Dólar fica em R$ 5,058 após 1ª intervenção do BC desde 2022; Bolsa sobe
O dólar fechou praticamente estável, com leve queda de 0,02%, vendido a R$ 5,058, influenciado por um leilão extraordinário do Banco Central no mercado de câmbio. A moeda americana acumulou alta de 0,86% frente ao real em março.
Já o Ibovespa subiu 0,44% e chegou aos 127.548,52 pontos, recuperando parte das perdas registradas na véspera. No mês passado, o principal índice da B3 recuou 0,71%.
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O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial (saiba mais clicando aqui). Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, a referência é o dólar turismo, e o valor é bem mais alto.
O que aconteceu
BC anunciou até US$ 1 bilhão em contratos de swap cambial na sessão. O objetivo, segundo a autarquia, era atender parte da demanda gerada pelo resgate de cerca de US$ 3,6 bilhões em títulos públicos NTN-A3, previsto para 15 de abril. Indexado ao dólar, o NTN-A3 não é negociado há anos pelo Tesouro Nacional, mas ainda há no mercado algumas instituições que detêm o papel em suas carteiras.
Foi a primeira intervenção do BC no câmbio desde o final de 2022. A prática tem efeito equivalente à venda de dólares no mercado futuro e não envolve as reservas de moeda estrangeira do país. A operação de hoje, contudo, não se confunde com os leilões diários que vêm sendo realizados pelo BC para renegociação dos vencimentos de junho.
Em paralelo, mercado repercutiu novos dados dos EUA. As encomendas à indústria subiram 1,4% em fevereiro, enquanto o número de vagas de emprego disponíveis ficou quase estável — dados que ajudam investidores a balizar suas expectativas para os juros americanos. Por ora, o mercado vê chance de 62% de o Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) cortar os juros em 0,25 ponto percentual em junho, de acordo com a ferramenta FedWatch.
Juros estáveis nos EUA costumam beneficiar o dólar. Isso acontece porque, com os juros em patamar ainda elevado, os investidores redirecionam recursos para o mercado de renda fixa americano, considerado muito seguro. Por outro lado, sinais de que o Fed vai começar a reduzir os juros em breve tendem a impulsionar moedas mais arriscadas, porém mais rentáveis, como o real.
O BC está usando como justificativa o vencimento de títulos de dívida para o dia 15 de abril... Mas, na verdade, ele poderia ter feito essa intervenção em qualquer momento entre o dia 2 e o dia 15. É fato que a desvalorização recente do real deve estar preocupando o BC, que busca conter um movimento de alta mais expressivo e reduzir a volatilidade para taxa de câmbio.
Leonel Mattos, analista da StoneX, à Reuters
A falta de confiança na Bolsa é reflexo dos mais recentes dados da economia americana, que refletem atividade aquecida. Na minha visão, a provável manutenção dos juros [nos EUA] por mais tempo do que o esperado desestimula os investidores a buscar retornos maiores em outros mercados, como a Bolsa brasileira.
Felipe Pohren de Castro, sócio da Matriz Capital, ao UOL
(Com Reuters)