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Grandes bancos dos EUA declaram guerra ao Venmo

Ben Steverman

23/02/2017 13h02

(Bloomberg) -- Durante anos, bancos viram seus clientes mais jovens rachar a conta do restaurante, compartilhar as despesas de serviços públicos e fazer vaquinhas para festas com aplicativos de pagamento de terceiros como Venmo. Agora, eles tentarão recuperar o negócio de pagamentos entre pessoas lançando um aplicativo próprio.

Dezenove bancos, entre eles Bank of America, Citigroup, JPMorgan Chase e Wells Fargo, se juntaram para criar Zelle, um site e aplicativo que permitirá aos usuários enviar e solicitar dinheiro, como o Venmo. O Bank of America afirma ser o primeiro a incorporar todas os recursos do Zelle - incluindo a capacidade de dividir contas entre usuários - a seu próprio aplicativo para dispositivos móveis, a partir de ontem. Um aplicativo autônomo de pagamentos Zelle deveria estar à disposição de qualquer titular de cartão de débito, independentemente do banco da pessoa, por volta do meio do ano.

Zelle enfrenta uma concorrência acirrada do Venmo e de sua controladora, a PayPal Holdings. Venmo, criado em 2009, processou US$ 17,6 bilhões em transações no ano passado, um incremento de 135 por cento em relação ao ano anterior. A gíria "fazer um Venmo" significa mandar dinheiro a amigos e familiares ou receber dinheiro deles. Essa é uma vantagem enorme, disse Michael Moeser, diretor de pagamentos da Javelin Strategy & Research. Caso lhe ofereçam outra opção, "um usuário fã de Venmo vai perguntar: 'Por que eu precisaria de outra coisa?'", disse ele.

Arma não tão secreta

A arma não tão secreta de Zelle é sua conexão com os grandes bancos onde milhões de americanos guardam seu dinheiro. Se você utilizar o aplicativo do BofA pela rede do Zelle para pedir US$ 40 a um companheiro de quarto, o dinheiro cai na conta minutos depois de ele ter aceitado mandar. Com o Venmo, esses US$ 40 teriam aparecido imediatamente em sua carteira do Venmo, mas depois eles ficariam lá. Para ter o dinheiro na mão, seria preciso entrar na conta do Venmo, sacar o saldo e esperar - às vezes dias - para que o dinheiro entre em sua conta bancária.

Para lançar o novo aplicativo sem perturbar os sistemas antigos, Zelle será lançado em etapas. Na primeira, atualmente em andamento, aplicativos de pagamento dos bancos vão incorporar as opções e o design básico sem colocar a marca Zelle. Os bancos poderão acrescentar esses recursos quando estiverem prontos. Depois, aplicativos bancários promoverão a marca Zelle e, em algum momento do primeiro semestre deste ano, um aplicativo independente será lançado.

A falta de uma oportunidade óbvia de gerar receita pode ter sido um dos motivos pelos quais os bancos demoraram tanto em lançar um concorrente sério para o Venmo. Moeser resumiu a atitude dos bancos até recentemente: "Realmente me importo com dois jovens de 18 anos que mandam US$ 20 para o outro? Talvez não".

Ambições

Mas as pessoas que estão elaborando o Zelle insinuam que sua meta é muito maior do que simplesmente ajudar estudantes universitários a rachar uma pizza.

"Este é um momento excelente para passar [os pagamentos entre pessoas] dos jovens a um público massivo", disse Lou Anne Alexander, presidente do grupo para pagamentos da Early Warning, a empresa que criou Zelle. O uso de aplicativos de serviços bancários para dispositivos móveis está se expandindo exponencialmente, o que cria muito mais oportunidades para que pessoas de todas as idades mandem e solicitem dinheiro. "Onde houver cheques e dinheiro em espécie, esse é nosso alvo", disse ela.

Qualquer coisa que fomente o uso de pagamentos digitais é boa para o Venmo, disse John Criscoe, porta-voz da PayPal Holdings. "O inimigo comum é o dinheiro em espécie."