Guedes: 'Há muito barulho sobre crise política e problemas com Orçamento'
O ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu novamente hoje problemas com a aprovação do Orçamento, mas disse se tratar de uma dificuldade "temporária" porque as lideranças políticas buscam uma maneira de corrigir excessos e que espera que a discussão sobre o tema "se encerre bem".
O texto aprovado pelo Congresso subestimou as despesas obrigatórias para abrir mais espaço para emendas parlamentares.
Em participação no 2021 Brazil Summit, organizado pela Brazilian-American Chamber of Commerce, Guedes novamente se referiu a questão como um "problema de coordenação", sem citar nomes.
"Há muito barulho sobre crise política no Brasil e problemas com Orçamento, mas espero que seja só ruído. O sinal é que a coalizão política irá aprovar, pela primeira vez junta, um Orçamento. Então é normal haver um erro aqui, acolá, um excesso, mas esperamos que a coisa se encerre bem", disse Guedes, em inglês.
De acordo com o ministro, a discussão no momento gira em torno de corrigir os excessos da proposta. "Não estamos brigando, somos parceiros, somos poderes independentes, mas podemos cooperar."
Em sua avaliação, o desafio é encaixar as emendas impositivas dentro dos programas do governo. "(Os parlamentares) querem aparecer na foto com o presidente da República, porque haverá eleições no próximo ano", alfinetou.
Guedes foi enfático ao dizer que, da forma como está, o Orçamento é inexequível. "A questão é como resolver isso. Uma saída é politicamente conveniente, mas deixa uma sombra jurídica sobre o governo. A outra solução é perfeitamente jurídica, mas politicamente inconveniente. Mas estamos trabalhando juntos para corrigir os excessos", completou.
Segundo a colunista do UOL Carla Araújo o ministro tem gerado irritação no governo e no Congresso com suas declarações sobre o tema. Membros do Centrão estão se referindo a ele, nos bastidores, como "Evergreen", nome da empresa proprietária do navio que encalhou no canal de Suez.
O Orçamento foi aprovado com uma reestimativa de R$ 26,5 bilhões para baixo das despesas obrigatórias do governo e uma elevação dos recursos direcionados a emendas parlamentares.
'Economia vai voltar mais rápido no 2º semestre'
Guedes destacou ainda os resultados do mercado de trabalho formal e da arrecadação nos primeiros dois meses de 2021 em meio ao recrudescimento da pandemia da covid-19.
"A segunda onda da pandemia veio muito mais forte, mas por outro lado estamos vacinando a população. Estamos aplicando um milhão de vacinas, começando de fato uma vacinação de massa. Acreditamos que a queda da atividade será menor do que a do ano passado e será mais curta. No segundo semestre a economia vai voltar mais rápido e com mais força", reafirmou.
Até ontem, segundo o consórcio de imprensa do qual o UOL faz parte, 21.445.683 pessoas receberam pelo menos uma dose de vacina, o equivalente a 10,13% da população nacional.
Guedes citou mais uma vez os programas lançados pelo governo durante a pandemia, como o auxílio emergencial e o Programa Emergencial de Manutenção de Emprego e Renda, conhecido como BEm, e lembrou novamente que a queda do PIB (Produto Interno Bruto) no ano passado foi menor do que a prevista inicialmente.
O ministro também citou a aprovação de projetos nas últimas semanas, como a autonomia do Banco Central e a PEC Emergencial, para afirmar que a agenda de reformas continua em andamento.
Ele destacou os projetos que vêm sendo analisados e aprovados pelo Congresso nos últimos meses, e citou os planos de privatização dos Correios e da Eletrobras. "Estamos relativamente otimistas sobre como a democracia brasileira está funcionando, contra todas as críticas. Estamos prosseguindo com as reformas estruturais e deveríamos ser mais gentis ao analisar o que está ocorrendo no Brasil no momento", afirmou.
Ministro vê apreciação do real com retomada
Guedes disse ainda que a taxa de câmbio de equilíbrio deve estar girando atualmente em torno de R$ 4,50 e que houve um "overshooting" do câmbio, mas que sua expectativa é que a moeda brasileira valorize à medida que o país prossiga com as reformas estruturais e vacinação.
"A taxa de câmbio está mais elevada. Provavelmente deveria estar em torno de R$ 4,50 agora, houve um 'overshoot'. Mas estamos avançando nas reformas fundamentais. Assim que o Brasil voltar a crescer, formos para a vacinação em massa, e em três ou quatro meses... provavelmente o câmbio (dólar) vai cair", disse.
Neste ano, o dólar salta 7,8%, o que deixa o real na terceira pior posição global. O dólar só sobe mais no ano contra o peso argentino e a lira turca.
* Com informações do Estadão Conteúdo e Reuters
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