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PIB do Brasil avançou 2,3% em 2013, no terceiro ano com crescimento moderado

27/02/2014 17h18

BRAS¯LIA, 27 Fev 2014 (AFP) - A economia brasileira cresceu 2,3% em 2013, no terceiro ano de moderado crescimento, embora o resultado do último trimestre (+0,7% sobre o anterior) tenha sido superior ao esperado e pode melhorar a fragilizada perspectiva para 2014.

Sétima economia mundial, o Brasil registrou um crescimento bem menor que o de seus pares entre as gigantescas economias emergentes - ou até mesmo entre seus vizinhos latino-americanos - e para 2014 as projeções são de que só Rússia cresça menos.

O crescimento de 2,3% para o ano divulgado nesta quinta-feira pelo IBGE era o esperado.

A boa notícia chegou com o avanço do último trimestre: +0,7% sobre o anterior e + 1,9% sobre 2012.

Os analistas mais pessimistas anteciparam que o Brasil pode repetir um crescimento negativo como o do terceiro trimestre, quando o PIB caiu 0,5%, e entrar em recessão técnica.



- Dúvidas sobre o crescimento em 2014 -

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, se declarou satisfeito com o resultado do quarto trimestre e afirmou que "estão dadas as condições para que tenhamos 2014 com crescimento um pouco maior que o que tivemos em 2013".

"O resultado do quarto trimestre nos levará a uma revisão para cima de nossas projeções do PIB para 2014, que estavam em 2%", expressou o economista chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.

Ainda assim, muitos especialistas ainda esperam crescimento menor em 2014 do que o de 2013: "provavelmente o primeiro trimestre seja negativo - o crescimento do ano - nos parece mais próximo de 1%, com uma inflação mais perto do teto da meta oficial de 6,5%", afirmou Marcelo Carvalho, economista chefe do BNP Paribas.

O Brasil e outros emergentes enfrentarão menor liquidez global - com a retirada dos estímulos monetários norte-americanos - e preços mais baixos para as commodities antes da desaceleração do grande comprador chinês, disse.

O setor que mais cresceu em 2013 foi o agropecuário, com o avanço de 7%, contra 2% dos serviços e 1,3% da indústria, que teve sua menor participação no PIB desde 2000.

O consumo privado dos brasileiros, que foi, por anos, o motor do crescimento, subiu apenas 2,3%, enquanto a formação de capital bruto, indicativo de investimento, avançou 6,3%.

"Este resultado sugere que estamos passando por uma mudança na economia brasileira com uma desaceleração do consumo em relação ao investimento", afirmou à AFP Francisco José Lima Gonçalves, economista chefe do Banco Fator.

A indústria se mostrou desanimada: "O desempenho da economia está muito abaixo do requerido pela sociedade", denunciou o chefe da Federação de Indústrias de São Paulo, Paulo Skaf.

Embora melhor que o anterior, o ano de 2013 foi o terceiro de moderado crescimento para o Brasil: em 2012 a economia cresceu 1%, e em 2011 foi de 2,7%, após uma impressionante expansão de 7,5% em 2010.



- Crescimento moderado com Rousseff e Copa -

"Começa a se consolidar no governo de Dilma Rousseff um desempenho econômico muito abaixo do potencial brasileiro,", afirmou a professora da Fundação Getúlio Vargas, Virene Matesco.

Neste ano, quando o Brasil receberá a Copa do Mundo e Dilma Rousseff encerra seu quarto ano de mandato, o governo estima um crescimento de 2,5%, e o mercado de 1,67%, segundo divulgado na segunda-feira.

Apesar das expectativas do Mundial que chamará a atenção do mundo para o Brasil, de 12 de janeiro a 13 de julho, os analistas são céticos em sua capacidade de estimular a economia.

"Há um efeito positivo, quando se constrói a infraestrutura. No ano da Copa, o efeito positivo se concentra em alguns setores, mas para a economia em geral pode ter um efeito perverso, porque muitos jogos são no meio da semana" e diminui o número de dias trabalhados, o que é especialmente nocivo para a indústria, disse Carvalho.

No Brasil, setores inteiros da economia, como o bancário, declararam feriado quando a seleção jogar.

As últimas previsões do final de janeiro do FMI, que projetavam um crescimento de 2,8% para o Brasil este ano, indicam que entre as grandes economias emergentes, só a Rússia crescerá menos (2%), contra 7,5% para a China, 5,4% para a Índia e 2,8% para a África do Sul.

Segundo o FMI, o crescimento brasileiro será menor que o do México (estimado em 3%, igual à média latino-americana), enquanto, para os EUA, espera 2,8%.

O PIB brasileiro de 2013 somou 4,8 trilhões de reais, equivalentes a 2,2 trilhões de dólares, ao câmbio médio do ano.