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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Bolsonaro teve conversa 'amistosa' e pediu mais diálogo a Moraes e Fachin

Jair Bolsonaro e Alexandre de Moraes - Montagem
Jair Bolsonaro e Alexandre de Moraes Imagem: Montagem

Do UOL, em Brasília

07/02/2022 14h23

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O encontro entre o presidente Jair Bolsonaro e os ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), foi marcado nesta segunda-feira (7) por uma proposta que o próprio chefe do país parece ter deixado de lado nos últimos três anos de seu mandato.

Conhecido pelos embates e por subir o tom contra o Judiciário, Bolsonaro pregou a Fachin e Moraes mais diálogo. Vale lembrar aqui que os dois ministros do Supremo já foram atacados pessoalmente pelo presidente.

A conversa, que durou cerca de 10 minutos, foi classificada por auxiliares do presidente como 'rápida, porém, bastante amistosa'. Os aliados dizem ainda que Bolsonaro fez um aceno por melhorias na relação entre os poderes e que Fachin e Moraes teriam se colocado à disposição para dialogar.

Esse foi o primeiro encontro de Bolsonaro com Moraes após descumprir ordem do ministro para que prestasse depoimento no inquérito que investiga o vazamento de dados sigilosos.

Oficialmente, o encontro foi agendado para que os ministros entregassem ao presidente o convite para a cerimônia de posse do TSE , no dia 22 deste mês, na qual Fachin e Moraes assumirão como presidente e vice-presidente do Tribunal, respectivamente.

Bolsonaro recebeu o convite, porém disse aos ministros que possivelmente não irá comparecer à cerimônia pois estaria em viagem pela Europa. O presidente tem uma agenda internacional a partir do dia 14, onde visitará a Rússia, mas a princípio retornará ao Brasil no dia 18, ou seja, poderia comparecer ao evento.

Agora, resta saber se a sugestão de maior interlocução vai ser posta em prática e se, de fato, Bolsonaro vai mudar sua postura combativa em relação ao Judiciário.

Relações conflituosas

A relação de Bolsonaro com o TSE — e principalmente com os ministros Moraes e Barroso — é conturbada, sendo marcada por ataques públicos do presidente e críticas dos dois lados.

No mês passado, Bolsonaro acusou Edson Fachin de ser "trotskista e leninista" por ter votado contra o marco temporal das terras indígenas.

Quando Fachin anulou as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no ano passado, Bolsonaro disse que o ministro tem "forte ligação com o PT".

Já o conflito entre Bolsonaro e os ministros Moraes e Barroso é ainda mais intenso. No ano passado, o presidente xingou Barroso de "filho da p...".

Também em 2021, Bolsonaro atacou Moraes durante ato do 7 de Setembro na avenida Paulista, em São Paulo, chamando-o de "canalha" e afirmando que não obedeceria às decisões do ministro.

Há alguns dias, o presidente não atendeu uma ordem de Mores para prestar depoimento à Polícia Federal sobre o inquérito que apura a divulgação de documentos sigilosos por parte do presidente questionando justamente a lisura das urnas eletrônicas.