Bolsonaro quebra silêncio, defende Pazuello e acredita falar pelo Exército
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Sem tratar diretamente da crise aberta entre militares e o ministro do STF, Gilmar Mendes, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quebrou o silêncio nesta quarta-feira ao defender a biografia do general Eduardo Pazuello, que está interinamente há dois meses no comando do Ministério da Saúde, em meio a pandemia do coronavírus, que já matou mais de 73 mil brasileiros.
A manifestação do presidente acontece ao mesmo tempo em que não para de crescer a pressão para que Pazuello deixe o Exército e peça para ir à reserva. Ou então, que seja substituído caso queira continuar a ostentar a farda.
"Pazuello é um predestinado, nos momentos difíceis sempre está no lugar certo para melhor servir a sua Pátria", escreveu o presidente. "O nosso Exército se orgulha desse nobre soldado", completou Bolsonaro.
O Exército pode se orgulhar de Pazuello, mas não quer ele na ativa e no governo.
"Enquanto era algo transitório, temporário, para que ele pudesse cumprir uma missão até dava para se manter. Agora, no momento que a sua permanência se prolonga, o lógico é que ele peça a reserva", disse um general da ativa, com trânsito no Alto Comando.
No Palácio do Planalto também é consenso de que a situação amplia o desgaste para as Forças Armadas. Ministro palacianos — todos de origem militar — defendem que é preciso separar cargos políticos das Forças Armadas. A pressão vinda da caserna fez inclusive com que Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral) antecipasse sua aposentadoria da farda no início do mês.
Na mensagem postada nesta quarta-feira, o presidente lembrou que Pazuello é formado na Academia Militar das Agulhas Negras, na arma de Intendência, "possuindo mais de 40 anos de experiência em logística e administração".
O presidente diz ainda que "quis o destino" que o Pazuello assumisse a interinidade da Saúde em maio último. "Com 5.500 servidores no Ministério o Gen levou consigo apenas 15 militares para a pasta. Grupo esse que já o acompanhava desde antes das Olimpíadas do Rio".
Acontece que não é o destino que decide o comando da pasta da Saúde. É o presidente.
Ontem, em entrevista à Globo News, o vice-presidente Mourão externou um sentimento que é comum entre militares - principalmente aos da ativa que não fazem parte do governo - o presidente fez uma breve carreira militar. Encerrou sua contribuição às Forças Armadas como Capitão e depois foi por mais de duas décadas político.
"Ele é mais político do que militar e os militares que quiserem continuar a fazer parte do governo precisam tomar essa decisão", disse um general, exaltando o mantra repetido diariamente nos quartéis: Exército é uma instituição de estado e não de um governo.
Diante disso, apesar do apoio explícito do presidente, é improvável que a situação de Pazuello não tenha algum tipo de desfecho. Seja deixar a farda e assumir o comando da Saúde de fato. Ou avisar ao presidente que cumpriu a missão e passar o bastão para um sucessor.
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