Rival chinesa da Starlink fecha acordo para atuar no Brasil
Por Eduardo Baptista
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A empresa chinesa de satélites em órbita baixa, a SpaceSail, que busca desafiar a Starlink de Elon Musk, assinou um acordo para entrar no mercado brasileiro, informou a empresa nesta quarta-feira, durante a visita de Estado do presidente chinês Xi Jinping a Brasília.
A SpaceSail assinou um memorando com a estatal brasileira de telecomunicações Telebras para fornecer serviços de comunicações via satélite e internet de banda larga ao país.
O acordo é um dos muitos firmados durante as reuniões de Xi com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na residência presidencial, após a cúpula do G20 realizada no Rio de Janeiro nesta semana.
Satélites em órbita baixa geralmente operam a altitudes entre 300 km e 2 mil km acima da superfície da Terra, com a vantagem de serem mais baratos e oferecerem transmissão mais eficiente do que satélites em órbitas mais altas.
A Starlink, da SpaceX, é uma crescente constelação comercial de banda larga com mais de 6 mil satélites em operação, sendo usada por consumidores, empresas e agências governamentais.
O acordo, que marca o início das operações internacionais da SpaceSail, surge pouco depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) congelar temporariamente as contas bancárias da Starlink no país.
A medida foi tomada para forçar o bilionário Elon Musk a pagar multas em uma disputa entre o tribunal e a plataforma de mídia social X, também de propriedade de Musk.
"O que estamos trabalhando é para que a sociedade brasileira tenha opções de mais de uma empresa oferecendo um serviço que hoje é essencial e fundamental para a população, especialmente em áreas remotas", disse o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, à CNN Brasil.
Atualmente, a China possui 1.059 satélites em órbita, 492 dos quais são comerciais, segundo a agência estatal de notícias Xinhua.
Empresas chinesas, privadas e estatais, incluindo fabricantes de armas, começaram a lançar dezenas de satélites de órbita baixa, prometendo alcançar a Starlink por meio da criação de megaconstelações de milhares de satélites.
"Os serviços de comunicação via satélite fornecidos pela SpaceSail para o Brasil serão realizados com base na Constelação Mil Velas, uma gigantesca constelação de satélites de baixa órbita que adota um design de banda completa, multi-camadas e multi-órbitas", afirmou a SpaceSail em comunicado.
Pesquisadores chineses do Exército de Libertação Popular, nos últimos dois anos, estudaram o uso da Starlink na guerra na Ucrânia e alertaram sobre os riscos que ele pode representar para a China caso o país se envolva em um conflito armado com os Estados Unidos.
Entre os clientes da Starlink no Brasil estão as Forças Armadas.
(Reportagem de Eduardo Baptista no Rio de Janeiro, Yukun Zhang e Ethan Wang em Pequim)
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