Embaixada da China rebate 'rumores infundados' que circulam na pandemia
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Um documento divulgado nesta quarta-feira pela Embaixada da China no Brasil rebate 12 rumores considerados mais comuns que associam o país asiático ao coronavírus. Segundo a diplomacia chinesa, a explicação se deve ao fato de que relatórios e debates sobre a origem e disseminação do novo coronavírus são frequentemente misturados com alegações falsas. "A China foi particularmente afetada por essa 'epidemia da má informação'", justificam.
No mês passado, o filho do presidente Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro escreveu no Twitter que o governo chinês estava escondendo informações sobre a Covid-19.
"Nas redes sociais e em algumas mídias tradicionais, mentiras, rumores e teorias da conspiração são muito populares. Seus veiculadores têm motivos próprios, alguns pretendem difamar oponentes políticos e institucionais e outros até acusam países, nações e religiões específicas", alega a embaixada no documento.
O primeiro rumor desmentido é de que o novo coronavírus foi criado em um laboratório chinês. Segundo a embaixada, todas as evidências indicam que o novo coronavírus se origina da natureza. "A OMS (Organização Mundial da Saúde) observa que todas as evidências disponíveis indicam que o novo coronavírus se originou na natureza, não artificialmente. Atualmente, a comunidade científica não esclareceu a fonte natural específica deste patôgeno e especula apenas que possa estar associado a morcegos e pangolins", diz o documento.
O outro rumor também relaciona o vírus a um acidente de laboratório no instituto de investigação de virologia de Wuhan. A embaixada alega que o instituto de investigação de virologia de Wuhan não tem nada a ver com a origem da Covid-19.
"O Laboratório Nacional de Biossegurança do Instituto Wuhan de Virologia, subordinado à Academia Chinesa de Ciências, possui um nível certificado de proteção P4 e pode lidar com os patógenos mais mortais do mundo. O laboratório fica a cerca de 30 quilômetros do centro de Wuhan e é impossível para o vírus deixar um laboratório de tão alta segurança".
Até mesmo a informação de que novo coronavírus é chinês porque se originou em Wuhan é contestada no documento. Para os chineses o fato de Wuhan ter sido o primeiro lugar onde foram registrados casos do vírus não significa necessariamente que a cidade é a sua origem.
"Historicamente, o local onde um vírus é descoberto pela primeira vez, geralmente não é a fonte. Os Estados Unidos relataram inicialmente casos de infecção por HIV, mas sua origem mais provável é a África Ocidental; Vírus Marburg, descoberta pela primeira vez em Marburg, Hesse, Alemanha. Este vírus provavelmente se originou em Uganda", exemplificou o documento.
O quarto rumor que é rebatido pela Embaixada é de que a China foi informada do início do surto em novembro e ocultou informações relevantes durante 45 dias. "As instituições oficiais da China receberam pela primeira vez informações sobre um caso de pneumonia atípica em 27 de dezembro de 2019 e publicaram seu primeiro aviso de epidemia em 31 de dezembro de 2019".
O quinto tópico que a embaixada destaca é de que o país asiático teria ocultado a verdade sobre a Covid antes de se tornar uma pandemia global. "A China notificou tão cedo quanto possível o público nacional e global sobre a epidemia e tomou as mais rigorosas medidas de prevenção e controle, dando ao resto do mundo pelo menos seis semanas de avanço para se preparar. A OMS confirmou o cronograma anterior no seu portal oficial da web a 8 de abril", justificam.
Os chineses rechaçam ainda a suposição de que o país teria reportado com inexatidão o número de casos diagnosticados e mortes por Covid-19. Segundo a embaixada, a "China sempre foi transparente no diagnóstico e no número de mortes por Covid-19 e cumpriu suas obrigações de informar".
"Em 20 de abril de 2020, o número acumulado de casos de Covid-19 contabilizados em Wuhan era de 50.333, com 3.869 mortes e uma taxa de mortalidade de 7,69%, acima da média mundial", dizem.
Ontem, o Brasil ultrapassou a China em número de mortes e o presidente Jair Bolsonaro polemizou ao responder "E dai?" e afirmar que não fazia milagres.
O sétimo rumor apontado pela Embaixada é de que a China teria manipulado a OMS para assegurar que o órgão não direcionasse críticas ao país. "A OMS é uma organização internacional independente composta por 194 membros da Organização das Nações Unidas e não pode ser manipulada", rebatem os chineses.
O oitavo ponto que os chineses rebatem é a argumentação de que a China é responsável pela pandemia e teria de compensar o mundo. "Os vírus são um inimigo comum da humanidade e a China, tal como os outros países, é também uma vítima. Não há base legal para exigir uma "compensação" à China", destaca o documento.
O nono rumor é de que a China estaria ajudando outros países a combater a epidemia, apenas para expandir a sua influência geopolítica. "O vírus não conhece fronteiras e nada tem a ver com a cor de pele ou idioma. A ajuda da China a outros países na luta contra a epidemia provém, não só do espírito humanitário internacional, mas também da crença em uma comunidade de destino comum para a humanidade", rebate a embaixada.
Os chineses também rebatem a afirmação de que os produtos médicos importados da China são contrafeitos e de qualidade duvidosa e diz que "leva a cabo inspeções rigorosas de qualidade nos produtos médicos exportados". Segundo a embaixada, parte do problema deriva do uso impróprio ou da diferença de regulamentações entre a China e o resto do mundo.
Economia
O documento destaca ainda que como rumor falso de que a China teria criado o novo coronavírus para paralisar a economia ocidental. Na argumentação da embaixada, essa situação não haveria sentido já que economia chinesa está intrinsecamente ligada à economia mundial. "A economia chinesa só pode ser bem sucedida se a economia do resto do mundo operar dentro da normalidade".
Além disso, o documento destaca que a economia chinesa "foi profundamente afetada pela epidemia do novo coronavírus". No primeiro trimestre do ano, o PIB chinês caiu em 6,8%, o valor mais baixo desde que a China começou a contabilizar o PIB, em 1992. A última vez que a China experienciou uma contração econômica desta magnitude data de 1976.
Por fim, os chineses desmentem que tenham reaberto os seus mercados de animais selvagens. "Não existem neste momento mercados de animais selvagens na China. A legislação do país proíbe a caça, comércio, transporte e consumo de animais selvagens", diz o texto. "O que reabriu foi o mercado tradicional dos agricultores de Wuhan, o qual vende legumes, frutas, marisco e carnes, sendo que segue rigorosamente os regulamentos sanitários relevantes e cujas características não se distinguem dos homólogos europeus", finaliza.
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