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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Com centrão, governo quer blindar reformas da briga entre Bolsonaro e STF

Jair Bolsonaro e Ciro Nogueira em posse do novo ministro - Isac Nóbrega/PR
Jair Bolsonaro e Ciro Nogueira em posse do novo ministro Imagem: Isac Nóbrega/PR

Do UOL, em Brasília

06/08/2021 04h00

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A escalada crescente da briga entre o presidente Jair Bolsonaro e o Poder Judiciário, pelo menos por enquanto, segue distante do Congresso. Ontem, em uma vitória para os ministros Paulo Guedes (Economia) e Fábio Faria (Comunicações), o governo aprovou na Câmara o projeto que abre espaço para a privatização dos Correios.

Na semana que vem, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), promete avançar com outras pautas como a MP do BEm, que virou uma minirreforma trabalhista, e até a reforma tributária. Essas três matérias estão no pacote' que o governo espera aprovar em retribuição à nomeação de Ciro Nogueira (PP-PI) para ministro da Casa Civil, que selou a chegada do centrão ao coração do governo.

A bomba dos precatórios

Apesar da boa sinalização com a aprovação do projeto dos Correios, Guedes ainda tem um grande desafio pela frente: a aprovação da PEC dos precatórios, que representam um meteoro - nas palavras no ministro - no caixa da União.

O placar da aprovação do PL dos Correios - de 286 votos favoráveis e 173 contrários - mostra que ainda será preciso mais articulação para a aprovação da PEC, que necessita, no mínimo, de 308 votos, em dois turnos.

Auxiliares do presidente tentaram distanciar a crise entre as instituições das votações e disseram que o centrão sabe que o momento é de evitar que o Congresso entre na briga entre os outros dois Poderes.

A justificativa, segundo parlamentares e ministros, é que todos partilham da ideia de que o avanço da pauta econômica é necessário para a retomada do crescimento do país e também para viabilizar os planos eleitorais de Bolsonaro e dos deputados e senadores.

No máximo, como dizem nos bastidores de Brasília, "o preço pode subir".

Responsabilidade fiscal

Nesta semana, o presidente Bolsonaro oficializou que o novo Bolsa Família se chamará Auxílio Brasil e que terá um valor "pelo menos 50% maior" do que o atual benefício.

De onde virá o dinheiro? Ainda não se sabe. Há muitas propostas em estudo e poucas respostas. Muitas delas, como a PEC dos precatórios, depende do Congresso.

Bolsonaro não parece preocupado com isso. Aceitou a sugestão de Ciro Nogueira de tentar ampliar o Bolsa Família para R$ 400 e colocou mais um problema no colo do Posto Ipiranga, que tenta segurar de pé o mantra da responsabilidade fiscal e do respeito ao teto de gastos.

Sem detalhar o novo programa, o presidente disse que deixaria "os outros 50% para o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciar".

Guedes enfraquecido?

Também nesta semana, Guedes teve que ceder num acordo feito com o presidente durante a recriação do Ministério do Trabalho. Bolsonaro tirou Bruno Bianco da secretária-executiva da nova pasta e o escolheu para ser o novo Advogado-Geral da União.

A ideia, segundo interlocutores da Economia, era de que houvesse uma continuidade nos trabalhados elaborados por Guedes ao deixar Bianco na pasta agora sob o comando do ministro Onyx Lorenzoni.

Guedes também trabalha com a possibilidade de a pasta retornar à Economia, caso Onxy seja candidato no ano que vem, o que o obrigará a deixar o cargo em abril.

Auxiliares do ministro minimizam a saída de Bianco e dizem que o escolhido para o seu lugar NO Trabalho deve ser Bruno Dalcomo, que era uma espécie de "número dois" de Bianco na pasta de Guedes.