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Com pandemia, país perde 1,2 milhão de empregos com carteira no 1º semestre

Do UOL, em São Paulo

28/07/2020 10h39Atualizada em 28/07/2020 16h25

O Brasil perdeu 1.198.363 de postos de trabalho com carteira assinada no primeiro semestre do ano, no pior resultado para o período desde o início da série histórica do Ministério da Economia, em 2010. No mesmo período do ano passado, foram criadas 408.500 vagas.

O mercado de trabalho foi fortemente afetado pela pandemia do coronavírus, que provocou o fechamento de diversas atividades econômicas no país. O resultado do primeiro semestre é o saldo, ou seja, a diferença entre 6.718.276 contratações e 7.916.639 demissões.

Perda de empregos desacelerou em junho

Apenas no mês de junho foram fechadas 10.984 vagas com carteira, no pior resultado para o mês desde 2016 (-91.032 vagas).

O número é pior que o registrado em junho de 2019 (+48.436), mas representa desaceleração no ritmo de perda de vagas em relação aos meses anteriores, também afetados pela pandemia.

  • junho: -10.984 vagas
  • maio: -350.303 vagas
  • abril: -918.286 vagas
  • março: -259.917 vagas

O total de pessoas que estavam empregadas com carteira assinada em junho somou 37.611.260, o que representa uma variação de -0,03% em relação ao mês anterior.

Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e foram divulgados hoje pelo Ministério da Economia.

O secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, defendeu hoje que o desempenho do emprego formal em junho sinaliza uma melhora da economia.

Frente a tudo isso que passamos, o número [de junho] é absolutamente positivo.
Bruno Bianco, secretário especial de Previdência e Trabalho

Ele afirmou ainda que os números do Caged já demonstram "claramente" que a recuperação em "V" (queda e recuperação rápidas) no pós-crise é "muito possível", dado que o mercado de trabalho já está reagindo.

Bianco também frisou a importância do Bem, benefício pago pelo governo aos que têm redução de jornada ou contrato de trabalho suspenso, para preservação dos empregos, ressaltando que já foram feitos até o momento cerca de 15 milhões de acordos.

O secretário afirmou ter expectativas "muito positivas" para os dados de julho do Caged e apontou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, lançará "nos próximos dias" medidas para geração de empregos no pós-crise.

Serviços e comércio puxam demissões

Em junho, três dos cinco grupos de atividade econômica analisados pelo Caged tiveram queda nos empregos. Veja a seguir o desempenho de cada setor:

  • Serviços: -44.891 vagas
  • Comércio (inclui reparação de veículos automotores e motocicletas): -16.646 vagas
  • Indústria: -3.545 vagas
  • Construção civil: +17.270 vagas
  • Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura: +36.836 vagas

Sudeste lidera fechamento de vagas

Na análise por regiões do país, o Sudeste teve o pior desempenho, enquanto o Centro-Oeste teve o melhor saldo:

  • Sudeste: -28.521 vagas
  • Nordeste: -1.341 vagas
  • Sul: +1.699 vagas
  • Norte: +6.547 vagas
  • Centro-Oeste: +10.010

IBGE faz pesquisa diferente

Os dados do Caged consideram apenas os empregos com carteira assinada. Existem outros números sobre desemprego apresentados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que são mais amplos, pois levam em conta todos os trabalhadores, com e sem carteira.

A última Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua registrou que o Brasil tinha, em média, 12,7 milhões de desempregados no trimestre encerrado em maio.

(Com Reuters)