Como investir em ações para iniciantes? Confira o passo a passo
Para muitos investidores, a possibilidade de ganhos maiores com ações acaba chamando mais atenção do que os riscos de perder capital devido à volatilidade. Até o primeiro trimestre de 2024, a B3, a Bolsa brasileira, tinha 5,1 milhões de investidores em renda variável. E, para quem deseja fazer parte dessa estatística e começar a investir, é preciso seguir alguns passos importantes que vão além da escolha da empresa e da quantidade de dinheiro que deseja aplicar.
Tempo e atenção
Para quem deseja comprar ações, é preciso abrir uma conta em uma corretora de valores, que é similar a um banco. A diferença é que lá é possível ter acesso a uma lista robusta de investimentos. É preciso também que essa corretora seja regularizada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), conhecida por ser o órgão responsável por fiscalizar e regular o mercado de valores mobiliários no Brasil e certifica que aquela empresa é segura para colocar seu dinheiro. Existem diversas empresas que oferecem todo esse processo gratuito e, após a conta aberta, o investidor vai ter acesso ao home broker, onde as negociações de compra e venda acontecem.
Atenção ao tempo dedicado ao mercado de ações. Naturalmente, o passo seguinte seria definir em qual empresa você deseja aplicar o dinheiro, mas Felipe Fonkert Ramos, sócio e executivo da Inove Investimentos, diz que, antes disso, a pessoa que investe em ações pela primeira vez precisa determinar o quanto de tempo e atenção vai ter disponível para se dedicar a essa prática.
"Em ações, principalmente no Brasil que é o mercado emergente, elas acabam tendo muita volatilidade. Então, se você não acompanhar o cenário macroeconômico e o cenário da empresa, é possível ter algum caso eventual de correção, em que o papel só se movimenta para cima ou para baixo e que você só vai ver depois. Então, nunca é bom investir em ações diretamente se você não tiver o tempo e a dedicação suficientes para poder fazer isso", afirma o assessor de investimentos.
Outra dúvida que surge nos novos investidores é quanto tempo deixar o dinheiro em determinada ação. O especialista diz que isso vai depender dos objetivos e estratégias de cada pessoa e é uma decisão particular. Há quem prefira investir a longo prazo para acompanhar o desempenho do papel por um maior período, mas há pessoas que preferem realizar os lucros sem sofrer com as possíveis oscilações ao longo dos anos, como quem faz "day trade", que tem objetivos de curtíssimo prazo. "Escolha a sua estratégia e se atenha a ela, sem deixar que a volatilidade de mercado te desestabilize e você acabe fazendo um movimento que não deveria ser feito", afirma Fonkert.
Estratégia montada, chegou a hora de escolher a empresa que você deseja comprar ações e virar acionista. É essencial que o investidor estude a empresa e conheça seus fundamentos, como o segmento atuante, a política de gestão, planos para o futuro e como foram os ganhos no passado. Ou seja, sabendo dessas informações, é possível saber se o valor das ações está na sua máxima ou mínima histórica e seu possível potencial de crescimento com base nos projetos da empresa.
Sobre a quantidade de ações, vale lembrar que foi algo muito democratizado ao longo do tempo, inclusive os preços. É possível encontrar ações por menos de R$ 10 a papéis que estão altamente valorizados e estão custando mais de R$ 100. No home broker, as ações são representadas por uma combinação de letras e números. Quando o investidor coloca somente o código, a plataforma pode entender que ele quer comprar um lote de cem unidades, por exemplo, mas quando se coloca a letra F no final, é possível comprar no mercado fracionário.
"Quando a gente fala de um split de ações, que é pegar uma ação e dividir ela em uma maior quantidade, estamos democratizando o investimento. É possível comprar lotes de cem ações no mercado normal, mas existe o mercado fracionário que você consegue comprar até uma ação. Com R$ 30, R$ 50, você está comprando a ação que você quer, mesmo que seja uma unidade só, e isso forçou os fundos também a se democratizar. Hoje, as aplicações mínimas dos fundos de ação são muito mais baixas do que eram antigamente. Há poucos anos, a gente via R$ 50 mil, R$ 100 mil como valor mínimo para entrar. Agora, para investir em fundos de ação mais robustos, conseguimos encontrar boas opções com R$ 100", diz o especialista.
Sobe e desce
No início, o ideal é investir uma parte do dinheiro na Bolsa. Para quem está chegando agora na B3, o ideal é que no máximo 20% do seu patrimônio seja destinado para a Bolsa, até mesmo para ver como o investimento se comporta e sem grandes prejuízos a ponto de comprometer a boa parte do seu dinheiro. Levar esse processo a sério também é uma recomendação de Fonkert.
"Em qualquer tipo de trade, tem um perdedor e um ganhador. Então, se você não leva a sério, é muito provável que você saia perdendo. Para contornar isso, existe a opção de seguir carteiras recomendadas por meio de uma casa de análise ou aplicar em fundos de ação. Essas casas de análise, você encontra em grandes corretoras ou então é possível buscar uma casa de análise independente que você assina e pague por essa análise. Já nos fundos de ação, existem equipes que só fazem isso pelo investidor, que paga uma taxa de administração e performance por trás, mas no fim do dia faz sentido, porque são pessoas que estão anos no mercado, tem uma equipe robusta e muito conhecimento", afirma.
O mercado de ações pode dar grande lucratividade, mas também tem muitos riscos. Comprar na baixa e vender na alta é uma das formas de garantir o lucro, mas não é possível saber exatamente quanto a empresa vai subir ou qual será o tamanho da desvalorização. O que também vai definir o momento de alta e baixa sempre vai depender da expectativa que existe em relação à valorização e desvalorização das ações daquela empresa.
O especialista afirma que o investidor não pode se deixar levar pelo emocional e acabar vendendo o papel por conta de um mercado estressado. O recomendado é que você só se desfaça do papel se existir algum estresse específico daquela ação, como algum prejuízo que a empresa tomou, alguma dívida que foi noticiada, perdas significativas, entre outros fatores, mas nunca porque o mercado só está em baixa naquele dia, sem um motivo específico.
"A única coisa que as pessoas sempre têm que ter em mente é que a gente nunca vai acertar o market timing todas às vezes. Se você acertar mais de 50%, parabéns, você é um vencedor. Mas para o investidor médio, isso normalmente não é uma realidade. Para quem tem um conhecimento mais avançado, é possível operar a volatilidade do papel, o que os day traders fazem bastante, ou entrar com o swing trade, que é uma coisa mais fundamentalista, de médio e longo prazo. Fazer uma análise gráfica e técnica também é possível, mas normalmente é preciso de um prazo um pouco maior. Independente da estratégia, é preciso ter um psicológico muito forte, porque o cenário muda diariamente e o mercado é muito dinâmico. Então, se for uma baixa simples de mercado, a intenção é nunca se desesperar e não sair vendendo as ações", diz o sócio e executivo da Inove Investimentos.
Empresas oferecem assessor de investimentos. Para quem está começando e se depara com muitas dúvidas no caminho, muitas corretoras oferecem de forma gratuita o acesso a um assessor de investimentos, que é um especialista que vai te orientar desde o passo a passo a sugestões de qual atitude tomar. Mas vale lembrar que, mesmo com os aconselhamentos, a decisão sempre precisa ser do investidor, seja ela boa ou não.
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