Pazuello some do debate da vacina e Bolsonaro infla a guerra de versões
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Nesta semana, o jornal Folha de S.Paulo mostrou que o ministro da Educação, Milton Ribeiro, tornou-se uma peça decorativa. Se o presidente Jair Bolsonaro admite mais de quatro meses sem uma política estruturada para a Educação do país, o que ele está escolhendo deixar para Saúde?
O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, que vinha sendo apoiado pelos secretários estaduais chegou a anunciar, em uma reunião com imagens públicas, que o governo compraria 46 milhões de doses da vacina e que a imunização produzida pelo Butatan seria "a vacina do Brasil".
Foi desautorizado. Bolsonaro disse que não compraria a "vacina de Doria". No dia seguinte, o ministro foi diagnosticado com coronavírus. Obeso e hipertenso, Pazuello realizou o tratamento, que não teve muita transparência, do início ao fim no Hospital das Forças Armadas (HFA).
Oficialmente, o ministro voltou a trabalhar nesta semana. Ontem e hoje, porém, despachou ainda no Hotel de Trânsito de Oficias, onde mora em Brasília. Não teve agenda pública e nada falou publicamente a respeito da polêmica que envolveu a suspensão, por parte da Anvisa, dos estudos da CoronaVac.
Um general, que não faz parte do governo, mas conhece Pazuello, falou à coluna, sob anonimato, que o ministro da saúde estaria "envergonhado". "Parte expressiva do generalato, incluindo o General Mourão, são da tese que ele deveria sair do Governo", disse.
"Um manda o outro obedece"
A justificativa oficial para o silêncio de Pazuello é que "a competência de validar vacinas é exclusiva da Anvisa, que é uma agência reguladora e tem independência".
Nos bastidores, há quem reconheça que o ministro da saúde —que ainda é general da ativa— sucumbiu aos poderes do chefe do Executivo e não quer mais se meter nesta confusão. Não é preciso ir longe para esquecer que, após desautorizado, doente, ele recebeu o presidente em sua casa e admitiu: "um manda e outro obedece".
De fato, ele não tem poder sobre a Anvisa, mas um ministro da Saúde deveria ter voz, deveria no mínimo ser uma espécie de moderador, já que os militares deste governo adoram se colocar desta forma. Ou ao menos auxiliar o presidente com uma política mais eficiente e clara de combate à doença.
Sem vencedor
O presidente da Anvisa, almirante Antonio Barras Torres, também é de origem militar. Hoje tentou dar explicações sobre toda a polêmica e afirmou que a decisão da Anvisa de suspender os estudos "foi técnica" e não houve influência política.
Alegou ainda que recebeu do Butantan, laboratório do estado de São Paulo, dados "incompletos" e "insuficientes" sobre o "evento adverso" que levou à suspensão da vacina.
Horas depois, o Butantan negou a afirmação da Anvisa e disse que informou à agência, no dia 6 de novembro, sobre o óbito de um voluntário e que a morte não tinha relação com a vacina desenvolvida em parceria com o laboratório chinês Sinovac.
Mais uma guerra de versões. Em meio a uma pandemia.
Bolsonaro evidenciou mais uma vez que está disposto a politizar a questão da vacina. Em cerimônia no Planalto, prédio oficial do Poder Executivo do país, disse que o Brasil tem que deixar de ser um "país de maricas".
Falou em vitória em relação ao governador João Doria, sem se dar conta que por trás da morte de um brasileiro há uma família. Que chora a morte de um ente querido, esse sim que fazia um trabalho voluntário pela ciência e pelo país.
Não há vitórias, presidente. O único "vencedor" da situação atual é o coronavírus, que já matou mais de 160 mil brasileiros.
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