Bartender pode ganhar até R$ 8.000; veja dicas para viver fazendo drinques
"Garçom, aqui, nessa mesa de bar...". Muita coisa mudou desde quando Reginaldo Rossi escreveu a música símbolo dos afogadores de mágoas. Se, naquela época, quem servia bebida precisava apenas de equilíbrio com bandejas e um bom ouvido, hoje a categoria está crescendo e exige especialização.
Os bartenders, agora também conhecidos como mixologistas, têm um bom mercado de trabalho e os mais disputados podem ganhar até R$ 8.000, afirma Rodolfo Bob, consultor que também dá aulas de formação na área.
Segundo dados da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), a falta de mão de obra qualificada no setor chega a 15%.
"É uma área muito carente de bons profissionais. Quem encara com seriedade tem destaque grande", afirma Bob, que também administra um site sobre o assunto, chamado "O Bar Virtual". Segundo ele, o profissional pode investir menos de R$ 1.000 em um curso e, em menos de um ano, ganhar R$ 1.500 por mês.
Curso gratuito
A Diageo, dona de marcas de bebida como Johnnie Walker e Smirnoff, administra um curso gratuito de três meses para bartender em várias cidades do Brasil.
A empresa afirma que mais de 19 mil profissionais já foram capacitados e que, de cada dez alunos, sete conseguem trabalho na área, já que são indicados para trabalhar em bares parceiros.
A presença de mulheres nesse mercado vem aumentando, mas não é tarefa fácil. Muitas vezes, os profissionais precisam carregar caixas de bebida e barris de chope durante o serviço.
Avanço das mulheres na carreira
Raquel Galvão é uma ex-aluna do curso da Diageo. Há um ano ela estava desempregada e cursava educação física, quando se inscreveu. "Não conhecia nada sobre bares. Vi o curso [de bartender] na internet e me cadastrei".
Ao final, estava empregada em um casa noturna de São Paulo e trabalhou em eventos, como a Copa do Mundo. Atualmente, seu sustento vem da profissão.
Camila Bráulio começou como ajudante de bar em São Paulo e trabalhou pesado por um mês e meio. Depois, virou bartender e passou para a linha de frente.
Antes de entrar no curso de formação, no final de 2013, trabalhava em uma banca de jornal em Santo André, região metropolitana de São Paulo, fazendo drinques populares.
"Quando terminei o curso, tinha medo de não conseguir [trabalho]. Fiquei um ano como free-lancer, fazendo eventos. Fui contratada em setembro de 2014. Hoje ganho um dinheiro legal e dá para me manter", conta.
Dicas para atuar na área
O consultor Rodolfo Bob dá algumas dicas para entrar nessa carreira. Confira.
- Estudar: o primeiro passo é procurar um curso e estudar muito. Saber inglês também é importante, porque há pouco material publicado em português sobre o assunto. Além disso, afirma Bob, o mercado de bartender oferece muitas oportunidades fora do país;
- Networking: segundo o consultor, o mercado têm suas "panelinhas". Por isso, ter contatos na área é essencial. "O caminho para construir uma rede é dar a cara a tapa", diz. As redes sociais também são uma importante ferramenta para isso: "é a nova cultura. É preciso seguir grupos, ver o que está acontecendo e descobrir bares legais";
- Visual certo: ter a aparência correta conta muito, diz Bob, porque o bartender trabalha em contato direto com o público. Ele afirma que o visual tem de ter relação com o bar. Locais descolados pedem roupas modernas e tatuagens, por exemplo. Casas mais formais buscam o clássico;
- Bom gosto: "não diferencio coquetelaria da gastronomia. Ninguém consegue ser um bom bartender sem ter noção de gosto. Não vejo separação entre comida e bebida", diz ele. Portanto, se não gostar de comer e beber e não for bom na degustação, é difícil se dar bem na área;
- Simpatia: antes de fazer coquetéis, o bartender trabalha com hospitalidade, afirma o mixologista. O bartender tem de ser um bom psicólogo. "Essa relação acaba sendo por causa do álcool. Todo mundo que bebe precisa de um amigo". Além disso, ele lembra que o bartender é um vendedor, e o contato pessoal é muito imporante.
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