Debêntures incentivadas são opção de investimento isento de IR, saiba mais
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Debêntures incentivadas, um investimento na renda fixa isento da cobrança de IR, estão crescendo na predileção dos investidores. São títulos de dívida voltados a projetos de infraestrutura e que, por isso, recebem o incentivo da isenção de IR. Veja se vale investir.
Investimentos em alta
No primeiro semestre de 2024, os investimentos de pessoas físicas avançaram 7,6% na comparação com igual período do ano passado, chegando a R$ 7 trilhões. Entre os produtos mais buscados pelos investidores estão aqueles inseridos na renda fixa e isentos de Imposto de Renda, que bateram R$ 1,1 trilhão, crescimento de 7,3% no mesmo período. Além de CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) e CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), LCIs (Letras de Crédito Imobiliários) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), uma das alternativas que tiveram aumento na demanda foram as debêntures incentivadas.
Esses papéis ganharam atratividade na primeira metade do ano, com aumento de 13,7% nos investimentos, para R$ 75,1 bilhões. Os dados são da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Por que as debêntures incentivadas estão em alta?
Cobrança de imposto em fundos exclusivos influenciou na procura. Para o sócio da Astra Capital, Guilherme Suzuki, o aumento nas captações dessas debêntures são resultados do projeto de lei (PL 4173/23) do ano passado que aumenta as alíquotas incidentes sobre os fundos exclusivos e offshores.
Com essa nova medida, vimos muitos clientes repensando a estrutura de alocação. Muitos optaram por carteiras administradas de ativos de infraestrutura para "driblar" a incidência de Imposto de Renda sobre o rendimento, como é o caso desse instrumento.
Guilherme Suzuki, sócio da Astra Capital
Investidores estão mais conservadores. O presidente do fórum de distribuição da Anbima, Ademir Aparecido Correa Júnior, explica que o comportamento mais conservador dos investidores nos primeiros seis meses do ano também incentivou a procura pelas debêntures incentivadas. Fernando Siqueira, head de research da Guide Investimentos, afirma que há uma demanda acumulada por produtos de renda fixa. Neste sentido, as debêntures incentivadas saem na frente pela isenção fiscal.
O ganho de maturidade do investidor também joga a favor. É o que diz o sócio e head de renda fixa da Nippur Finance, Jonathan Caye.
Outro fator lembrado por analistas é a Nova Política Industrial do governo Lula (PT). Em janeiro, o governo anunciou um projeto de R$ 300 bilhões até 2026 para financiar iniciativas relacionadas à infraestrutura do país. Para complementar os investimentos de bancos públicos como o BNDES, o governo anunciou, em julho, a lei que cria a Letra de Crédito do Desenvolvimento (LCD), focado em aportes de infraestrutura, indústria, inovação e pequenas empresas.
Vale a pena só por não ter cobrança de IR?
É necessário fazer as contas. Fernando Siqueira, da Guide, diz que não costuma recomendar o investimento porque, na maior parte dos casos, o rendimento acaba não sendo superior a títulos públicos de renda fixa, como o Tesouro Direto, por exemplo. O ideal é sempre fazer a comparação entre investimentos com e sem impostos para entender qual é o mais vantajoso.
Risco de crédito é fator a ser estudado. Para Guilherme Suzuki, da Astra Capital, é possível encontrar títulos de empresas com um risco satisfatório, mas que entregam rentabilidades acima daquelas oferecidas no Tesouro Direto.
Para diminuir o risco da carteira, ele diz que uma dica é fazer uma diversificação setorial, escolhendo companhias de diferentes segmentos. Ele indica avaliar o setor em que a empresa está inserida, o tamanho da sua dívida e os fundamentos antes de tomar uma decisão. Além disso, é preciso mensurar o risco do projeto em si, já que a empresa pode, eventualmente, não honrar com os pagamentos, completa Siqueira, da Guide.
É possível negociar o investimento no mercado secundário. Segundo Caye, da Nippur Finance, esse é outro fator de atratividade das debêntures incentivadas. Como exemplo, ele afirma que uma debênture contratada a uma taxa de 12% ao ano, passará a ser negociada a 10% com uma eventual queda na taxa de juros. Mas se um investidor quiser se desfazer de forma antecipada daquele investimento no mercado secundário, o interessado deverá pagar um valor maior, como os 12% ao ano.
É um título tem uma alta liquidez. Por mais que você contrate uma debênture que vai vencer em 10 anos, é possível sair dela a qualquer momento. Além disso, se a condição de mercado for favorável, se a taxa de juros cair, há a possibilidade de fazer uma saída antecipada e ainda ganhar mais do que o contratado como rentabilidade
Jonathan Caye, sócio e head de renda fixa da Nippur Finance
Falta de cobertura do FGC é ponto de alerta. Títulos como CDBs, Recibos de Depósitos Bancários (RDBs), LCIs e LCAs, assim como Letras de Câmbio (LC) possuem cobertura de até R$ 250 mil por instituição financeira, chegando a R$ 1 milhão por CPF ou CNPJ. No entanto, este não é o caso das debêntures incentivadas.
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