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Banco da Inglaterra inicia contagem regressiva para publicar avalanche de dados

Scott Hamilton

29/07/2015 16h49

(Bloomberg) - Preparem-se.

Mark Carney está prestes a lançar uma enxurrada de dados no que será uma medida sem precedente para um banco central de peso. Em vez de passar de uma publicação para outra no curso de duas semanas, em 6 de agosto o Banco da Inglaterra (BOE, na sigla em inglês) publicará sua decisão em matéria de política econômica, as minutas das suas reuniões, os votos dos funcionários e novas previsões para cada faceta da economia ao mesmo tempo.

A contagem regressiva para o que foi apelidado "Super Thursday" (super quinta-feira) começa na quarta, quando Carney e o Comitê de Política Monetária (MPC, na sigla em inglês) iniciarem as discussões nos preparativos para o evento. O formato abrupto trará um dilúvio de informações para que economistas e investidores saibam mais em um momento em que, segundo Carney, a era das taxas de juros a níveis mínimos recordes no Reino Unido está chegando ao seu fim.

Será a primeira publicação sincronizada de tantos documentos sobre política monetária em um banco central do G7, e permitirá aos altos-funcionários explicarem seu pensamento imediatamente. No passado, os vigilantes do BOE deviam se conformar a princípio com uma revelação do cenário por partes já que a informação era adicionada gota a gota.

"Obviamente, será uma enorme quantidade de informação e uma sobrecarga de dados para processar", disse Alan Clarke, economista do Scotiabank em Londres que analisa o BOE há dez anos. "Será um dia duro".

Importância

Não é só a superabundância de dados que chamará a atenção.

Embora as previsões do banco central sejam analisadas com muita atenção com cada atualização trimestral - conhecida como o Relatório de Inflação - dessa vez os números ganharam mais peso. Eles coincidem com uma mudança na forma de pensar do BOE em relação ao momento escolhido para aumentar a taxa básica de juros do valor atual de 0,5 por cento.

Como a política econômica britânica está congelada há três anos - e as taxas de juros são as mesmas há mais de seis - começar o novo formato de comunicação agora dá tempo aos mercados para se aclimatarem antes do início dos aumentos de taxas. Os investidores não consideram plenamente um ajuste para fixar preços até maio de 2016.

Filtros brutais

A torrente redobra a pressão sobre economistas e analistas para decifrar rapidamente o que o MPC está dizendo sobre a perspectiva e contar a traders famintos de informação.

Para quem acompanha o BOE, a chave será se focar nas informações mais importantes - a decisão sobre a política econômica, os votos e a perspectiva de inflação - e transmiti-las aos colegas no pregão por meio de intercomunicadores tão rapidamente quanto for possível.

"Há mais informação e teremos que filtrá-la de forma mais brutal", disse Philip Rush, economista da Nomura International Plc em Londres.

Há um alívio para os economistas. A nova brecha de 45 minutos entre a publicação do Relatório de Inflação e a entrevista coletiva que Carney dará lhes dá tempo para digerir os conteúdos. Isto também poderia beneficiar o presidente do BOE, segundo Ross Walker, economista do Royal Bank of Scotland Group Plc em Londres.

Como Carney condensará tudo em um único dia a fim de reduzir a especulação entre publicações, a revelação instantânea acarreta que os investidores terão toda a informação disponível em segundos. Isto poderia causar maiores flutuações no mercado por volta do momento da publicação, mas uma menor volatilidade no longo prazo, disse Rush.

"Noventa por cento do que faz com que o mercado se mexa poderá ser obtido em dez segundos", disse ele. "Então as pessoas investirão com maior convicção e poderíamos observar maiores movimentações, já que elas não vão se preocupar com que na semana seguinte tudo possa ser revertido".

Título em inglês: 'Carney Begins Final Countdown to Bank of England Data Overload'

Para entrar em contato com o repórter: Scott Hamilton, em Londres, shamilton8@bloomberg.net