Investimentos sazonais: entenda a estratégia de lucrar mais conforme o mês
A decisão de investir em diferentes papéis conforme as estações do ano é uma estratégia chamada de investimentos sazonais. Essa estratégia é usada quando o investidor tenta encontrar padrões no histórico daquela empresa para fazer escolhas mais assertivas, como o "rally de janeiro" e o "rally de dezembro", por exemplo. Especialistas ouvidos pelo UOL disseram que é possível identificar algum desses momentos, mas não é algo recomendado.
Sazonalidade e seus riscos
Muitas informações precisam ser levadas em conta antes de investir, não apenas questões sazonais. O aumento do consumo no varejo durante as festas de fim de ano ou o crescimento de setores agrícolas em épocas de colheita acabam sendo períodos que chamam a atenção daqueles que tentam explorar essas tendências para maximizar retornos. Mas todo esse padrão pode acabar sendo alterado devido a fatores econômicos e climáticos que podem pegar esses investidores desprevenidos.
Termos como "rally de janeiro" e o "rally de dezembro" são conhecidos quando se fala em investir por sazonalidade. Eles indicam que o mês de janeiro e dezembro supostamente são melhores para investir, devido a fatores comportamentais, com festas de fim de ano, início de um novo ano fiscal, mais pessoas entrando na bolsa, por exemplo.
Não há segurança nessa prática. Ao UOL, Alvaro Bandeira, Coordenador de Economia da Apimec Brasil (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais do Brasil), disse que não acredita nas estratégias dos "rallys", mas que é sim possível observar um padrão de repetição ao longo do ano, mesmo que não seja a estratégia mais segura.
Estatisticamente é sempre possível detectar alguns desses momentos, como, por exemplo, férias de verão no hemisfério norte, que sempre reduzem um pouco o ímpeto dos gestores de recursos, períodos de divulgação de balanços, períodos de divulgação de dividendos, mudanças de política econômica ou de política monetária afetando os investimentos. Então você vai sempre conseguir alguma forma de lançar isso como sendo uma sazonalidade dos mercados", disse o especialista.
Alvaro Bandeira, Coordenador de Economia da Apimec Brasil
O ideal é investir sempre. Gilvan Bueno, especialista em finanças, diz que apostar nos investimentos sazonais é arriscado: "Não é tão óbvio. O rally acontece em dezembro historicamente, mas tem vezes que ele não acontece, porque tem as férias escolares. Então, dezembro normalmente é um mercado que, dependendo da região, pode ter poucos compradores, porque está todo mundo de férias", explicou.
Outro fator que também pode alterar os padrões sazonais são os conflitos políticos, que sendo dentro ou fora do Brasil, podem refletir no desempenho dos papéis. Por isso, a melhor estratégia para Gilvan é investir o ano inteiro, de forma recorrente.
As mudanças de política monetária também podem interferir nos investimentos, segundo Álvaro Bandeira. Em determinados momentos de alta nas taxas de juros pode ser bom aplicar na renda fixa e em pré-fixados, já em momentos de baixa ou oscilações, o pós-fixados tende a ser mais interessante.
Mudança de estação não têm influência. O especialista da Apimec Brasil explica que o fato de primavera, verão, outono ou inverno não vai impactar tanto no retorno dos investimentos nem no desempenho das empresas, já que toda essa sazonalidade é prevista dentro da cadeia de produção de quem depende das questões climáticas.
O que acontece é que algumas empresas são cíclicas, como as de varejo e principalmente as empresas do setor agrícola e de proteínas, mas isso já fica mapeado no resultado daquele trimestre comparativo igual ao trimestre do ano anterior e no próprio resultado anual das empresas. O que existe é uma expectativa de que essas empresas cíclicas irão se movimentar bem nos ciclos positivos, como o varejo no dia dos namorados ou Black Friday e Natal.
Alvaro Bandeira, Coordenador de Economia da Apimec Brasil
Os períodos dos resultados corporativos também podem influenciar o resultado dos investimentos. "Hoje significa bastante os resultados trimestrais e os conference calls que as empresas fazem para explicar esses dados. Inclusive, as empresas líderes estão todas de olho para ver como foi esse desenpenho", disse Álvaro.
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