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Presidente dos Correios diz esperar que senadores não travem privatização
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O presidente dos Correios, general Floriano Peixoto, afirmou nesta terça-feira (1º) que trabalha com a expectativa de que o projeto de lei que abre espaço para a privatização dos Correios não fique parado no Senado.
"Não há muito senso de que depois de um trabalho longo, dedicado e comprometido envolvendo vários entes, o tema fique parado e não prossiga", disse à coluna.
O general admitiu, no entanto, que tudo depende de "vontade política", mas afirmou que o projeto em discussão "será bom para o Brasil, para a empresa e para os funcionários". "Não faz sentido que os parlamentares não caminhem neste sentido e travem (o projeto)", afirmou.
Ao lado da secretária especial do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Martha Seillier, Peixoto se mostrou otimista mesmo com o fato de 2022 ser um ano eleitoral. "Estamos preparando a empresa para ser anunciada para o mercado", disse o general.
Martha Seillier, por sua vez, afirmou que acredita que a estatal tem potencial para atrair investidores e salientou o trabalho da atual gestão, que colocou a empresa no azul. "Isso favorece a vinda do investidor, vendo uma empresa com balanço recuperado, saudável financeiramente", disse.
A secretária, porém, reforçou que a data limite para que a privatização saia do papel ainda este ano é que a matéria seja aprovada até abril.
Floriano e Martha participaram de um evento hoje em Brasília por conta da semana de comemorações alusivas ao Dia do Carteiro e aos 359 anos do Serviço Postal no Brasil.
Ainda em comissão
O Senado retoma oficialmente os trabalhos nesta semana com o tema Correios ainda parado na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos). Em novembro do ano passado, uma mudança no relatório da proposta de privatização adiou a votação do texto.
A mudança foi acordada com o governo para reduzir as resistências de senadores da região Norte. Em seu parecer o relator da proposta, senador Márcio Bittar (PSL-AC), incluiu um dispositivo no texto para proibir o fechamento de agências dos Correios, pelo prazo de 60 meses após a privatização, em municípios da Amazônia Legal com menos de 15 mil habitantes.
A secretária do PPI disse que o governo segue aberto ao diálogo para outros aprimoramentos no texto, mas rechaçou a possibilidade de que se caminhe para uma sociedade mista, com o governo ainda mantendo o domínio da estatal.
"Isso mudaria completamente a lógica do projeto. (A sociedade mista) é um modelo que não dá certo, que não inverte a lógica de tirar a empresa das amarras públicas", disse
Martha admitiu as dificuldades no Congresso, mas disse que tem obrigação de se manter confiante. "Quando a gente acredita no projeto e que ele é bom para o país, temos que estar confiante. Uma hora vai", disse.
A secretária é subordinada ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que também tem tentado mostrar otimismo com o avanço da privatização dos Correios. Na última sexta-feira (28), Guedes falou que acredita que o Senado vai aprovar a privatização da estatal. "Os Correios e a Eletrobras estão na pista para a privatização", disse.
O PL que permite a privatização dos Correios foi aprovado em agosto do ano passado na Câmara dos Deputados. Se o Senado aprovar o texto com mudanças ele terá que retornar à Câmara.
A proposta encaminhada pelo governo em fevereiro do ano passado autoriza a exploração de todos os serviços postais pela iniciativa privada. Entre outros vários pontos o texto determina que os trabalhadores da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) não sejam demitidos pelo período de 18 meses após a privatização.
Funcionários são contra
A ADCAP (Associação dos Profissionais dos Correios), que trabalha contra a aprovação do projeto de lei, afirma que a privatização "não trará benefício algum seja para o país, para os funcionários e muito menos para a empresa".
"O projeto em questão tem sido conduzido de forma atropelada, desde que começou a andar, ainda na Câmara, onde sequer tramitou pelas comissões temáticas da Casa, cuja avaliação é essencial em projetos dessa importância", afirmou, em nota.
A Associação afirma ainda que o projeto coloca em risco a integração nacional e que "se a regulação for fraca, milhares de municípios poderão ficar sem o serviço postal". "Como isso seria benéfico ao Brasil?", questiona a ADCAP.
A entidade diz ainda a privatização pode colocar em risco empregos e prejudicar a relação trabalhista. "O operador privado vê na demissão de pessoal e no fechamento de agências deficitárias a maneira mais rápida de aumentar seus lucros. Foi exatamente o que aconteceu quando privatizaram o serviço postal de Portugal, caso mais recente de país que entregou seus correios para a iniciativa privada", diz.
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