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Carla Araújo

Maia vai ao Planalto, diz que busca união e dá cotovelo para Bolsonaro

e Luciana Amaral, do UOL, em Brasília

14/05/2020 17h08Atualizada em 14/05/2020 18h35

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O esperado encontro entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que protagonizaram desentendimentos públicos nos últimos tempos aconteceu nesta quinta-feira (14), graças ao intermédio de ministros militares. Depois da reunião, o presidente disse que ambos voltaram a "namorar".

"Voltamos a namorar. Está tudo bem com Rodrigo Maia", disse Bolsonaro a jornalistas na rampa do palácio do Planalto nesta tarde.

Hoje mais cedo, o presidente havia afirmado que Maia parece querer "afundar a economia" com interesses políticos por ter nomeado o deputado Orlando Silva (PCdoB), da oposição ao governo, para ser o relator de uma medida provisória que reduz salários e jornadas de trabalho durante a pandemia do coronavírus.

Questionado por jornalistas sobre a declaração, Maia não quis responder sobre o tema diretamente e minimizou a crise com Bolsonaro. "Devemos encontrar os pontos que nos unem", disse.

"Conversamos sobre o momento, sobre como é que cada vem enxergando esta crise. Nós sabemos qual é a posição do presidente, hoje mesmo ele falou. Eu tenho a minha posição. Ele sabe qual é. O que eu disse a ele é que deveríamos encontrar os pontos que nos unem", declarou Maia.

Aos responder à pergunta sobre o que o faz crer que o relacionamento entre os dois vai mudar após a visita de hoje, Maia disse não saber, mas ser importante tentar manter um diálogo.

Segundo Maia, ele foi convidado a ir ao Planalto pelos ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Walter Braga Netto (Casa Civil) para que conhecesse as instalações do gabinete de crise de combate à pandemia do coronavírus. Inicialmente, a visita não estava prevista na agenda de Maia.

Quando no palácio, Ramos falou a Bolsonaro que ele deveria acompanhar parte da visita e chamar Maia para um café no gabinete presidencial, de acordo com o presidente da Câmara.

Diante das divergências públicas, o próprio Maia reconheceu que demorou a aceitar o convite e manteve um diálogo com o Planalto mais discreto por meio de telefonemas e mensagens. Como mostrou a reportagem, o presidente da Câmara encontrou uma ponte justamente em Ramos e Braga Netto.

O UOL apurou que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), também foi convidado para ir ao Planalto, mas recusou o convite sob a justificativa de que era melhor Bolsonaro e Maia conversarem a sós. Alcolumbre mantém uma melhor relação com o presidente da República do que Maia e quer evitar se colocar nas brigas dos dois.

Enquanto Maia fazia a visita no Planalto, Alcolumbre estava na Residência Oficial do Senado, onde mora em Brasília. A sessão do Senado prevista para hoje à tarde foi cancelada para mais tempo de discussão dos projetos a serem votados, segundo a assessoria da Presidência da Casa.

Sem aperto de mãos

De acordo com um vídeo enviado à coluna, sem máscara, Bolsonaro recebeu Maia fora do gabinete e tentou cumprimentá-lo. Mas o presidente da Câmara, que estava com a proteção indicada e exigida por lei em Brasília, preferiu dar o cotovelo a Bolsonaro, que o abraçou.

Sorridente, Bolsonaro tirou fotos com Maia antes de seguirem para o gabinete presidencial. O encontro foi acompanhado pelos ministros Ramos e Braga Netto, além de outros auxiliares.

Além de dar coletivas na entrada e saída do Palácio da Alvorada, nesta semana o presidente saiu pelo menos duas vezes durante o expediente para posar para fotos e acabou conversando com jornalistas.

Enem

Maia falou que o encontro com Bolsonaro durou cerca de 30 minutos e aproveitou a oportunidade para falar sobre o pedido de deputados federais de se adiar o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), marcado para novembro.

Em reunião com parlamentares, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse que o calendário está mantido, por enquanto. Os deputados agora ameaçam votar projeto suspendendo o edital do Enem 2020.

Bolsonaro ficou de dar resposta, informou Maia, que acrescentou ser melhor uma decisão com diálogo do que uma atitude que o Congresso vai impor ao governo.