Dólar sobe a R$ 3,882, maior valor desde 2002, mesmo após Fed manter juros
Do UOL, em São Paulo
17/09/2015 17h10
O dólar comercial chegou a bater R$ 3,909 durante o dia, mas depois reduziu um pouco a alta e fechou com valorização de 1,25% nesta quinta-feira (17), a R$ 3,882 na venda. É o maior valor de fechamento desde 23 de outubro de 2002 (R$ 3,915).
A moeda norte-americana avançou mesmo após os EUA decidirem adiar a alta de juros por lá.
Na véspera, o dólar tinha caído 0,74%.
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Cenário internacional
O Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) manteve a taxa de juros perto de zero, após uma reunião de dois dias.
Os EUA não elevam a taxa de juros desde 2006. Os juros de referência por lá estão num nível historicamente baixo -entre zero e 0,25% ao ano- desde o final de 2008. Para efeito de comparação, a taxa de referência atual no Brasil (Selic) é de 14,25% ao ano.
Juros mais alto nos EUA preocupam investidores, pois podem atrair para lá recursos atualmente investidos em outros países, como o Brasil.
Cenário nacional
No Brasil, investidores continuavam preocupados com a viabilidade do ajuste das contas públicas brasileiras.
Notícia publicada no jornal “Valor Econômico” nesta manhã diz que o Instituto Lula e o PT estariam defendendo a flexibilização das políticas fiscal e monetária. Isso implicaria na redução da taxa de juros "na marra" e no afrouxamento do gasto público. Essa saída somente seria possível com a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.
Investidores avaliaram que esse cenário poderia precipitar a perda do selo de bom pagador brasileiro por outras agências de classificação de risco, além da Standard & Poor's, provocando fuga de capital do país.
Além disso, a crise política cada vez mais intensa fazia investidores adotarem ainda mais cautela.
Atuações do BC
Nesta manhã, o Banco Central brasileiro deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais (equivalentes à venda futura de dólares) que vencem em outubro, vendendo a oferta total de até 9.450 contratos. Ao todo, já rolou o equivalente a US$ 5,414 bilhões, ou cerca de 57% do lote total, que corresponde a US$ 9,458 bilhões.
Os leilões de rolagem servem para adiar os vencimentos de contratos que foram vendidos no passado.
(Com Reuters)