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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Ex-chefe da Abin não vê fraude em 2018, mas apoia debate de voto impresso

General Etchegoyen participou de grupo do TSE que acompanhou eleição em 2018 - Divulgação
General Etchegoyen participou de grupo do TSE que acompanhou eleição em 2018 Imagem: Divulgação

Do UOL, em Brasília

20/05/2021 04h00

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No primeiro semestre de 2018, o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Sergio Etchegoyen, realizou uma viagem à França e Alemanha, acompanhado de membros da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), para tratar das experiências daqueles países com os incidentes ocorridos em eleições locais.

O objetivo do ministro, que era o chefe da Abin, era assegurar que as eleições de 2018 ocorressem com tranquilidade e segurança no Brasil.

Pouco antes do início da campanha, Etchegoyen procurou a ministra Rosa Weber, então presidente do TSE para fazer um relato das viagens. Pouco tempo depois, foi convidado por Rosa Weber para integrar, como chefe do GSI, junto com os ministros da Defesa e da Segurança Pública, um grupo de trabalho que ela organizou para assessorá-la.

"Discorri à ministra basicamente sobre fraude, fake news e interferência externa nos pleitos daquelas nações", lembrou Etchegoyen, em conversa com a coluna. "Apresentei testemunhos e fatos das agências de inteligência francesa e alemã com o propósito exclusivo de alertar para a necessidade de que se garantisse uma disputa justa, honesta e confiável, que não manchasse o nosso processo eleitoral e, por consequência, nossa Democracia", diz.

A avaliação do ex-ministro é que sob o comando de Rosa Weber o TSE realizou "um eficiente trabalho".

Questionado sobre as afirmações do presidente Jair Bolsonaro de que ele teria sido eleito no primeiro turno e que teria provas de fraudes no pleito, Etchegoyen diz que não tem conhecimento "de nenhum dado que confirme isso". Até hoje, o presidente não apresentou essas supostas provas.

'Guerrilha digital'

O general lamenta ainda o fato de algumas montagens falsas com a foto dele e frases de que ele teria ajudado a evitar a volta do PT ao poder em 2018 estarem circulando nas redes. Para o ex-ministro, "honestidade de propósito é conceito pouco valorizado nesse submundo da guerrilha digital".

Esse tipo de informação falsa comete algumas injustiças, à atuação do TSE naquele pleito que tive o privilégio de acompanhar diariamente em reuniões naquela Corte, então presidida pela Ministra Rosa Weber, com os técnicos do Tribunal e com minha equipe, ao insinuar que todos se disporiam a uma conspiração que fosse além de cooperar para um processo eleitoral justo e confiável", afirma.

Voto impresso

Indagado sobre como avalia o movimento do Congresso, apoiado pelo presidente Bolsonaro, de colocar em pauta o projeto que quer tornar obrigatória a impressão de cédulas de papel após votação na urna eletrônica, apelidado de PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do voto impresso, o ex-ministro afirma que pode ser uma "discussão válida".

"Imagino que virá desse debate a resposta sobre a conveniência de adotar a medida", diz.

Etchegoyen afirma ainda a justificativa do TSE de que a proposta pode custar até R$ 2,5 bilhões aos cofres públicos não pode ser argumento para impedir a discussão. "O custo fará parte do debate", afirma.

Para o ex-chefe da inteligência brasileira, apesar da confiança no pleito de 2018, a segurança das urnas eletrônicas jamais pode ser descuidada, isso porque "tecnicamente não existe aparato eletrônico invulnerável".

"A vigilância sobre eventuais anomalias do sistema é que fará a diferença. Quer dizer, é preciso manter o sistema sob permanente observação para assegurar sua confiabilidade e acho que a equipe do TSE fez isso em 2018", completa.

Conselho ao eleitor

O general também avalia que cabe ao eleitor brasileiro a fiscalização do pleito, zelando pela confiabilidade do sistema, e também com responsabilidade na escolha de seus candidatos.

"Não basta escolher bem a quem confiar o voto, é preciso também cuidar do processo que define os resultados, exercer de fato a cidadania, e isso inclui fiscalizar tudo que a envolve como eleitor e como contribuinte", diz. Nunca devemos esquecer que os políticos são escolhidos e remunerados por nós. Quando reclamamos de suas ações temos que lembrar dos critérios das nossas próprias escolhas", completa.