Dilma ironiza crise e diz que Grécia não pode vender ilhas para pagar dívida
A presidente Dilma Rousseff defendeu nesta quinta-feira (22) uma redução da dívida grega e a abertura de uma linha de financiamento para a Grécia, país gravemente afetado pela crise financeira.
Dilma defende linha de financiamento para a Grécia
“Há que decidir o que se faz, em relação à Grécia. Ninguém aqui acredita que um pacote de US$ 8 bilhões resolva o problema”, disse, referindo-se à possível liberação de US$ 8 bilhões que a zona do euro decidirá no mês que vem se concede ao governo grego, como parte de um pacote de US$ 110 bilhões aprovado no ano passado.
“Você tem que buscar a solução que seja politicamente consistente com o problema”, disse a presidente, em entrevista coletiva concedida em Nova York, Estados Unidos. “Eu não acredito numa saída para a Grécia que simplesmente obrigue a Grécia sistematicamente a fazer cortes de 20%, a cortar todo o seu funcionalismo público, vender o Parthenon. Além de vender o Parthenon, o que mais ela pode vender? As ilhas gregas? Eu não acho que essa solução seja correta”.
“Acho que seria correto uma linha de financiamento para a Grécia, a redução da dívida grega, uma discussão séria entre os países de como é que a Grécia se resolverá, dentro da União Europeia. Eu não posso te convidar para uma festa de debutante e não deixar você comer o bolo”, acrescentou.
Dilma Rousseff voltou a afirmar que o Brasil está disposto a colaborar com a busca de uma solução para a crise financeira com “recursos políticos”. “Nós estamos prontos a dar a nossa contribuição, desde que ela seja uma contribuição que faça parte de um processo de solução do problema macroeconômico”.
“O governo brasileiro não acha que nós solucionaremos o problema europeu, por exemplo, colocando dinheiro das nossas reservas no Fundo de Estabilização, porque não é este o problema. Nós faremos qualquer medida que o mundo reparta entre si, desde que fique claro qual é o caminho que querem adotar. Nós não achamos que a questão – vou repetir – é falta de dinheiro. Nós achamos que a questão é falta de recursos políticos”.
E alertou mais uma vez que não se pode sair da crise produzindo recessão. “Eu disse ontem que não é possível mais dar respostas antigas e velhas e ultrapassadas, e que é importante procurar respostas novas para problemas novos. Eu não acredito, de maneira alguma, que se saia da crise produzindo recessão”, disse.
“Quando você reduz o crescimento, você reduz a capacidade da economia pagar suas dúvidas. Assim sendo, você aumenta o déficit. Assim sendo, você exige mais restrição. Assim sendo, você aumenta a dívida, aumenta o déficit e exige mais recessão. Essa é a típica espiral recessiva em que está imersa a Grécia”, exemplificou.
Os temas econômicos dominaram a entrevista da presidente em Nova York, onde ela encerrou nesta quinta uma extensa agenda de encontros bilaterais e fez o discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas).
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