Dólar tem ligeira alta com espera por Fed; Ibovespa sobe 0,73%

Após ganhos acumulados de 2,02% nos dois pregões anteriores, o dólar apresentou fôlego reduzido nesta terça-feira (11). Investidores evitaram apostas mais contundentes na véspera da divulgação de índice de inflação ao consumidor nos EUA e da decisão de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano).

Por aqui, a possibilidade de interrupção do ciclo de cortes da taxa Selic pelo Banco Central neste mês, reforçada pela leitura ruim IPCA de maio, já estaria incorporada à taxa de câmbio, dizem operadores. O IPCA acelerou de 0,38% em abril para 0,46% em maio, no teto das estimativas de Projeções Broadcast. Houve também aceleração das médias dos núcleos e de serviços subjacentes.

O dólar à vista encerrou o pregão em alta de 0,08%, cotado a R$ 5,3610, ainda no maior valor desde 4 de janeiro de 2023 (R$ 5,4524). Foi o terceiro pregão consecutivo de avanço do dólar no mercado doméstico, que já acumula valorização de 2,10% em junho e de 10,46% no ano.

O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, vê um quadro de dólar mais rígido, com a piora recente do quadro fiscal e das expectativas de inflação. Apesar de momentos de alívio na taxa de câmbio, com janelas pontuais de venda de dólar, o real deve seguir fragilizado pelo fluxo desfavorável, com menor superávit comercial em relação ao ano passado e captação externa de empresas abaixo das expectativas.

"Pelo lado fiscal, a situação ainda é ruim, sem garantia da compensação da perda de receita com a desoneração e ainda sem o aval de Lula para que a equipe econômica defina uma meta de crescimento das despesas obrigatórias de saúde e educação", afirma Velho, que estima piso informal do dólar em R$ 5,24.

Bolsa

Tendo permanecido aos 120,7 mil pontos nas duas sessões anteriores, o Ibovespa deu um passo adiante, retomando a linha dos 121 mil, com giro ainda fraco, a R$ 18,1 bilhões, nesta terça-feira (11). O índice da B3 oscilou dos 120.757,20 aos 121.759,04 pontos (+0,83%), encerrando o dia em alta de 0,73%, aos 121.635,06 pontos. Na semana, o Ibovespa avança 0,56%, com perda no ano a 9,35% e, no mês, a 0,38%.

Na B3, em geral, o dia foi de ganhos bem distribuídos pelas ações de primeira linha, as blue chips, à exceção de Vale ON (-0,15%) - que quase zerou as perdas em direção ao fechamento - e de Petrobras, que oscilou ao longo da tarde, com a ON no negativo (-0,08%) e a PN mostrando ganho de 0,43% no encerramento, em sessão de ajuste também discreto para o Brent e o WTI, ambos em leve avanço.

"Depois de vários dias bem negativos, a Bolsa conseguiu dar um respiro hoje. O IPCA decepcionou um pouco, vindo marginalmente acima do esperado após leituras que vinham mais acomodadas, abaixo das expectativas. Mas nada que desabone, apesar do sinal de perda de força no processo desinflacionário", diz Rodrigo Alvarenga, sócio da One Investimentos.

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Ele se refere, também, à desancoragem das expectativas de inflação trazidas no boletim Focus, o que tem se refletido, segundo Alvarenga, especialmente na reprecificação da ponta curta da curva de juros doméstica, que passou a embutir chance de aumento de 25 pontos-base na Selic ainda este ano - ainda que tal cenário esteja fora das considerações dos economistas, no momento.

"A Bolsa brasileira já cai próximo a 10% no ano, um dos piores emergentes em desempenho, embora com uma razão Preço/Lucro muito abaixo da média histórica", diz Andre Fernandes, sócio da A7 Capital. "Em conjunto a isso, as projeções de lucros das empresas vêm sendo revisadas para cima, desde 2023, e o Ibovespa descolou bem dessas revisões. A Bolsa, então, corrigiu hoje parte dessa queda, a qual não está 'conversando' com os fundamentos das empresas - ainda bons, principalmente os de companhias já consolidadas em seus respectivos setores."

*Com informações do Estadão Conteúdo

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