Empreender está em nossa condição humana
Marco Roza
Colunista do UOL
19/08/2015 06h00
Somos todos empreendedores. Mesmo quando assalariados e submetidos a uma hierarquia de uma empresa tradicional, empreendemos de acordo com a parte da responsabilidade que nos é atribuída.
Geralmente, é uma combinação de responsabilidade empreendedora proporcional ao salário que recebemos, o que nos obriga a empreender no relacionamento com a equipe ou nas vinculações com clientes ou fornecedores.
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Assumimos, de maneira consciente, a parte do risco gerencial que os gestores da organização vinculam ao contrato que estabeleceram com a gente.
O que induz alguns profissionais a preferir o emprego a empreender é correr riscos menores circunscritos ao horário do expediente, em troca de uma remuneração fixa e com data marcada, o famoso holerite que, em algumas situações, apesar das incertezas, tende a viciar.
Mas muitos profissionais assalariados, com o tempo, descobrem que é vantajoso ampliar o risco e se tornam empreendedores em tempo integral.
Ao assumirem a própria empresa, aprendem aos trancos e barrancos que podem sustentar riscos mais amplos com dosagens cada vez mais ampliadas de uma vivência plena, vigorosa, criativa, 24 horas por dia, sete dias por semana.
E também se viciam irreversivelmente nesse estágio exaustivamente humano. Porque empreender é criar e agregar valor a mercadorias e serviços e repassá-las a consumidores dispostos a pagar por tais mercadorias e/ou serviços.
É reinventar nuances no nosso dia a dia, melhorando produtos ou serviços, na dosagem ideal para surpreender a clientela e deixar o concorrente a se perguntar “por que não pensei nisso antes?”
Se os riscos são imensos, as recompensas emocionais e espirituais se combinam de tal forma e nos confirmam demasiadamente humanos. Até mesmo quando fracassamos.
Por isso, melhoramos na batalha miúda, criativa e consciente, nossa própria condição humana.
E, se não nos empolgarmos demais com as boas fases, conseguiremos amadurecer nossa alma e agradecer o mundo e suas circunstâncias pela oportunidade de nos ter permitido empreender.
Atingiremos o estágio de quase plenitude e nos descobriremos o sal da Terra. Vamos contagiar as pessoas no entorno. Buscar aliados e parceiros. E ficaremos felizes em seduzir clientes que nos conhecerão apenas através de nossas marcas, nossos produtos e serviços.
E à medida que reavaliarmos nossos avanços, tombos e superações, vamos nos perguntar sempre: “por que não nos tornamos empreendedores antes?”