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Banqueiros ridicularizados por Trump agora abraçam seu reinado

Max Abelson e Dakin Campbell

22/11/2016 15h10

(Bloomberg) -- Após Donald Trump ter derrotado Hillary Clinton na disputa pela Casa Branca, o consultor de Wall Street Octavio Marenzi aprendeu muito sobre seus clientes.

"Eu vejo as pessoas sorrindo agora, clientes meus de quem eu nunca tinha visto os dentes", disse Marenzi, um dos fundadores da Opimas, que serve alguns dos maiores bancos dos EUA.

"Todos com quem eu converso estão felizes."

Durante a campanha, Trump frequentemente se referiu aos executivos do setor financeiro como criminosos movidos pela ganância. Poucos dias depois da vitória do candidato republicano, eles já estavam comemorando as benesses que viriam com Trump na presidência, de acordo com entrevistas com 12 executivos.

Wall Street não passou pelos tradicionais estágios do luto e começou a se preparar para o dinheiro a ser ganho se o presidente eleito cumprir promessas de desmantelar regulamentações financeiras, incentivar gastos em infraestrutura e agraciar a camada que reúne os 1 por cento mais ricos da população com enormes cortes de impostos.

A alta das ações dos bancos ajudou. Os papéis do Goldman Sachs Group dispararam 15 por cento na semana após a eleição e as ações do JPMorgan Chase não ficaram muito atrás.

'Tudo é bom para mim'

Alguns mudaram de ideia em menos de uma hora. Bill Brandt Jr., consultor de falências, amigo do casal Clinton e presidente da Development Specialists, conta que ficou devastado por cerca de 20 minutos. "E então segui em frente", ele disse. "Estou no negócio de reestruturação e vou pagar menos impostos. É duplamente bom", acrescentou. "Tudo é bom para mim."

Brandt está empolgado com o potencial afrouxamento da Lei Dodd-Frank, que poderia impulsionar os negócios dele por meio do aumento de risco, embora ele admita que isso pode abalar o sistema financeiro.

Trump declarou que vai desmantelar a lei de 2010, mas o próximo líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, disse no domingo que tem os 60 votos necessários para rejeitar essa proposta.

Durante a campanha, Trump criticava os banqueiros. "Não vou deixar Wall Street se safar de assassinato", ele disse durante um evento no Estado de Iowa em janeiro. "Wall Street causou problemas tremendos para nós."

Um anúncio veiculado na reta final da campanha mostrava o rosto do presidente do Goldman Sachs, Lloyd Blankfein, enquanto a voz de Trump ao fundo afirmava que uma máquina global corrupta de poder estava roubando os EUA.

Mas na sexta-feira logo após a eleição, a equipe de transição de Trump já incluía veteranos do Goldman Sachs como Steven Mnuchin (responsável pelas finanças da campanha e mais cotado para o cargo de secretário do Tesouro), o gestor de fundos Anthony Scaramucci e Stephen Bannon (estrategista-chefe de Trump).

"Os excessos regulatórios provavelmente já tiveram seu auge", disse Robert McTamaney, que foi sócio do Goldman Sachs e ajudava a comandar a divisão de negociação de ações do banco na Ásia até 2011 e atualmente é gestor do próprio patrimônio. "A poeira vai baixar e provavelmente será possível reduzir as equipes jurídica e de compliance."

Porém, nem tudo em Wall Street é alegria e não só por causa da possibilidade de esvaziamento dos impulsos de curto prazo obtidos por meio de desregulamentação, cortes de impostos e juros mais altos. Trump também prometeu reverter políticas de imigração de longa data e acordos comerciais que beneficiaram a economia. Os comentários dele sobre muçulmanos e outros grupos ofenderam muitos banqueiros.