Pure Pilates alcança 300 unidades, fatura R$ 80 mi e mira mercado externo
Amanda Queirós
Colaboração para o UOL, de São Paulo
16/06/2024 04h00
Quando Douglas Paiva e Lígia Assis inauguraram a Pure Pilates, em 2009, a ideia era apenas ter uma fonte de renda extra. No entanto, o sucesso da academia 100% dedicada ao condicionamento por meio desse método fez a dupla deixar o emprego no mercado financeiro. Com o investimento de amigos, eles começaram a abrir novas unidades, chegando a 25 salas. "Aí a gente percebeu que não ia ter amigo suficiente para abrir mais", lembra a empresária, rindo. Hoje, expectativa é expandir para a região Nordeste e chegar ao mercado internacional. Além de Douglas e Lígia, também são sócios da Pure Pilates Roberto Perfeito e Caroline Lo Duca Serroni.
O que aconteceu
O modelo de franquia foi chave para o crescimento, em especial após a pandemia de Covid-19. Até 2019, a rede tinha 64 unidades. Cinco anos depois, esse número saltou para 300, com presença em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e o Distrito Federal.
Plano de expansão. Para 2025, a expectativa é ampliar a participação no Nordeste, chegar ao mercado internacional e turbinar o faturamento anual, hoje em torno de R$ 80 milhões ao ano.
Depois do isolamento, as pessoas repensaram suas vidas e isso ajudou na venda de franquias. Por exemplo, após voltar ao regime presencial, uma executiva que estava há 20 anos no mesmo emprego decidiu largar tudo. Agora ela é dona de cinco unidades.
Roberto Perfeito, um dos amigos que se tornou sócio e hoje lidera a expansão do negócio
A Pure Pilates nunca fechou um estúdio. Mesmo durante os momentos mais restritivos da pandemia. "Como franqueadora, nós ajudamos nas negociações de aluguel e começamos muito rapidamente a dar aulas online, o que aumentou nossa visibilidade", lembra Lígia Assis.
Uma franquia da Pure Pilates custa até R$ 135 mil. Para administrá-la, não é preciso ter formação em educação física. De modo a evitar sobreposição de uma unidade com outra, a escolha do ponto é orientada por estudos de geomarketing. Cada uma delas requer um espaço de pelo menos 40 m2 e, no mínimo, dois professores regulares.
Estrutura enxuta possibilita um retorno do investimento inicial entre 18 e 24 meses da implantação. Os custos incluem ainda o pagamento mensal de royalties no valor de 8% do faturamento e de 2% de taxa de propaganda. Dois anos após a abertura, o lucro estimado chega a 25%.
Outro fator de atratividade é o uso da tecnologia. Um sistema de gestão permite aos sócios acompanhar de qualquer lugar o treinamento, a implementação e a operação de todas as unidades, assegurando um atendimento padronizado. E, por meio de um aplicativo, os alunos podem gerenciar horários e remarcar aulas de forma ágil.
A rede também está no cardápio do Wellhub (o antigo Gympass). A plataforma é o meio que as empresas oferecem acesso a serviços de exercícios físicos e bem-estar a seus funcionários. Como as vagas são disponibilizadas em tempo real, é possível fazer agendamentos para o mesmo dia, ajudando a diminuir a ociosidade de algumas turmas.
Cerca de 35% dos clientes vêm da plataforma, e eles podem fazer até nove aulas por mês. Boa parte são homens que aderiram ao pilates para melhorar o condicionamento para algum outro esporte. A maioria dos 14 mil frequentadores da rede, porém, é de mulheres entre 30 e 69 anos.
As aulas têm 50 minutos de duração e são limitadas a até quatro alunos por vez. O valor da mensalidade depende da região, do número de sessões semanais e do grau de fidelização, variando entre R$ 119 e R$ 839.
Rápida ascensão foi acompanhada por desafios. Um deles foi a falta de professores qualificados para atender as novas franquias. O problema se resolveu com a criação de cursos de formação por meio da Pure Academy, dando origem a um banco de talentos com mais de mil currículos que pode ser acionado pelos estúdios para contratação ou substituição temporária.
Investimento em capacitação. Outro complemento na capacitação é a Pilates Play, uma plataforma digital de streaming com dicas de exercícios para cada aparelho e aperfeiçoamento tanto para educadores físicos quanto para os gestores dos espaços. No segundo semestre, a marca lança uma pós-graduação no método em parceria com o Centro Universitário da FMU.
Mercado de academias
Evolução da empresa está em sintonia com a realidade do mercado de atividades físicas do país. Segundo o Panorama Setorial Fitness Brasil, as academias especializadas foram o segmento de maior gás no setor entre 2020 e 2021, registrando um incremento de 45% de alunos na retomada pós-pandemia.
Nos últimos dez anos, essa oferta cresceu muito por dois motivos. As academias de baixo custo colocaram pressão nas que não se posicionavam tão bem, levando parte delas a se especializar para encontrar seu lugar. O público também passou a exigir um leque mais variado de atividades, ajudando a pessoa a encontrar o que realmente gosta e aumentando sua retenção. Isso é determinante para que uma matrícula não seja só um 'projeto verão.
Gustavo Almeida, diretor-executivo da Fitness Brasil, plataforma que conecta diferentes atores do mercado.
Os sócios da Pure Pilates dizem acreditar ser possível chegar a pelo menos 600 unidades pelo Brasil. Após esgotar todas as áreas possíveis de atuação na capital paulista, ela acaba de estrear em Maceió. Em breve, será a vez de Fortaleza e há planos de estreia na região Norte. Já o desembarque internacional deve acontecer no próximo ano — Portugal, Estados Unidos e América Latina são alguns dos locais estudados. Em paralelo a esse movimento, as atenções da vez se voltam ao Nordeste.
Percebemos uma aceitação enorme por lá. Quando a gente abre uma unidade, em poucos meses somos procurados para abrir outras. São alunos ou pessoas que conhecem o negócio, ficam interessados, e aí uma teia vai se construindo. Desde o início, nossa venda sempre aconteceu assim, de forma muito orgânica.
Roberto Perfeito.