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Orçamento: Guedes critica "ministro fura teto" e admite erros da equipe

Arquivo - Sem citar nomes, Guedes falou sobre ações de "ministro fura teto" - Mateus Bonomi/AGIF/Estadão Conteúdo
Arquivo - Sem citar nomes, Guedes falou sobre ações de "ministro fura teto" Imagem: Mateus Bonomi/AGIF/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo*

09/04/2021 14h04Atualizada em 09/04/2021 18h41

O ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu hoje que "certamente" houve erro da equipe econômica nas negociações do Orçamento de 2021. Ele afirmou que todos os envolvidos na discussão estão em parte certos e errados, mas que acredita em um acordo.

"Que deve ter tido erro na equipe econômica? Sim, certamente tem erro ali. Certamente tem erro quando um ministro pula a cerca e vai combinar um negócio que não está combinado com a Segov (Secretaria de Governo), que é quem está conduzindo o acordo político. Deve ter tido erro para todo lado", disse ele, durante participação em evento promovido pelo Bradesco BBI.

"Quem errou menos, que foi o Lira, está aborrecido com isso", disse, referindo-se ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

O ministro afirmou, sem citar nomes, que ações de "ministro fura teto" em torno do Orçamento colocam em risco o grupo inteiro. "Tem sempre um ministro mais ousado, né? Tem ministro fura teto, tem de tudo aqui, né? Tem ministro que não desiste, volta toda hora e bate no mesmo lugar, bota em risco a viagem do grupo todo até", acusou.

"Isso acontece, volta e meia, e é natural. 'Bota mais um pouquinho de dinheiro ali, bota um pouco mais aqui, bota um pouco mais ali.' Esquece de combinar com os outros, né? Quando vai combinar com os outros, a conta não fecha", acrescentou.

Apesar de não ter deixado claro a quem se referia, grande parte das emendas que teriam extrapolado os acordos políticos estariam relacionadas ao Ministério do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, um conhecido desafeto de Guedes.

Apesar das críticas, Guedes minimizou-as, afirmando ser algo "natural" e "do jogo". Novamente, ele comentou que essa foi a primeira vez que o governo elaborou o Orçamento em conjunto com o Congresso e que os parlamentares de centro-direita têm direito a encaixar suas emendas dentro do Orçamento. "Nunca o Congresso recebeu e carimbou tantos recursos; é assim em outros países do mundo", afirmou. "Todo mundo com um pouco de razão e erro aqui."

Sem apontar os culpados pelo Orçamento fictício, Guedes afirmou que sua função é dizer se os acordos políticos cabem ou não na peça. "Quero preservar a figura do presidente da Câmara que cumpriu sua parte", disse, sobre Lira.

Ainda segundo ele, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), assim como o próprio ministro, também têm defendido o cumprimento dos acordos políticos sobre o tema. "Acordos precisam ser cumpridos, o problema é como."

O ministro disse que sua equipe acompanhou acordos políticos que somavam R$ 8 bilhões e R$ 16 bilhões. "De repente teve acordo que extrapolou", afirmou. "Todo mundo está junto no erro. Quando somou deu quase o dobro do combinado."

O Orçamento foi aprovado na semana retrasada com uma reestimativa de R$ 26,5 bilhões para baixo das despesas obrigatórias do governo e uma elevação dos recursos direcionados a emendas parlamentares.

Controle de gastos e vacinação

No evento, Guedes disse ainda que o objetivo inicial do governo era fazer o controle da trajetória "explosiva" do gasto público. Ele afirmou que várias medidas adotadas pelo governo permitiram uma economia com rolagem de juros de quase R$ 1 trilhão nos últimos anos.

O ministro disse que a aprovação da reforma administrativa permitirá uma economia adicional de R$ 300 bilhões em dez anos. Ele afirmou que a maioria dos funcionários públicos está sem reajuste salarial desde o início de 2019 e destacou a aprovação da reforma da Previdência como uma das medidas para atacar o descontrole das despesas.

Guedes afirmou ainda que o governo quer retomar as privatizações para reduzir a relação entre dívida e PIB. "Vamos tentar acelerar as privatizações agora", disse.

Em meio à pandemia do novo coronavírus, o ministro afirmou que não faltarão recursos para a área da Saúde. Novamente, Guedes disse que a vacinação em massa contra a covid-19 é "a melhor política fiscal". Levantamento do consórcio de imprensa do qual o UOL faz parte mostra que até ontem 22.170.108 brasileiros receberam pelo menos uma dose de vacina, o correspondente a 10,47% da população nacional.

* Com informações da Reuters e Estadão Conteúdo