Sílvio Crespo

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Cuidado com dívidas infinitas: juros de 6% ao mês são 100% ao ano

Não é incomum as pessoas entrarem em uma dívida aparentemente inofensiva e depois se verem em uma bola de neve da qual não conseguem sair.

Isso acontece porque as taxas de juros, quando expressas ao mês, não parecem muito altas. No entanto, elas crescem exponencialmente. A longo prazo, os números podem chegar a patamares absurdos.

Na coluna de hoje eu mostro quanto você pagaria de juros em um mês, em um ano e em 3 anos se ficar devendo nas principais modalidades de crédito para pessoas físicas.

Rotativo do cartão de crédito

O crédito rotativo é o valor que você deixou de pagar na fatura do seu cartão de crédito.

Por exemplo, se a sua fatura der R$ 5.000 e você pagar apenas R$ 4.000, os R$ 1.000 restantes entram no rotativo.

A partir daí, a dívida de R$ 1.000 aumentaria para R$ 1.149 após um mês e para R$ 5.269 após um ano. Caso fique sem pagar por três anos seguidos, o valor devido atinge nada menos do que R$ 146 mil.

Isso ocorre porque a taxa de juros médias do rotativo no Brasil está em 14,9% ao mês, o que dá 426,9% em um ano, de acordo com o dados do Banco Central.

Parcelamento do cartão

Se não puder pagar a fatura toda do cartão de crédito, é bem melhor se você parcelar, em vez de entrar no rotativo.

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O parcelamento do cartão está hoje com juros médios de 9% ao mês, o que dá 182% ao ano. Assim, uma dívida de R$ 1.000 chegaria a R$ 1.090 em um mês e a R$ 2.820 após um ano. Em três anos, o valor atingiria R$ 22,4 mil.

Repare que, em um mês, a diferença entre o rotativo e o parcelamento é pequena. No primeiro, os juros ficam em R$ 90, e no segundo, em R$ 149.

É aqui que muita gente se engana. Parece que o rotativo e o parcelamento são mais ou menos a mesma coisa. Mas, quando olhamos para o médio prazo (um ano, por exemplo), os juros do rotativo chegam a R$ 4.269, enquanto os do parcelamento ficam em R$ 1.820.

Cheque especial

Um pouco melhor do que o parcelamento no cartão é o cheque especial, ou seja, a dívida que você contrai quando fica com a conta corrente negativa.

Os juros médios nessa modalidade estão em 7,4% ao ano, o que dá 134% ao ano.

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Uma dívida inicial de R$ 1.000 chegaria a R$ 1.074 após um mês, R$ 2.343 após um anos e R$ 12.862 após três anos.

Sendo assim, se não puder pagar a fatura do cartão e tiver limite no cheque especial, é melhor optar por esta última forma.

Crédito pessoal

O crédito pessoal é aquele empréstimo que você pode tomar no banco sem precisar dar muita satisfação. Muitas vezes ele já está pré-aprovado.

Hoje, os juros dessa modalidade estão, em média, em 5,7% ao mês, o que equivale a 95,4% ao ano.

Em um mês, um empréstimo de R$ 1.000 vira R$ 1.057 após um mês. Se não pago, o valor chega a R$ 1.954 em um ano e R$ 7.416 em três anos.

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Crédito consignado

Para quem tem uma renda fixa comprovada, o dinheiro com menor taxa de juros é o crédito consignado.

Hoje, a taxa média está em 2,7% ao mês para trabalhadores do setor privado com carteira assinada, o que significa 38,1% ao ano e 163% em três anos.

Para servidores públicos, o custo está em 1,7% ao mês, ou seja, 22,8% em um ano e 85% em três anos.

Como evitar

A melhor forma de evitar uma dívida em espiral é se organizar. A diferença entre os juros do rotativo do cartão e a do crédito pessoal, por exemplo, é imensa, como você viu.

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Portanto, se você perceber que não poderá pagar a fatura do cartão em um determinado mês, se antecipe e entre em contato com o seu banco solicitando um crédito pessoal. Se for trabalhador com carteira assinada, funcionário público ou aposentado, opte pelo consignado.

Assim, você evitará uma montanha de dinheiro com juros.

Sobre o colunista

Sílvio Crespo é sócio e diretor da Grana Capital, aplicativo que fornece soluções para investidores pessoas físicas.

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