Isenção de IR é atrativo de LCIs e LCAs, mas como funciona o investimento?
A isenção de Imposto de Renda para determinados ativos do mercado financeiro acaba atraindo muitos investidores que buscam aumentar a rentabilidade da carteira. Entre as opções que oferecem esse incentivo surgem as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA).
De acordo com dados da B3 até o mês de junho, 1,9 milhão de pessoas eram investidores de LCIs, com um saldo de R$ 356,9 bilhões. No caso das LCAs, foram contabilizados 1,8 milhões de CPFs, resultando em um saldo de 469,8 bilhões.
Mas como funcionam esses investimentos? Quais os riscos? O que observar antes de fazer aportes? Veja abaixo.
Como funcionam as LCIs e LCAs?
Títulos funcionam como forma de financiar empresas. As LCIs e LCAs são investimentos de renda fixa emitidos por instituições financeiras com lastro em créditos imobiliários e do agronegócio. Ao investir nesses ativos, o investidor empresta seu dinheiro ao banco, que, por sua vez, usa esses recursos para financiar operadores no setor imobiliário (caso das LCIs) ou do agronegócio (para as LCAs).
Empreendimentos imobiliários e agrícolas. O dinheiro de investidores alocados em LCIs é empregado pelo segmento imobiliário para iniciativas como a compra, a construção ou reforma de imóveis. Por outro lado, o foco das LCAs são as atividades agrícolas, como a compra de insumos (sementes, fertilizantes ou defensivos), aquisição de máquinas e equipamentos, construção de agroindústrias, investimentos em sistemas de transporte e armazenamento ou em tecnologia.
Investidor recebe em troca juros pré ou pós-fixados. Se a opção for por títulos prefixados, é possível saber quanto aquele dinheiro vai render pelo tempo que permanecer investido, uma vez que essa taxa é fixa. Na modalidade pós-fixada, porém, a rentabilidade segue um índice de referência, como o CDI, o que pode resultar em oscilação dos ganhos ao longo do tempo. Considerando a isenção tributária, é comum que as LCIs e LCAs pós-fixadas ofereçam um retorno próximo ou superior ao CDI, diz Gianluca Di Mattina, especialista em investimentos da Hike Capital.
Valor mínimo para investir é de R$ 100. Mas esse patamar pode variar entre diferentes bancos e corretoras, chegando a até R$ 1.000.
Retorno líquido varia entre 10,80% a 12%. Isso para os prefixados. No caso dos títulos pós-fixados, os prêmios vão de 90% a 95% do CDI. É importante considerar o montante pago com impostos para fazer uma comparação adequada com outras opções disponíveis no mercado, como CDBs e investimentos do Tesouro Direto.
Quais os benefícios e riscos das letras de crédito?
É importante observar a liquidez. Ou seja, quando os recursos estarão disponíveis para o investidor. De maneira geral, quem investe só pode resgatar o dinheiro na data de vencimento, afirma Fabrício Silvestre, analista de renda fixa da Levante Inside Corp. Contudo, há exceções. O prazo para o dinheiro permanecer investido pode variar entre nove meses e três anos.
Banco Central alterou as normas dos investimentos. Até o início de 2024, as LCIs e LCAs tinham um prazo de carência de 90 dias para terem liquidez diária. Uma resolução do CMN (Conselho Monetário Nacional) fixou esse prazo em nove meses. Por isso, vale fazer um planejamento para não precisar do dinheiro de forma emergencial.
LCIs e LCAs têm cobertura do FGC. O Fundo Garantidor de Créditos é uma entidade privada que atua na proteção dos investidores. Em caso da "quebra" do banco responsável pela emissão dos papéis, o FGC cobre R$ 250 mil por instituição financeira, chegando ao valor máximo de R$ 1 milhão no total.
Títulos são indicados para diferentes perfis de risco. Di Mattina, da Hike Capital, ressalta justamente o tempo de carência e a baixa liquidez desses ativos como fatores atrativos para perfis conservadores e moderados. "São para perfis que buscam mais segurança e previsibilidade nos investimentos", afirma. Já Silvestre, da Levante, diz que a garantia do FGC qualifica as letras de crédito para investidores conservadores. "Mas isso não elimina a possibilidade de alguma alocação de menor risco para perfis mais arrojados, até para manter um portfólio de investimento equilibrado", afirma.
Risco de crédito é da instituição financeira. Portanto, os investidores devem ter atenção à qualidade de crédito de bancos e plataformas onde o investimento será feito, e não das empresas do agro e imobiliárias que buscam esses recursos mais tarde para financiar suas atividades.
Deixe seu comentário