Bolsonaro inverte prioridades ao zerar imposto de armas e contradiz Guedes
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O ministro Paulo Guedes (Economia) repete que tem planos "para o Brasil surpreender o mundo", mas assiste ao presidente comemorar nas redes sociais a redução da alíquota de revólveres e pistolas e, com isso, contrariar o seu discurso de não favorecer um único setor.
Nesta quarta-feira mesmo, Guedes afirmou em um evento para estrangeiros que o governo anunciará antes do fim do ano uma redução de subsídios "de forma generalizada". Agora, Bolsonaro escolhe privilegiar um único setor que agrada seu eleitorado.
'Em família'
Além de o armamento ser uma pauta defendida por ele mesmo, Bolsonaro contempla um segmento amplamente defendido pelo "zero três", o deputado Eduardo Bolsonaro. "Mais liberdade de escolha para assegurar legítima defesa e a prática do desporto", escreveu o deputado ao comentar a medida.
Não é a primeira vez que o Bolsonaro resolve usar sua "caneta bic" para tomar decisões que agradam diretamente os seus filhos.
Em outubro, no auge das discussões na Economia para que se tentasse encontrar uma solução para o programa de renda que pode ajudar milhares de brasileiros, o presidente agradou o "zero quatro" e reduziu o IPI de videogames.
Xadrez comercial
No Ministério da Economia, a decisão de zerar a alíquota de importação de armas até encontra algumas justificativas, como trabalhar por uma maior abertura comercial. A agenda de Guedes contempla esse tipo de medida.
Procurada para comentar o impacto estimado na arrecadação, a pasta afirmou que o imposto de importação "tem caráter extrafiscal, ou seja, não tem função arrecadatória". "Portanto, entendemos não ser necessária a análise do impacto arrecadatório no momento da majoração ou redução desse imposto", disse a assessoria.
Auxiliares de Guedes lembram que, durante a pandemia, mais de 500 produtos para ajudar no combate a Covid tiveram os impostos de importação zerados.
Apesar disso, a decisão de contemplar hoje apenas o setor de armas, admitem, é política e não econômica.
Fora de timing
As decisões destacadas por Bolsonaro nesta semana reforçam ainda mais a imagem de que o governo atua com uma inversão de prioridades.
Bolsonaro foi criticado (e virou memes) ao abrir espaço nesta semana para inaugurar uma exposição com trajes usados durante a posse em 2019. No mesmo momento, os brasileiros aguardavam o anúncio de um plano definitivo de vacinação, que ainda não veio.
Agenda de campanha
O presidente pode até ser coerente com sua agenda de campanha, mas mostra não ter o mínimo de sensibilidade com a agenda do país.
Nesta semana, o Brasil registrou o maior aumento percentual de novos casos de coronavírus entre os cinco países mais atingidos pela doença, segundo a OMS.
Infelizmente, presidente, não são revólveres e pistolas que ajudarão a matar o vírus que hoje assola o país.
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