Mesmo com aposentadoria mais difícil, só 2 em cada 10 se preparam para isso
Quer receber matérias como essa toda semana no seu e-mail? Assine a newsletter UOL Investimentos.
Só 19% dos brasileiros tem algum tipo de reserva para a aposentadoria. Mas grande parte, 41%, espera não depender apenas do INSS lá na frente. Segundo a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), é a geração X, que está na faixa de 43 a 62 anos, que se destaca, com maior índice no desejo de usar o retorno das aplicações financeiras para a aposentadoria.
Já nos EUA, a preocupação é maior entre os mais jovens. A geração Z e os millennials estão mais preparados para a aposentadoria do que a geração X e os baby boomers, de acordo com um relatório anual da Goldman Sachs Asset Management. O estudo feito com 5.261 americanos mostra que os mais jovens acreditam estar conduzindo suas economias pelo caminho certo.
Nos EUA, destaque para os mais jovens
Nos EUA, os mais jovens começam a se preparar mais cedo. De acordo com o levantamento da Goldman Sachs Asset Management, a geração Z, que tem entre 16 e 27 anos, e os millennials, de 28 aos 42, estão tomando iniciativa cada vez mais cedo para colocar suas economias no caminho certo. Já os mais velhos, como a geração X e baby boomers, com mais de 63 anos, acabam ficando para trás nos esforços de poupar dinheiro e sentem dificuldade em recuperar o tempo perdido antes de se aposentar.
O relatório mostra que 67% dos millennials e 60% da geração Z têm um plano personalizado para aposentadoria. Já 45% da geração X e dos baby boomers trabalhadores relatam que suas economias estão atrasadas e não têm um planejamento para o futuro. Isso significa que muitos podem não ter estratégias coerentes sobre quanto economizar, como investir e quando podem se aposentar.
Os jovens entrevistados da geração Z guardaram em média US$ 29 mil para a aposentadoria, cerca de R$ 155 mil. Deste grupo, 68% acreditam que estão no caminho certo ou à frente do cronograma. Já 60% já têm um plano financeiro personalizado, principalmente para outras metas financeiras, como comprar casas, carros e economizar para férias.
No caso dos millennials, 69% relatam estar no caminho certo. Já a geração X começa a enfrentar os desafios da aposentadoria precoce: alguns estão parando de trabalhar mais cedo do que o esperado, principalmente devido a problemas de saúde ou familiares. No caso dos baby boomers, muitos ainda se sentem despreparados para a aposentadoria; apenas metade relata que está dentro do cronograma. Dentre as principais preocupações, estão os custos futuros com assistência médica, que podem gerar incertezas sobre gastos futuros.
Brasileiros acima dos 40 se preocupam mais
Só duas em cada dez pessoas (19%) já começaram a fazer uma reserva para a aposentadoria. É o que diz a 7ª edição do Raio X do Investidor Brasileiro publicado pela Anbima. O índice é baixo, mas estável se comparado a 2022 (18%). Cerca de 36% dos não aposentados são investidores. Considerando apenas esse público, um terço declarou ter começado a reserva para a aposentadoria, um aumento de três pontos percentuais na comparação a 2022 (30%).
Menos de 20% das pessoas não aposentadas têm reserva financeira para a aposentadoria. Do grupo dos investidores, o retorno das aplicações é destinado para viagens, passeios e atividades de lazer, característica identificada, principalmente, entre os boomers (16% dos entrevistados), mas a geração X (11%) também mostra interesse, seguida dos millennials (9%). A geração X, que está na faixa de 43 a 62 anos, é a que se destaca, com maior índice entre as demais (11%), no desejo de usar o retorno das aplicações para a aposentadoria.
Ajuda para os pais é importante. Especialista ouvida pelo UOL explica que parte dessa preocupação se dá pela necessidade em ter que ajudar os pais na velhice e não precisar de ajuda para quando chegar a hora de se aposentarem.
"Essas pessoas estão vendo que a idade de se aposentar está cada vez mais perto, e muitos já estão tendo que ajudar os pais ou até mesmo vão precisar trazer esses idosos para morar com eles. Por isso que os 40 mais estão preocupados em investir para aposentadoria, para não ter que depender de ninguém no futuro, até porque as famílias também são menores hoje em dia e muitos nem têm filhos", afirma a planejadora financeira Myrian Lund, professora de finanças na FGV.
E é melhor começar o quanto antes. Os juros compostos fazem com que, no final de 30 anos, o que você colocou de dinheiro representa apenas um terço do valor, o restante são frutos dos rendimentos do que foi aplicado
Segundo a especialista, já é possível observar esse movimento entre as pessoas acima dos 35 pensando no futuro, todas motivadas por não querer repetir o ciclo de ter a vida dos pais. A pesquisa da Anbima mostra que, enquanto 41% dos não aposentados esperam não depender do INSS, 93% de quem já chegou utilizam os recursos da previdência pública. Myrian diz que o desestímulo ao INSS é um dos principais motivos que levam os jovens a não se preocupar tanto com o futuro na velhice quando a geração X.
"O INSS é a única renda vitalícia que existe. As pessoas precisam ter no mínimo isso, mas existe esse desestímulo dizendo que vai acabar. Isso também tem relação direta com o fato de a população, em sua maioria, não ter conhecimento financeiro. O jovem brasileiro não quer investir na previdência pública e nem na privada. Eles acham que podem gerar dinheiro a hora que quiserem", afirma Myrian.
Para ela, "essa geração mais nova quer ganhar bem, acha que a vida vai dar um salto, mas não está pensando nos juros sobre juros e nem em começar mais cedo para ter lá na frente", diz.
Deixe seu comentário