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Não há nada que comprometa o governo, diz líder do PT no Senado

25/11/2015 14h16


Após reunião da bancada, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), foi cauteloso e mostrou distanciamento em relação à prisão do líder do governo, Delcídio Amaral, (PT-MS) ocorrida nesta quarta-feira em mais um desdobramento da operação Lava-Jato. Não foi declarado apoio ao correligionário.

"E é importante registrar também que não há, em nada que foi dito até agora, qualquer tipo de envolvimento ou participação do governo. Isso é importante dizer. E finalmente entendemos também que esse fato, o mais grave que seja, não deve contaminar a atividade legislativa do Congresso brasileiro porque nós temos temas gravíssimos da importância e do interesse do país e devemos fazer com que eles continuem andando", afirmou Costa.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), convocou uma reunião com os líderes partidários da Casa. O petista informou que vai se manifestar apenas depois desse encontro.

"Sem dúvida é um momento muito difícil e é difícil até de a gente se manifestar. [...] Vamos analisar os fatos para, de fato, termos uma posição clara, transparente e ao mesmo tempo que dê à nação a resposta", comentou. "Não há nenhum fato patrocinado pelo governo" envolvendo a prisão, respondeu após ser questionado sobre os impactos no Executivo, já que Delcídio era a interlocução do Palácio do Planalto no Senado.

A reunião de emergência da bancada de senadores do PT era para definir posicionamento em relação à prisão de Delcídio, preso pela Polícia Federal, em operação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) depois que o Ministério Público Federal apresentou evidências de que ele tentava atrapalhar as investigações da operação Lava-Jato.

"Na verdade todos nós, todos os senadores estão impactados com esse fato, com os eventos acontecidos. E, naturalmente, que nós vamos conversar agora para ter conhecimento de tudo que aconteceu. Não temos nada além daquilo que foi divulgado pela imprensa. Vamos avaliar as informações oficiais que devem estar chegando do STF agora", afirmou.

Cautela

Parlamentares e dirigentes petistas adotaram tom cauteloso em relação à prisão de Delcídio. Reunidos na manhã desta quarta-feira na liderança do PT na Câmara, um grupo de deputados avaliou que a situação era grave, jogava de novo o partido no centro do escândalo, quando o foco tinha se deslocado para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e que podia representar ameaça ao Estado de Direito - parlamentares só podem ser presos em casos de flagrante.

Ainda sem informações precisas sobre o caso, as principais lideranças petistas evitaram comentar. Os líderes do PT, Sibá Machado (AC), e do governo, José Guimarães (PT-CE), não quiseram se manifestar.

O deputado Elvino Bohn Gass (RS), vice-líder do PT e que participou da reunião de manhã, afirmou que é preciso aguardar a apresentação das provas. "É óbvio que está em curso no país uma seletização em relação às investigações da Lava-Jato com o intuito de atingir o PT. Ninguém é bobo de não ver isso", disse. Mas, como Delcídio é senador, afirmou, é necessário esperar a argumentação que será encaminhada para o Senado para ver se há provas suficientes do crime.

José Guimarães passou a manhã em contatos com outros líderes para sondar sobre a possibilidade de uma resposta efetiva à prisão de um parlamentar federal, apurou o Valor. O grupo também aguarda a apresentação de todas as provas. Uma das questões levantadas é se a gravação em que Delcídio aparece negociando para salvar o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró teria sido legal.

O ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, um dos principais líderes do PT, escreveu no Twitter que o partido precisa ter cautela. "[A prisão de um senador] É decisão muito grave, que não deve ser tratada com precipitação ou comparada a qualquer medida anterior, que tenha sido feita contra o PT. Sugiro à direção do PT que, antes de falar, veja as provas para definir-se. Ninguém tomaria decisão como essa sem um mínimo de elementos", afirmou.