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O que são BDRs e como lucrar com ações listadas no exterior

A alta do dólar acaba sendo um fator que chama a atenção dos investidores que estão em busca de exposição e ganhos maiores no cenário internacional. Os recibos de ações negociadas fora do Brasil são conhecidos como BDRs e, assim como as ações brasileiras, também é possível ganhar com dividendos e com a alta dos papéis.

Mas se tratando de Bolsas no exterior, especialistas ouvidos pelo UOL disseram que esse investidor vai estar exposto à variação cambial e às perspectivas de alta ou baixa da empresa escolhida.

Como comprar BDRs?

O processo de investir em BDR é o mesmo de comprar uma ação ou outros investimentos de renda variável. É preciso estar cadastrado em uma corretora de valores e, através do home broker da B3, Bolsa de Valores brasileira, é que serão feitas as negociações de compra e venda no mercado estrangeiro.

Ao investir em BDR, o investidor não detém a ação em si, mas está exposto à variação cambial e do preço daquele papel. É possível também receber dividendos, mas, normalmente, vêm com um desconto nesse valor usado como remuneração para a empresa que emite esse recibo.

Possível comprar ações de empresas listadas na Bolsa de Nova York, por exemplo. A partir desse tipo de investimento, os brasileiros conseguem comprar um BDR da Apple com menos de R$ 100, uma das maiores empresas do mundo de tecnologia que está disponível na Bolsa de Nova York.

Processo simplifica investimento no exterior. Se não fosse as BDRs, esse investidor que quisesse ter uma exposição internacional teria que abrir uma conta no exterior, com uma representante brasileira, enviar os recursos para fora e, a partir disso, através da negociação na Bolsa de Nova York, fazer essa compra dessa ação.

O que vai determinar a variação, ou seja, o percentual de alta e de baixa, é uma soma de dois fatores: a variação da ação, o mercado internacional na Bolsa em que ela está listada, e também a questão do dólar. É importante mencionar que o investidor precisa ter isso em mente, quando ele faz uma alocação em BDR, a valorização do dólar frente ao real.
Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial Investimentos

A lógica para escolher um BDRs para investir é a mesma da seleção de uma ação ou ETF. É o que explica Paula Zogbi, gerente de Research e head de conteúdo da Nomad:

Procure empresas em setores promissores, com balanços sólidos e potencial de crescimento. Avalie o valor da ação em relação aos resultados que ela entrega historicamente e que promete entregar no futuro. Busque cruzar essas informações com o cenário macroeconômico, ou seja, taxas de juros, atividade, entre outros fatores que podem afetar a cadeia de produção da companhia ou a demanda pelo seu produto ou serviço.

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A especialista diz que é possível investir com uma estratégia de longo prazo, pensando no crescimento da companhia e na venda futura do BDR com lucro, além do recebimento de dividendos. Mas também há formas de especular com o investimento, apostando em fluxos específicos ligados ao noticiário ou ao comportamento padrão do mercado de renda variável, permitindo lucros no curto prazo.

Os investidores ideais de BDRs são os mais arrojados, segundo os especialistas ouvidos na reportagem. Entretanto, perfis moderados e conservadores também podem ter uma exposição ao mercado de renda variável.

É indicado que esse investimento seja atrelado a uma parcela da carteira focada a longo prazo, desde que esse investidor entenda os riscos envolvidos.

Normalmente, a gente entende que, quando se investe em ação, o tempo é o melhor amigo do investidor que faz boas escolhas. Então, eu vejo que investir em BDR, as regrinhas são as mesmas: ter uma carteira diversificada, focar prazo, escolher boas empresas e ter regras de entrada e saída, é o que a gente fala para qualquer ativo.
Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial Investimentos

Ganhos X riscos

Para quem investe em BDR, os riscos são os mesmos de uma ação, somados à oscilação cambial. Isso porque refletem a variação do ativo em sua moeda original, que costuma ser o dólar. Existem também os riscos de mercado, de liquidez e os relacionados à própria natureza dos negócios da empresa e do setor escolhido.

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Sobre a hora certa de entrar no investimento, Paula diz que é preciso ficar atento sobre o momento macroeconômico e também a longo prazo:

Para qualquer momento do ciclo econômico, existem setores positiva e negativamente afetados. O ideal é investir sempre, consistentemente, mantendo sua estratégia conforme o seu perfil e fazendo o rebalanceamento de tempos em tempos. Fique atento ao momento de mercado para reequilibrar suas posições segundo os movimentos macroeconômicos.
Paula Zogbi, gerente de Research e head de conteúdo da Nomad

Para quem tem o objetivo de ter uma alocação dolarizada, Villegas diz que é preciso ficar atento sobre qual estratégia seguir. "É importante fazer uma avaliação da empresa e também se esse risco cambial valeria a pena, porque imagina que em uma janela de um ano o ativo valorizou 20%, mas o dólar caiu 10% em relação ao real. Então, o retorno desse BDR vai ser de 10%. Ou seja, aqui no Brasil, se ele fizesse uma alocação em reais, seria possível encontrar empresas que tivessem uma valorização maior", diz.

Outra opção de lucrar com esse investimento seria por alocações em ETFs de BDRs. Os ETFs são fundos listados em Bolsa, que costumam conter vários ativos numa mesma tese. Quando o investidor compra o BDR, ele está se expondo ao risco daquele determinado ativo. Quando ele compra um ETF de BDR, automaticamente, ele ganha uma carteira diversificada e mitiga um pouco os riscos.

O especialista da Genial Investimentos diz que investir em segmentos em que o investidor acredita, seja na B3 ou no mercado internacional, também pode ser um caminho. "Se esse investidor quer ter um ativo ligado à renda variável e acredita, por exemplo, no setor de petróleo, ele pode comprar ações da Petrobras na B3 e pode comprar também papéis da ExxonMobil, uma petroleira listada na Bolsa dos Estados Unidos", diz.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.