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Desesperadas, aéreas chinesas buscam pilotos estrangeiros

Angus Whitley

18/08/2016 13h27Atualizada em 22/08/2016 11h02

(Bloomberg) -- As empresas aéreas chinesas precisam contratar quase 100 pilotos por semana durante os próximos 20 anos para conseguir atender à demanda astronômica por viagens. Diante da escassez de candidatos no país, as companhias estão oferecendo pacotes salariais gordos para estrangeiros com experiência no cockpit.

Giacomo Palombo, ex-piloto da United Airlines, disse que vem sendo bombardeado todas as semanas com ofertas para pilotar aviões Airbus A320s na China. A empresa regional Qingdao Airlines chegou a lhe prometer US$ 318 mil por ano. A Sichuan Airlines, que voa para o Canadá e a Austrália, ofereceu US$ 302 mil. Ambas as companhias afirmaram que também cobririam seu imposto de renda na China.

"Quando chegar o momento de voltar a voar, com certeza as empresas aéreas chinesas estarão no meu radar", disse Palombo, 32, que agora é consultor da McKinsey & Co. em Atlanta e disse que falava a título pessoal, não em nome de seu empregador. "As condições financeiras são atraentes".

Mercado agitado

O tráfego aéreo sobre a China deverá quase quadruplicar nas próximas duas décadas, transformando-se no mercado mais agitado do mundo, de acordo com a Airbus Group. Novas empresas aéreas pouco conhecidas no exterior estão pagando cerca de 50% a mais que o salário de alguns comandantes experientes da Delta Air Lines e estão dando via livre aos recrutadores de todo o mundo, dos EUA à Nova Zelândia, para preencherem os cargos de comandante.

Como algumas ofertas chegam a US$ 26 mil por mês em remuneração líquida, pilotos de mercados emergentes como Brasil e Rússia podem quadruplicar seus salários na China, disse Dave Ross, presidente da Wasinc International em Las Vegas. A Wasinc está recrutando para mais de 12 companhias continentais, como Chengdu Airlines, Qingdao Airlines e Ruili Airlines.

'Quase ilimitada'

"Quando perguntamos a uma empresa aérea, 'de quantos pilotos vocês precisam', a resposta é, 'Oh, podemos absorver todos os que você trouxer'", disse Ross. A demanda "é quase ilimitada".

Porta-vozes da Qingdao e da Sichuan preferiram não comentar. Um porta-voz da Chengdu Airlines não respondeu a perguntas enviadas por fax, conforme solicitado por ele.

Os pilotos recrutados que preferem morar fora da China ganham um pouco menos, mas têm voos gratuitos para poderem visitar suas famílias. Também são negociados bônus contratuais, pagamento de horas extras e pagamentos por cumprimento de contrato. No início deste ano, Ross viu o contracheque mensal de um piloto que ele recrutou para a Beijing Capital Airlines: US$ 80 mil.

Está havendo um boom de aviação na China, onde o número de empresas aéreas aumentou 28%, para 55, nos últimos cinco anos. A frota aumentou mais de três vezes em uma década, para 2.650, segundo o Civil Aviation Industry Statistics Report.

Os pilotos importados fazem mais do que resolver o problema de escassez: eles contribuem com décadas de experiência na cabine de comando. A taxa de acidentes da região do Pacífico asiático -- não apenas choques, mas também incidentes como avarias nos equipamentos de aterrissagem -- aumentou desde 2011, segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo.

"Eles me disseram: Iremos a qualquer lugar onde você achar 15 ou 20 pilotos que quiserem ter uma entrevista", disse Ross.

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