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Fantasma da CPI faz Bolsonaro tentar acelerar acordos no Orçamento
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Até ontem, o principal problema político a ser administrado pelo presidente Jair Bolsonaro era a insatisfação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em relação ao impasse do Orçamento.
Nesta sexta-feira (9), porém, no Palácio do Planalto, a decisão do ministro do STF Luis Roberto Barroso de determinar a abertura da CPI para apurar ações do governo na pandemia do coronavírus, colocou o fantasma da CPI no centro das atenções.
O tema CPI tomou conta de diversas reuniões no Planalto, e auxiliares do presidente afirmaram que é o momento também de fazer afagos ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
Lira tem como principal arma, que pode eventualmente ser usada contra Bolsonaro, os pedidos de impeachment engavetados na Câmara dos Deputados.
Pacheco, por sua vez, pode ser o responsável pelo ritmo de uma CPI que, nas palavras de um auxiliar do presidente, nunca se sabe onde pode parar e quais as possíveis consequências dela para o governo.
Lira e Pacheco foram apoiados pelo Planalto durante a campanha para que chegassem ao comando da Câmara e do Senado, e a ordem é tentar manter o clima o mais amistoso possível.
Diferentemente dos ataques que fez diretamente ao ministro do STF, Bolsonaro foi aconselhado a fazer acenos públicos de apreço a Lira e Pacheco.
A nova ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, que até então vinha totalmente dedicada a tentar acertar os pontos de divergência do Orçamento entre equipe econômica e Congresso, entrou em campo também para evitar que a CPI avance.
Em conversas com parlamentares, a ministra repetiu que o momento que o Brasil atravessa não comportaria uma CPI, já que deveria haver uma união de esforços para acelerar a vacinação e não tentar arrumar novos problemas.
Orçamento
Arruda, assim como seu antecessor e atual ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, mantiveram uma série de reuniões ao longo da semana para tentar encontrar uma solução no Orçamento que não descumpra completamente o acordo feito com parlamentes (na destinação de valores para emendas) e nem coloque o presidente sob risco de cometer crime de responsabilidade fiscal.
Segundo auxiliares do governo, a conversa avançou para vetos parciais desde que sejam todos bastante debatidos com os parlamentares para evitar ainda mais rusgas. "Estamos quase conseguindo um consenso", disse uma fonte.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, que falou ao longo da semana que faltava coordenação nos trabalhos e foi comparado a um navio encalhado nas negociações, já estaria cedendo em alguns pontos pedidos por Lira.
Nas palavras de um auxiliar do presidente, antes Guedes já entrava nas reuniões dizendo "isso não" e agora ele já tem ponderado "talvez possamos refazer as contas por aqui".
O presidente tem até 22 de abril para sancionar o Orçamento. Até lá, se quiser evitar mais crises para seu governo, terá que equilibrar as insatisfações de Lira e evitar bater de frente com Pacheco, que em entrevista à Folha já disse que não moverá 1 milímetro para atrapalhar a CPI.
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