Bolsa cai e dólar sobe com Rússia elevando a aversão a risco
Lílian Cunha
Colaboração para o UOL
19/11/2024 10h13Atualizada em 19/11/2024 10h48
A Bolsa de Valores de São Paulo começa esta terça-feira (19), véspera de feriado, em baixa e o dólar em alta. Os investidores buscam hoje aplicações mais seguras, evitando mercados emergentes, como o Brasil, em meio a um cenário de aversão a risco com a escalada das tensões entre a Rússia e a Ucrânia. Isso fortalece o dólar.
A Rússia já está considerando o uso de armas nucleares, conforme disse o presidente, Vladimir Putin. Isso depois dos Estados Unidos darem permissão para que a Ucrânia dispare mísseis de longo alcance americanos na Rússia.
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Também seguem no radar o corte de gastos e o último dia da cúpula de líderes do G20, no Rio de Janeiro.
O que está acontecendo
Por volta de 10:30, a Bolsa de Valores de São Paulo tinha queda de 0,29%. O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, desvaloriza para 127.391 pontos.
O dólar comercial era negociado em elevação de 0,83%, vendido a R$ 5,795. O turismo era vendido com valorização de 0,50%, para R$ 5,998.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,12%, a 106,359.
A fuga do risco afetava particularmente moedas emergentes, mais voláteis nesses cenários, com a moeda dos EUA avançando sobre o real, peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno. "O real está em desvantagem em relação às moedas `porto seguro´ até o momento. A aversão ao risco varre os mercados em meio a temores de uma possível escalada na guerra entre a Rússia e a Ucrânia. No entanto, até o momento, o movimento tem sido relativamente contido", disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.
No cenário doméstico, investidores continuam no aguardo do anúncio de medidas de contenção de gastos pelo governo. Espera-se que o pacote de corte de gastos seja divulgado na quinta-feira (21).
Essa expectativa acaba impondo um teto de alta para o dólar. "Pelo menos na aparência, os investidores parecem não querer apostar contra o real neste momento, não ultrapassando a barreira dos R$ 5,80, por conta da iminência dessa divulgação", diz Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX.
Quando o pacote for divulgado, isso pode provocar uma queda expressiva na taxa de câmbio. "Por isso, os investidores parecem não querer apostar em uma alta e acabar perdendo dinheiro", explica Mattos.
Existem três cenários possíveis. Se os cortes somarem algo acima de R$ 60 bilhões, é provável uma valorização do real. Entre R$ 30 e R$ 50 bilhões: nada muda. Caso venha abaixo de R$ 30 bilhões, a tendência é de alta da moeda americana. As projeções são de Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas.
Com Reuters