Bolsa e dólar sobem com dividendos da Petrobras e data para pacote
A Bolsa de Valores de São Paulo trabalha nesta sexta-feira (22) em elevação. O dólar voltou a subir.
Os investidores repercutem os dividendos da Petrobras (PETR3 e PETR4), que ajuda na alta da Bolsa, e o possível anúncio do pacote de corte de gastos na semana que vem. No câmbio, a situação internacional faz a moeda voltar a subir.
O que está acontecendo
Por volta de 15h, a Bolsa de Valores de São Paulo tinha alta de 1,23%. O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, valoriza para 128.483 pontos.
O dólar comercial tinha alta de 0,18%, vendido a R$ 5,822. O turismo era vendido em valorização de 0,18%, para R$ 6,049.
O anúncio do pacote de corte de gastos já tem data e deve ser divulgado na segunda (25) ou terça-feira (26).
Ao fim da reunião de segunda-feira nós estaremos prontos para divulgar. Se faremos isso na própria segunda ou na terça é uma decisão que a comunicação vai tomar, mas os atos já estão minutados
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad
O ministro afirmou na noite desta quinta-feira (21) que o governo federal será capaz de alcançar o resultado primário projetado para este ano. Portanto, não fará alterações na meta, sendo que o bloqueio de gastos para este ano deve superar R$ 5 bilhões.
Petrobras
Também na noite de ontem, a Petrobras aprovou o pagamento de dividendos extraordinários no valor de R$ 20 bilhões. Dividendos extraordinários são os proventos que a empresa paga além dos trimestrais que ela divide regularmente com os acionistas.
Os R$ 20 bilhões equivalem a R$ 1,55 por ação ordinária e preferencial da companhia. Desse montante, R$ 15,6 bilhões vêm da reserva de remuneração e capital da estatal, como dividendos intermediários, e os R$ 4,4 bilhões restantes têm relação com os chamados dividendos intercalares
Os dividendos da estatal também dão uma folga para as contas públicas. A União detém 28,67% do capital da empresa e receberá R$ 5,7 bilhões, que serão considerados como receita primária, divulgou a LCA Consultores.
A empresa anunciou que seu Plano Estratégico 2025-2029 terá investimento menor. Para 2025, o plano é de US$ 18,5 bilhões, queda de 11,9% ante os US$ 21 bilhões previstos para o período no último plano.
Para todo o período 2025-2029, a estatal estima investimentos de US$ 111 bilhões. No período anterior havia sido de US$ 102 bilhões, com planejamento até 2028. Ou seja, houve aumento de 8,8%.
O plano, em si, não é surpresa para o mercado. "Os principais detalhes foram confirmados anteriormente pela empresa, e acreditamos que a maioria das mudanças já eram esperadas pelo mercado", publicou o Goldman Sachs. O valor dos dividendos, segundo o banco, veio um pouco abaixo do que se esperava, mas ainda em linha com as expectativas.
No momento, as ações da petroleira tinham alta. Com peso de 11,86% no Ibovespa, os papéis da empresa ajudavam na recuperação do índice nesta sexta. PETR3 subia 6,30%, para R$ 43,68. PETR4 avançava 4,83%, a R$ 39,74.
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A moeda americana continua se valorizando no mundo todo com os investidores procurando aplicações mais seguras. O dólar e também o ouro sobem nesse cenário de tensão entre Rússia e Ucrânia. O ouro, por exemplo, passou de R$ 479 o grama na semana passada (15/11) para os atuais R$ 504.
No ano de 2024, o dólar tem valorização de 20,16%, segundo a Economatica. O Ibovespa, na contramão, tem perdas de 5,41% no mesmo intervalo.
Geralmente, quando a moeda americana se valoriza, o Ibovespa cai. Os anos de 2002 e 2009 são bons exemplos disso. Em 2002, o dólar subiu 52,27%, e o índice caiu 17,01%. Em 2009, a divisa internacional caiu 25,49% enquanto a Bolsa brasileira teve 82,66% de alta — a maior do mundo naquele ano. "Quando o dólar sobe, o Ibovespa em dólares pode cair, mesmo que o índice em reais se mantenha estável ou registre um leve aumento. Por outro lado, quando o dólar cai, há um impacto positivo sobre o índice em dólares, amplificando os ganhos em reais", diz Lucas Saqueto, economista da GO Associados.
Por que o câmbio influencia o Ibovespa?
A maior parte das empresas brasileiras da Bolsa têm receitas em real. Também têm custos e pagam impostos em real. As finanças, no geral, estão atreladas à moeda brasileira. Quando o dólar sobe e o real se desvaloriza, isso prejudica os rendimentos e as expectativas de rentabilidade dessas empresa, explica Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
Além disso, em momentos de aversão ao risco, durante guerras, por exemplo, o dólar é mais procurado e os investidores evitam Bolsas emergentes. Esses mercados, como o brasileiro, tendem a ter quedas e altas muito drásticas e por isso são considerados menos seguros, explica André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online. "Então, quando um sobe o outro desce, mas isso não é uma regra, apesar de ocorrer na maior parte dos dias", explica Vitor Agnello, analista educacional da CM Capital. "Outros fatores também influenciam essa relação, como o desempenho e o peso das empresas listadas, o fluxo de investimentos estrangeiros e o cenário econômico global. O câmbio é, sem dúvida, um elemento relevante, mas não atua de forma isolada", diz Saqueto.
Com Agência Estado
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