Sílvio Crespo

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Reportagem

Quais investimentos seguros valem mais a pena com a recente alta dos juros

A cada vez que o Banco Central aumenta ou diminui a taxa básica de juros, a Selic, surgem dúvidas entre os investidores: e agora, qual é o melhor investimento?

Em geral, as pessoas olham apenas para a rentabilidade. Procuram saber quais aplicações estão rendendo mais e vão direto nelas.

O problema é que, quando você pensa dessa maneira, acaba tendo grandes chances de perder dinheiro, mesmo quando falamos de investimentos seguros de renda fixa. Na coluna de hoje eu explico por que você pode ter prejuízo se olhar só para a rentabilidade e como escolher investimentos no atual cenário após o recente aumento da taxa Selic.

O risco de olhar só para a rentabilidade

Já aconteceu de você fazer um investimento e depois descobrir que não pode resgatar o dinheiro? Ou que, se resgatar, acabará ficando no prejuízo?

Pois é, isso acontece quando você não se preocupa com o prazo do investimento. A regra é a seguinte: se você comparar duas aplicações com o mesmo risco, a que tiver maior prazo tende a render mais.

Para que um investimento seja seguro, você precisa respeitar o prazo dele. Por exemplo, ele tiver um prazo de dois anos, deixe o dinheiro aplicado por dois anos se não quiser correr o risco de perder. Neste ano, mesmo alguns títulos do Tesouro deram prejuízo de até 8,3% para quem investiu em março e resgatou em junho. Você não quer que isso aconteça, certo?

Então precisa entender o seguinte: os únicos investimentos dos quais você pode resgatar a qualquer momento sem risco de prejuízo são: a poupança, o Tesouro Selic e os títulos privados (CDB, LCA e LCI) com liquidez diária. A poupança e o Tesouro Selic sempre têm liquidez diária. O CDB, a LCA e a LCI, nem sempre.

Todos os outros investimentos de renda fixa, ou seja, os demais títulos do Tesouro e os CDBs, LCAs e LCIs sem liquidez diária, podem dar prejuízo se você tentar resgatar antes do prazo.

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Quais investimentos seguros valem mais a pena hoje

Para saber quais investimentos mais valem a pena, é preciso definir qual é o seu objetivo. Se escolher um que não esteja de acordo com o que você precisa, corre o risco de perder dinheiro, como nos exemplos acima. Basicamente, os objetivos financeiros de uma pessoa podem ser divididos da seguinte forma: reserva de emergência, reserva extra, médio prazo e longo prazo.

Para reserva de emergência

Os investimentos para reserva de emergência devem ter liquidez diária e serem o mais seguros possível.

Nessa categoria, o mais adequado é o Tesouro Selic, que é o investimento mais seguro do Brasil. Porém, ele tem apenas um inconveniente: só pode ser resgatado em dias úteis. Além disso, se você solicitar o resgate à tarde, o dinheiro só cai na sua conta no dia útil seguinte. Portanto, se fizer a solicitação em uma sexta-feira, receberá o valor somente na segunda.

Então, é sempre bom deixar uma pequena parte da sua reserva de emergência em algum investimento com maior liquidez, como a poupança ou alguns fundos do tipo DI. Assim, você consegue um resgate mais rápido, se precisar. Mas nem todo fundo DI tem essa característica. Antes de aplicar, certifique-se de que ele tem resgate imediato.

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Para reserva extra

Estou chamando de "reserva extra" o valor que você quer que esteja disponível para quando tiver vontade de usar, e não para uma emergência. Por exemplo, o dinheiro que você deixa aplicado para quando quiser, do nada, fazer uma viagem ou comprar um bem.

Esse valor pode estar aplicado em um CDB, LCA ou LCI com liquidez diária. Porém, para valer a pena, a rentabilidade deve ser de pelo menos 102% do CDI para CDBs. No caso de LCAs ou LCIs, a rentabilidade precisa ser de 87% do CDI para vencer o Tesouro Selic em qualquer prazo.

E por que CDB, LCA e LCI rendem mais? O CDB, a LCA e a LCI rendem mais que o Tesouro Selic se tiverem as porcentagens do CDI citadas acima. Isso ocorre porque são investimentos mais arriscados. Porém, se você não ultrapassa o limite de R$ 250 mil aplicados, o risco continua sendo muito baixo, pois até esse valor o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) reembolsa você em caso de perda.

Esse limite é por instituição financeira emissora do CDB, LCA ou LCI. Por exemplo, se você tiver R$ 250 mil em um CDB de um banco e outros R$ 250 mil no de outro banco, e se ambos os bancos quebrarem, o FGC vai lhe reembolsar os R$ 500 mil.

O limite total de reembolso, caso você tenha títulos de vários bancos diferentes, é de R$ 1 milhão.

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Para médio e longo prazo

Para médio e longo prazo, os investimentos que rendem mais, entre os seguros, são aqueles com data de vencimento próxima do momento em que você precisará resgatar.

Por exemplo, se você sabe que pode precisar do dinheiro somente daqui a dois anos, procure investimentos com prazo próximo de dois anos. Se escolher algum com prazo menor, a tendência é que renda menos.

Entre os investimentos mais seguros, o CDB, a LCA e a LCI costumam ser os mais rentáveis a médio e longo prazo.

Porém, existem três tipos de investimentos de renda fixa: os prefixados, pós-fixados e os indexados à inflação. Entre eles, os prefixados acabam sendo os mais arriscados, pois, se a inflação subir, eles não acompanham.

Para se proteger da alta dos preços no país, os títulos mais adequados são os que levam a sigla IPCA no nome. IPCA é o principal índice de inflação do Brasil. Aplicações com esse acrônimo fazem a correção inflacionária do seu dinheiro e ainda pagam uma taxa de juros em cima disso.

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Mas aplicações pós-fixadas, aquelas que têm como referência o CDI, também acabam protegendo o seu patrimônio, pois elas seguem a taxa de juros da economia, que, por sua vez, tende a aumentar quando há risco de inflação. Assim, se a inflação aumentar, você estará protegido tanto com investimentos que tenham IPCA no nome quanto com aqueles que usam o CDI como referência.

Então, resumindo, para médio e longo prazo, o que vale mais a pena são os investimentos em CDB, LCA e LCI sem liquidez diária, que tenham o CDI ou o IPCA como referência.

O risco de CDB, LCA e LCI

Já falei que o CDB, a LCA e a LCI são mais seguros quando você está dentro do limite de R$ 250 mil do FGC.

Faltou dizer, no entanto, que o FGC pode demorar cerca de 60 dias para liberar o seu dinheiro caso o banco emissor do título quebre. Tenha isso em mente ao investir. É por isso que tais aplicações não devem ser usadas para emergências. Afinal, se a emergência surgir justamente quando o banco acabou de quebrar, você pode não ter o dinheiro em mãos quando precisar.

Alguma dúvida?

Tendo alguma dúvida sobre investimentos, me siga no Instagram e envie uma mensagem por lá. Sua pergunta poderá ser respondida em breve nesta coluna.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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