Renda fixa, ações, criptomoedas: qual investimento é mais rentável?
A busca por maiores rendimentos no mercado financeiro é o desejo de todo o investidor, do mais conservador ao mais arrojado. Mas será que existe algum que rende mais? Especialistas ouvidos pelo UOL disseram que não, pois a questão da escolha vai depender não do investimento em si, mas, sim, da necessidade, do valor e do tempo que cada pessoa está disposta a deixar o dinheiro rendendo. Mas após alinhar esses objetivos, é possível encontrar opções mais atrativas.
Defina seus objetivos
Um investimento só se torna mais ou menos rentável após a definição da finalidade de cada um deles. Para Myrian Lund, planejadora financeira e professora de finanças na FGV, só após definir seus objetivos que é possível fazer uma seleção com os investimentos mais rentáveis.
É preciso saber quanto dinheiro que será colocado naquela aplicação e por quanto tempo ele pode ficar ali rendendo, se é algo para curto, médio ou longo prazo. Com o efeito dos juros compostos, opções a longo prazo acabam sendo mais interessantes. Mas também é possível surfar nas oscilações do mercado.
'Tem produtos que são bons para liquidez imediata, para um, dois, ou três anos, e outros produtos interessantes acima de cinco anos. Dentro do seu objetivo é que vamos buscar as opções que existem para poder escolher", disse a planejadora financeira.
Diversifique
O ideal é diversificar. "Para um objetivo de longo prazo, a gente nunca deve aplicar em uma coisa só, por exemplo. Se o objetivo for a aposentadoria, não faça somente uma previdência privada, mas faça também um Tesouro Renda Mais, busque opções de rendimento passivo de fundos imobiliários, como os Fiagros. O investimento mais rentável é a composição de quanto você tem com as suas necessidades", diz a especialista.
Confira a rentabilidade na renda fixa
Na renda fixa, existem três tipos de rentabilidade: O CDI, que acompanha a taxa Selic, o pré-fixado e a inflação, que é o IPCA. São três tipos de taxas que caminham de formas diferentes.
A mais conservadora é o CDI, que rende conforme a taxa básica de juros em vigor no país. No CDI, o rendimento é diário, e todo dia o investidor ganha um pouco.
Já no pré-fixado, a taxa é definida no momento da contratação.
Com a inflação, normalmente os títulos pagam juros adicionais. E o investidor já está sujeito à marcação do mercado.
Selic e CDI
Juros mudam e alteram a rentabilidade. O rendimento dos títulos que seguem a Selic ou o CDI depende das decisões das próximas reuniões do Copom. O Comitê de Políticas Monetárias do Banco Central se reúne a cada 45 dias para definir a nova taxa de juros - que pode subir, cair ou se manter a mesma. "Quando a taxa de juros cai, essas aplicações também passam a ter um rendimento menor", diz Myrian.
No CDI, o rendimento é diário e todo dia o investidor ganha um pouco. "Eu recomendaria um CDB DI, com rentabilidade diária. Outras opções são um fundo de renda fixa que acompanha rendimento diário, CDI e também o Tesouro Selic. Então, são três opções excelentes, de baixo risco que vão te dar conforto e você pode sacar a qualquer momento", diz Lund.
Além dos títulos com liquidez diária, ou seja, é possível sacar o dinheiro no mesmo dia, há outras opções. "Se você não está precisando do dinheiro agora, pode aguardar e quer ter uma rentabilidade um pouquinho melhor, as instituições financeiras lançaram fundo de renda fixa e infraestrutura. Quando você está entrando num fundo, é uma espécie de condomínio com um gestor por trás, que escolhe opções isentas de imposto de renda. E aí ele monta uma carteira diversificada. É uma excelente opção também", aconselha Myrian Lund.
Pré-fixado
Já a rentabilidade que você encontra para um pré-fixado pode mudar. Em um momento você pode encontrar títulos pagando 14% ao ano e, no outro, apenas 10% ao ano. Mas, a partir do momento em que você contrata aquele título, carrega aquela remuneração até o vencimento.
Os especialistas explicam que pode haver oscilação dependendo das notícias que saem sobre a situação econômica do país. Então, hora vale mais, hora vale menos.
"O investidor deve fazer pré-fixado se estiver acreditando na estabilidade da economia, se estiver otimista com relação ao país e acha que tudo vai dar certo. Dando certo, a taxa Selic cai. Como você já pré-fixou um rendimento maior, acaba ganhando", disse a professora da FGV.
IPCA mais juros
Um título que paga a inflação mais juros é para se proteger no futuro. Então, são investimentos usados para prazos superiores a cinco anos Para estudo dos filhos ou uma aposentadoria, Myrian costuma indicar o IPCA mais juros.
Esses juros a mais são pré-fixados no momento da contratação. Então, se você investe em um título que paga IPCA mais 6% ao ano, vai receber essa rentabilidade.
Essa taxa extra também muda conforme as expectativas para a Selic e para a economia brasileira - então em alguns momentos você pode encontrar títulos IPCA + 5% ou IPCA + 6%, por exemplo. "Hoje as pessoas podem investir em aplicações atreladas ao IPCA + 7% ao ano. Se a inflação fechar o ano na média de 4%, a gente fica com um ganho de 10,5% a 11% ao ano, fazendo uma conta simples", diz Felipe Fonkert. Para quem está começando, o planejador financeiro recomenda que as pessoas devem ir em busca de ganhos reais, acima dos 6%.
Ganhos e perdas na renda variável
Se na renda fixa as regras de rendimento já estão definidas no momento da contratação do investimento, na renda variável isso é diferente. Os ganhos em renda variável, como ações e fundos de investimentos, por exemplo, acabam sendo mais vantajosos quando há uma expectativa positiva para o país e as taxas de juros tendem a cair, mas não é possível prever com exatidão, segundo a professora.
"O futuro depende de variáveis, não só no Brasil, mas também no exterior. Por exemplo, hoje a China é um grande consumidor de produtos brasileiros. Se o país entrar em recessão, pode afetar aqui também. Então, você vai ter investimentos nacionais que acabam oscilando e, a cada notícia que sai, o mercado vai se posicionando, otimista ou pessimista. E aí, com isso, os rendimentos sobem ou caem", afirma.
A Selic também afeta os ganhos da Bolsa. Em momentos de juros altos, há pouco fluxo de investidores para a Bolsa brasileira, diz Fonkert. O Brasil é conhecido como o país dos rentistas: em 2023, por exemplo, a Selic chegou a bater 13,75% ao ano, se tornando mais interessante para os investidores."Estamos falando de mais de 1% ao mês, sem fazer nada, né? Só na renda fixa. Então, em um cenário desse, a Bolsa se torna menos atrativa", diz Fonket.
Investimentos no exterior também são boas opções para quem busca diversificação, proteção do mercado interno e ganhos com a alta do dólar. Existem plataformas estrangeiras e até mesmo brasileiras que facilitam o acesso a esses produtos.
Há muitas opções. "Nessas plataformas, é possível fazer quase que tudo hoje em dia. Você pode pegar bonds, que são os créditos privados lá fora, que são as rendas fixas, treasury, que é o Tesouro Direto deles, Bolsa ou fundos, ETF, mutual funds, hedge funds, e cada um com uma estratégia diferente, você consegue diversificar, ter volatilidades de Bolsa, de renda fixa e volatilidades intermediárias. Então, é preciso de fato montar uma estratégia com algum profissional que faça sentido para o seu perfil", diz Fonkert.
Criptomoedas
Para quem deseja algo com um pouco mais de risco e ganhos maiores, as criptomoedas podem ser uma opção interessante. Segundo a Binance, uma corretora de criptomoedas com maior volume mundial diário de negociação, investir em bitcoin é uma maneira de diversificar seus investimentos, ampliando as possibilidades de ganhos, mas com riscos. Eles alertam que é preciso ter uma estratégia conforme o perfil de risco e nunca se deve investir mais do que pode arriscar perder.
Segundo uma pesquisa da Binance com 10 mil usuários da América Latina, o maior atrativo para investir em criptomoedas são as perspectivas de altos retornos (20,3%) e independência financeira (15%). O levantamento também mostrou que 87% dos usuários da região esperam alta forte ou moderada das criptomoedas ao longo de 2024, e mais de 90% planejam realizar novos aportes no mercado ao longo do ano.
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