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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Bolsonaro escolhe "olhos do Planalto" para ser número 2 do Meio Ambiente

Fernando Wandscheer de Moura com o presidente Jair Bolsonaro - Reprodução/Twitter
Fernando Wandscheer de Moura com o presidente Jair Bolsonaro Imagem: Reprodução/Twitter

e Rafael Neves, do UOL em Brasília

30/06/2021 15h13

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Uma semana depois da saída de Ricardo Salles do Ministério do Meio Ambiente, o presidente Jair Bolsonaro trocou nesta quarta-feira (30) o secretário-executivo da pasta, uma espécie de "vice" do ministro.

O novo ocupante do cargo é Fernando Moura Alves, nome próximo do Planalto, ex-secretário executivo da Casa Civil e que atualmente estava na Secretaria Geral da Presidência, um dos quatro ministérios palacianos. A nomeação foi publicada hoje no Diário Oficial da União.

A exemplo de outros membros do governo, Bolsonaro conhece Fernando Alves de longa data e é amigo do pai do novo secretário, o coronel Luis Vicente de Moura Alves.

Neste núcleo considerado próximo, Fernando Moura Alves é da geração dos filhos do presidente, assim como Vicente Santini (atual secretário-executivo da Secretaria Geral) e Jorge Oliveira (ex-ministro palaciano e atual ministro do TCU), que gozam de proximidade antiga com o presidente e seus filhos.

Segundo fontes do Planalto, a indicação de Moura para o Meio Ambiente tem como principal objetivo colocar um quadro técnico administrativo para que o novo ministro, Joaquim Álvaro Pereira Leite, possa tocar questões mais políticas.

Mas, enquanto auxiliares palacianos dizem que não há intenção de ingerência ou fiscalização do novo ministro, no ministério do Meio Ambiente, a chegada de Fernando Moura está sendo vista como uma espécie de "olhos do Planalto" na nova gestão.

Fontes da pasta afirmam ainda que a escolha do ministro Joaquim Leite teria sido de Salles e que por isso o governo não tem plena confiança no novo ministro. Joaquim Leite tem um perfil apontado como "menos combativo, menos bélico, mais do diálogo", inclusive tentando dialogar com ONGs, por isso o Planalto escalou Fernando Moura "para ajudá-lo".

Salles deixou o ministério alvo de investigações e o governo está agora envolto em uma de suas principais crises por suspeita de corrupção no Ministério da Saúde. Há quem acredite que a troca seria uma tentativa de blindar o presidente de mais problemas futuros, desta vez, na área ambiental.

Fontes do Planalto dizem ainda que é natural que com a mudança do ministro alguns cargos sejam trocados e afirmam que nos próximos dias a pasta deve passar por mais mudanças.

De saída

O novo secretário executivo do Meio Ambiente entra no lugar de Luis Gustavo Biagioni, um policial militar de São Paulo que estava no cargo desde agosto de 2019 e também era tido como um nome de confiança do ex-ministro Ricardo Salles.

Ao UOL, uma fonte no ministério afirmou que o novo ministro pretendia manter Biagioni no cargo, mas teve que aceitar a substituição por imposição do Planalto. "O Biagioni era muito bem quisto pelos servidores, pois não era negacionista e dialogava com toda a equipe", afirmou este servidor.

No Planalto, a versão que corre é que teria sido o próprio Biagioni que pediu para deixar o cargo. Apesar disso, sua exoneração, que também foi publicada hoje no Diário Oficial da União, não registrou que sua saída teria sido "a pedido".