecionada mais fortemente para os terminais portuários do Pará.

"Por enquanto, chegamos à conclusão de que existem três obras prioritárias e queremos estudar mais a fundo os projetos. Se isso vai virar investimento ou não, depende", disse Maggi.

A primeira concessão seria a criação da Ferrogão, saindo de Lucas do Rio Verde (MT) e ou Sinop (MT) até Miritituba (PA), às margens do rio Tapajós. A segunda seria batizada de Fico Oeste e sairia de Sapezal (MT) para o transbordo em Porto Velho (RO), no rio Madeira.

A terceira, conhecida como Fico Leste, sairia de Água Boa (MT) até Campinorte (GO), onde se interligaria com a Ferrovia Norte-Sul.

"Politicamente, o governo já sinalizou que o interesse para que prossigamos com os estudos", disse Maggi. Cálculos iniciais prevêem custos de R$ 15 bilhões nestas obras.

De acordo com Maggi, os técnicos das empresas virão a Brasília nesta semana para mostrar ao governo as obras. "O objetivo é estudar agora. Se houver necessidade de participar do processo de construção, a princípio, as empresas estão disponíveis para participar do investimento".

Segundo o Valor apurou, as tradings agrícolas decidiram inverter a lógica de receber sugestões do governo que "não encontram eco" no setor privado e passaram a oferecer propostas de caminhos de escoamento que mais lhes interessam.

A intenção é racionalizar o fluxo, de forma a atender diferentes regiões de produção do Centro-Oeste.

A Fico Oeste, por exemplo, atenderia uma parcela importante de fazendas de soja localizadas no Oeste de Mato Grosso que só fazem sentido ser escoadas pelo rio Madeira, devido à distância menor.

O trecho ferroviário até Miritituba, por sua vez, ajudaria a desafogar a BR-163 quando os portos fluviais e marítimos do Pará estiverem em operação máxima --levando-se em consideração que a produção de grãos também continuará a crescer. O terceiro trecho proposto atenderia a demanda de escoamento de grãos do leste de Mato Grosso e do Sudeste do Pará.

"Os interessados querem propor ao governo traçados previstos no Programa de Investimentos em Logística (PIL) nos quais enxergam viabilidade e estariam a fim de investir e operar", afirmou uma fonte sob condição de não ter seu nome revelado. "Agora é aprofundar as análises".

Questionadas, as multinacionais informaram que não comentam projetos embrionários.