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Desemprego avança e atinge 9,5% no trimestre até janeiro, aponta IBGE

Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo

24/03/2016 09h08Atualizada em 24/03/2016 10h03

A taxa de desemprego no país atingiu 9,5% no trimestre encerrado em janeiro, em média, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É o maior nível registrado pela pesquisa, que começou a ser feita em 2012. 

O resultado ficou acima do registrado no mesmo trimestre do ano anterior, de 6,8%, e superou também o do trimestre encerrado em outubro de 2015, quando foi de 9%. 

O número de desempregados chegou a 9,6 milhões de pessoas, em média, o que representou alta de 6%, ou 545 mil pessoas, em relação ao trimestre de agosto a outubro de 2015. No confronto com igual trimestre de 2015, o número subiu 42,3%, o que representa 2,9 milhões de pessoas.

Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (24) e fazem parte da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua mensal. Ela usa dados de trimestres móveis, ou seja, de três meses até a pesquisa. Na de janeiro, são usadas informações de novembro, dezembro e janeiro.

População ocupada

Segundo a pesquisa, a população ocupada somou 91,7 milhões de pessoas, queda de 0,7% quando comparada com o trimestre de agosto a outubro de 2015. Em comparação com igual trimestre de 2015, foi registrada queda de 1,1%, de acordo com o instituto.

O IBGE considera desempregado quem não tem trabalho e procurou algum nos 30 dias anteriores à semana em que os dados foram coletados. A Pnad Contínua usa dados de 211.344 domicílios particulares permanentes distribuídos em cerca de 3.500 municípios. 

Carteiras assinadas caem 3,6%

O número de trabalhadores com carteira assinada caiu 3,6% no trimestre até janeiro, em comparação com o mesmo período de 2014, o que representa 1,3 milhão de pessoas a menos.

Em comparação com o trimestre encerrado em outubro, o número de carteiras ficou estável, segundo o IBGE.

Rendimento médio de R$ 1.939

O rendimento médio real (ajustado pela inflação) dos trabalhadores foi de R$ 1.939, menor do que o no mesmo período de 2014 (R$ 1.988).

O rendimento é menor também do que o registrado no trimestre encerrado em outubro (R$ 1.948). Este último resultado, porém, é considerado estável pelo IBGE.

Desemprego em 2015

O Brasil fechou 2015 com 8,6 milhões de desempregados, em média, o que representa um aumento de 27,4% na comparação com 2014, quando eram 6,7 milhões.

Com isso, o nível de desemprego registrado em 2015 foi de, em média, 8,5%, maior nível anual registrado pela pesquisa, que começou a ser feita em 2012. Em 2014, o nível médio de desemprego havia sido de 6,8%.

Perspectivas para 2016

Analistas consideram que o mercado de trabalho deve deteriorar ainda mais ao longo deste ano, dada a expectativa de profunda retração da economia. Pesquisa Focus do Banco Central, que ouve semanalmente uma centena de economistas, aponta que a expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) sofra contração de 3,6% este ano, depois de despencar 3,8% em 2015.

O cenário de grave crise política enfraquece ainda mais a confiança de forma generalizada, afetando as decisões de investimento e contratações.

"A expectativa é de que as condições do mercado de trabalho se deteriorem mais, com a taxa de desemprego alcançando dois dígitos no curto prazo, dada a expectativa de que a economia tenha outra profunda contração em 2016", projetou o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos, em nota.

Três pesquisas sobre emprego

O IBGE divulga mais duas pesquisas com dados de desemprego, mas vai manter apenas a Pnad Contínua mensal, que é nacional.

A PME (Pesquisa Mensal de Emprego) mede a taxa mês a mês, com base em seis regiões metropolitanas: Recife, Belo Horizonte, São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro e Porto Alegre. A última divulgação da PME foi neste mês e indicou que o desemprego atingiu 8,2% em fevereiro.

A Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (Pimes) foi divulgada até fevereiro e, depois, encerrada. Segundo ela, o número de trabalhadores na indústria em 2015 caiu 6,2%, quarto ano seguido de queda e o maior tombo desde 2002, quando a pesquisa começou a ser feita.

(Com Reuters)