Bolsa sobe 2,27%, mas não recupera perdas de ontem; dólar cai 0,21%
Do UOL, em São Paulo
23/02/2021 17h26Atualizada em 23/02/2021 18h43
O Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores brasileira, fechou em alta hoje (23), mas não conseguiu recuperar as perdas sofridas ontem. O índice teve valorização de 2,27% aos 115.227,46 pontos, com o mercado se recuperando parcialmente das perdas após a intervenção do governo Bolsonaro na Petrobras.
Ontem (22), o índice despencou 4,87%, aos 112.667,70 pontos, em reação à indicação do general Joaquim Silva e Luna para assumir o cargo de presidente da Petrobras.
Os papéis preferenciais da Petrobras, que são os mais negociados, subiram 12,17% no dia, enquanto as ações ordinárias, com direito a voto, tiveram alta de 8,96%. Ontem os papéis caíram mais de 20%.
As ações da Eletrobras lideraram os ganhos na Bolsa, com 13,01% de alta. Na outra ponta, os papéis das Lojas Americanas caíram 5,94%
Já o dólar comercial fechou hoje (23) em queda de 0,21% ante o real, cotado a R$ 5,442 na venda. Ontem, a moeda norte-americana teve alta de 1,27% ante o real, cotado a R$ 5,454 na venda, mas chegou a operar em alta de mais 2%.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
Mercado monitora riscos fiscais
Os agentes do mercado ficaram mais aliviados depois dos ganhos do dólar, registrados na véspera, e da queda brusca na Bolsa, enquanto os operadores monitoravam com cautela os riscos políticos e fiscais do Brasil.
Ontem, o mercado contou com atuação do Banco Central para segurar a alta do dólar ante o real, movimento impulsionado pelo aumento do risco político depois de Bolsonaro intervir na direção da estatal e falar em mudanças em outras companhias e setores.
Bolsonaro anunciou na última sexta-feira que o governo decidiu indicar o general Joaquim Silva e Luna para assumir os cargos de conselheiro e presidente da Petrobras após o encerramento do mandato do atual CEO da companhia, Roberto Castello Branco.
Por isso, depois de um dia tenso nos mercados brasileiros, vários analistas citavam a permanência da cautela diante de um cenário ainda nebuloso, apesar da alta da Bolsa de hoje.
"É nesta zona cinzenta de informação que o mercado não pode operar, pois ao sinalizar intervenção em uma empresa de capital aberto, sem cumprir todos os requisitos legais e formais para tanto, com viés de mudança de políticas internas, o governo age como se a empresa (Petrobras) fosse mais um ente governamental", opinou Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, em nota à Reuters.
"Tudo isso vem a reboque da demora da aprovação de um novo pacote de auxílio emergencial e atraso com a vacinação em nível nacional", completou.
Além disso, na segunda-feira, o relator da chamada PEC emergencial, senador Marcio Bittar (MDB-AC), apresentou parecer preliminar à proposta para permitir a concessão de um auxílio emergencial neste ano aos mais vulneráveis diante da crise do coronavírus.
Sem prever valores para a prorrogação do auxílio, o texto do relator obtido pela Reuters traz inovação negociada entre o governo e os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para estabelecer uma "cláusula de calamidade", conferindo mais flexibilidade a despesas públicas voltadas ao combate de crises.
Já no exterior, os investidores ficavam atentos à inflação e aos rendimentos norte-americanos, enquanto aguardavam um discurso do presidente do FED (Federal Reserve, o banco central norte-americano), Jerome Powell.
"Pressionados pela alta dos juros dos títulos do Tesouro americano, os pregões europeus e os índices futuros norte-americanos operam em baixa nesta manhã, ao passo que o dólar se fortalece ante a maioria das moedas", escreveram analistas do Bradesco.
Powell deve informar aos parlamentares norte-americanos uma atualização sobre a economia, que ainda está se recuperando da pandemia, mas pode se recuperar no final deste ano caso o programa de vacinação dos Estados Unidos ganhe força.
(Com Reuters)