Investir nos EUA gerou ganho de 191% a brasileiros em 8 anos; saiba como
Brasileiros que investiram na Bolsa de Valores dos Estados Unidos nos últimos anos e não resgataram na baixa acabaram tendo ganhos expressivos.
Dois fundos de investimento brasileiros que acompanham o mercado de ações americano acumulam alta de 399% desde maio de 2016, quando foram lançados. Descontando o Imposto de Renda e a inflação acumulada, o ganho real foi de 191% no período.
Ou seja, quem aplicou nesses fundos no início praticamente triplicou o dinheiro investido. Isso ocorreu porque, ao mesmo tempo em que as ações de empresas americanas subiram, o dólar se valorizou em relação ao real.
Na coluna de hoje eu explico quais são esses investimentos, como eles funcionam para aplicar e comparo com outras modalidades de aplicações.
Quais são os investimentos que renderam 191%
Os dois fundos de investimento aos quais me refiro são o IVVB11 e o SPXI11. Essas letras e números são os códigos de negociação desses fundos na Bolsa de Valores brasileira.
Sim, esses fundos, apesar de reunirem ações de empresas americanas, são negociados na B3, de modo que qualquer brasileiro pode aplicar neles, sem precisar abrir conta no exterior. Basta ter cadastro em uma corretora nacional.
Para investir neles, você só precisa entrar no site da sua corretora e comprar, como se fosse uma ação de uma empresa brasileira ou um fundo imobiliário.
Fundos negociados na Bolsa de Valores são chamados de ETFs (Exchange Traded Fund).
Como funcionam esses fundos
Tanto o IVVB11 quanto o SPXI11 seguem o principal indicador de ações da Bolsa americana, o Standard & Poor's 500 (S&P 500).
Ao investir em um deles, a sua rentabilidade será definida pela variação desse indicador e também pela variação cambial.
Os riscos são basicamente dois: o da Bolsa americana e o do dólar. Se ambos caírem, você tem prejuízo, na mesma proporção. Se ambos subirem, como ocorreu nos últimos oito anos, você ganha. Caso eles andem em sentidos opostos, vai depender de quanto cada um subiu ou desceu.
Quanto renderam outros investimentos
Enquanto os ETFs citados tiveram um rendimento real de 191% desde maio de 2016, o principal índice de ações do Brasil, o Ibovespa, rendeu apenas 53% no período, já descontando o Imposto de Renda e a inflação.
Se quisermos comparar com as aplicações de renda fixa, a diferença fica ainda maior.
O Tesouro Selic, um dos títulos do Tesouro Direto, acumulou um ganho real de 22% nos últimos oito anos. Um CDB com rentabilidade de 130% do CDI, que é difícil de encontrar, teria rendido 38%.
A poupança, que é uma das aplicações mais populares do país, acumulou um ganho real de apenas 4%. Isso ocorreu porque a inflação no período foi de 51% e acabou corroendo parte considerável dos ganhos dessas aplicações.
Vale a pena investir nos EUA?
Vejo o investimento nos EUA como uma forma importante de diversificação, mas somente para longo prazo e para quem aceita o risco.
Não serve para reserva de emergência nem para objetivos de médio prazo (menos de cinco anos).
Ao investir nos EUA, você corre o risco cambial: se o dólar cair, você perde. No caso desses dois fundos que eu citei, o IVVB11 e o SPXI11, você corre também o risco da Bolsa americana.
A curto e médio prazo, esses indicadores variam muito, tanto para cima quanto para baixo. Em 2022, por exemplo, esses fundos tiveram uma queda de 22%.
Você só deve aplicar nessa modalidade se tiver certeza de que, em momentos de queda, não precisará resgatar o dinheiro, podendo deixá-lo aplicado até que se recupere.
Para quem investiu no início de 2022, o valor só foi recuperado em março de 2024. Se você se sente desconfortável com esse nível de risco, não aplique.
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