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"Lives": as novas conexões de um consumidor que não será mais o mesmo

Roberto Carlos em sua live com transmissão no Youtube - Reprodução/Youtube
Roberto Carlos em sua live com transmissão no Youtube Imagem: Reprodução/Youtube

22/04/2020 04h00

O consumo não será igual ao que era antes deste período de quarentena. Tampouco será repleto de restrições como estamos vivendo agora. Mas, certamente, haverá uma drástica transformação no estilo de vida, o que vai se refletir na forma de consumir da maior parte das pessoas.

Se o estilo de vida muda, o consumo se transforma, a publicidade assume uma nova face e até a moda se ressignifica. Um dos indicativos de que novos modos de ser e de consumir estão emergindo em meio à quarentena são as lives, apresentações ao vivo de artistas e cantores, que tomaram conta do nosso cotidiano, tornando-se pauta para muitos debates e polêmicas, ganhando ampla repercussão em todos os canais.

Nas últimas semanas, vários artistas alcançaram números de audiência respeitáveis em shows transmitidos ao vivo pela internet. A live da cantora Marília Mendonça bateu recorde de público, com cerca de 3,2 milhões de espectadores simultâneos. A dupla Jorge e Mateus registrou 3,1 milhões de views. E o rei, Roberto Carlos, comemorou seu aniversário, neste último domingo, com uma até então impensável live que atraiu cerca de 1,3 milhão de pessoas.

Somos animais sociais. Precisamos nos conectar uns aos outros e encontrar válvulas de escape para o medo do desconhecido e para o estresse imposto pelo confinamento. E o que pode funcionar tão bem quanto se conectar aos ídolos, em tempo real, e ser convidado a entrar em suas casas e em sua intimidade?

Lives: ganha-ganha num momento de intimidade e conexão

As lives oferecem isso: entretenimento, intimidade e conexão. E, por isso, se tornaram fenômenos culturais. Que podem ter alcance global. O melhor exemplo aconteceu neste final de semana, com a transmissão do Festival One World, que reuniu as maiores lendas do pop, como Lady Gaga, Paul McCartney, Elton John e os Rolling Stones, entre outros.

Onde houver audiência, haverá publicidade. Não por acaso marcas como Brahma, Rappi e Magalu patrocinaram a transmissão de algumas das maiores lives já feitas no Brasil. Sob a perspectiva do marketing, é uma grande oportunidade para todos ganharem pontos com um consumidor que passa por um momento de grande adversidade.

Quando tudo dá certo, é um jogo de ganha-ganha. O indivíduo ganha horas de entretenimento, sem precisar gastar ou sair de casa. Os artistas se conectam a seus públicos e atraem patrocínios e as marcas se expõem e se aproximam de milhares de consumidores em potencial.

A reinvenção do consumo

As lives são apenas um exemplo de reinvenção do consumo. Outros aparecerão, provocados pelas mudanças no estilo de vida. O home office ainda era visto com muita desconfiança por várias empresas, que temiam a queda de produtividade de seus funcionários. Será que elas continuarão a pensar assim após o final do período de isolamento?

A classe média alta estava acostumada a delegar as tarefas de casa a empregados domésticos. Por causa da covid-19, se viu obrigada a limpar, lavar e cuidar da casa. Com o fim da crise, algo mudará? Os empregados domésticos serão obsoletos ou mais valorizados?

As redes sociais exibem, aos milhares, pratos lindos e saborosos feitos por pessoas que até um tempo atrás sequer entravam na cozinha. Em muitas famílias, pais e filhos estão mais unidos do que nunca.

Qualquer transformação no comportamento do consumidor trará oportunidades para diversos mercados e desafios para outros. Resta saber como as empresas se comportarão nesse novo cenário —mudando criativamente suas estratégias de marketing ou rezando (em vão) para que tudo volte a ser como era antes.

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