A dona-de-casa e o preço da comida
A dona-de-casa que vai ao mercado toda semana não acredita muito quando ouve dizer que os indicadores de inflação diminuíram. Pois é, a gente chega para comprar o leite ou o pão e percebe que tudo continua "pela hora da morte", como gosta da dizer a minha avó.
O fato é que os vários indicadores de inflação divulgados na primeira semana de outubro mostraram que os preços desaceleraram, mas continuam subindo. É o efeito da agroinflação, a inflação sustentada pelo aumento dos preços dos alimentos.
Vamos aos números: o IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade interna), da FGV, subiu 1,17% em setembro, ante uma variação positiva de 1,39% em agosto.
O IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor), também da FGV, mostra uma alta menos intensa em setembro (0,23%) do que a medida em agosto (0,42%).
Os preços da cesta básica medidos pelo Dieese também continuaram a subir em setembro (0,64%), mas com intensidade bem menor do que em agosto (3,24%).
Caminho oposto seguiu o IPC-Fipe (Índice de Preços ao Consumidor), que mostrou mais fôlego em setembro (0,24%) do que em agosto (0,06%). Ainda assim, o coordenador do índice da Fipe, Márcio Nakane, suspirou aliviado, já que previa uma alta em setembro de 0,48%.
Com relação aos alimentos, os índices apontaram uma alta menor nos preços, especialmente do leite, o grande vilão deste ano, com uma alta acumulada de 54% (segundo o IPCA). Em setembro, segundo o IPC da FGV, o item laticínios teve uma animadora queda de 1,35%. Nakane lembra, porém, que os preços no atacado mostram que milho, soja e trigo continuam a subir. Nesta altura, a dona-de-casa, desconfiada, já deve estar se perguntando: e aí, quando é que o preço da comida vai baixar para valer?
Esta é a pergunta que se fazem hoje todos os analistas. E, claro, a resposta não é tão simples, porque este fenômeno é mundial. Em julho, o Fundo Monetário Internacional (FMI) já alertava para o fato de que a comida estava mais cara no mundo.
Em agosto, foi a vez da Nestlé, maior empresa de alimentos do globo, avisar seus acionistas que o aumento dos preços dos alimentos poderia afetar seu desempenho, já que teria de pagar mais caro pela principal matéria-prima de seus produtos: o leite, o café e o milho, só para citar alguns itens.
Um levantamento feito pela ONU (Organização das Nações Unidas) mostrou que, de 2002 a 2006, as chamadas commodities agrícolas (café, arroz, trigo, açúcar, entre outros) tiveram um aumento de 50% nos preços.
Nakane e Gian Barbosa, analista da Tendências Consultoria, concordam que vários fatores estruturais estão contribuindo para essa pressão generalizada nos preços da comida. Um deles é a utilização do milho como etanol, o conhecido álcool combustível. A diminuição da área de terra plantada para o cultivo do milho como alimento impacta não apenas o preço dos derivados da planta, mas também outros tipos de alimento, especialmente aves, já que o milho é um insumo para a produção desse tipo de carne.
Só nos Estados Unidos a previsão é de que um terço da área de milho plantada seja destinada à produção do etanol.
Outro fator seria a forte demanda por alimentos vinda da Ásia, liderada por China, Índia e Rússia. "Quando uma região enriquece, passa a consumir mais alimentos, especialmente os de origem animal, como carne e leite", lembra Barbosa. Por tudo isso, a expectativa dos analistas é que o preço dos alimentos se estabilize, mas num nível mais elevado. A dona-de-casa terá de se preparar para a luta contra esse novo dragão.
O fato é que os vários indicadores de inflação divulgados na primeira semana de outubro mostraram que os preços desaceleraram, mas continuam subindo. É o efeito da agroinflação, a inflação sustentada pelo aumento dos preços dos alimentos.
Vamos aos números: o IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade interna), da FGV, subiu 1,17% em setembro, ante uma variação positiva de 1,39% em agosto.
O IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor), também da FGV, mostra uma alta menos intensa em setembro (0,23%) do que a medida em agosto (0,42%).
Os preços da cesta básica medidos pelo Dieese também continuaram a subir em setembro (0,64%), mas com intensidade bem menor do que em agosto (3,24%).
Caminho oposto seguiu o IPC-Fipe (Índice de Preços ao Consumidor), que mostrou mais fôlego em setembro (0,24%) do que em agosto (0,06%). Ainda assim, o coordenador do índice da Fipe, Márcio Nakane, suspirou aliviado, já que previa uma alta em setembro de 0,48%.
Com relação aos alimentos, os índices apontaram uma alta menor nos preços, especialmente do leite, o grande vilão deste ano, com uma alta acumulada de 54% (segundo o IPCA). Em setembro, segundo o IPC da FGV, o item laticínios teve uma animadora queda de 1,35%. Nakane lembra, porém, que os preços no atacado mostram que milho, soja e trigo continuam a subir. Nesta altura, a dona-de-casa, desconfiada, já deve estar se perguntando: e aí, quando é que o preço da comida vai baixar para valer?
Esta é a pergunta que se fazem hoje todos os analistas. E, claro, a resposta não é tão simples, porque este fenômeno é mundial. Em julho, o Fundo Monetário Internacional (FMI) já alertava para o fato de que a comida estava mais cara no mundo.
Em agosto, foi a vez da Nestlé, maior empresa de alimentos do globo, avisar seus acionistas que o aumento dos preços dos alimentos poderia afetar seu desempenho, já que teria de pagar mais caro pela principal matéria-prima de seus produtos: o leite, o café e o milho, só para citar alguns itens.
Um levantamento feito pela ONU (Organização das Nações Unidas) mostrou que, de 2002 a 2006, as chamadas commodities agrícolas (café, arroz, trigo, açúcar, entre outros) tiveram um aumento de 50% nos preços.
Nakane e Gian Barbosa, analista da Tendências Consultoria, concordam que vários fatores estruturais estão contribuindo para essa pressão generalizada nos preços da comida. Um deles é a utilização do milho como etanol, o conhecido álcool combustível. A diminuição da área de terra plantada para o cultivo do milho como alimento impacta não apenas o preço dos derivados da planta, mas também outros tipos de alimento, especialmente aves, já que o milho é um insumo para a produção desse tipo de carne.
Só nos Estados Unidos a previsão é de que um terço da área de milho plantada seja destinada à produção do etanol.
Outro fator seria a forte demanda por alimentos vinda da Ásia, liderada por China, Índia e Rússia. "Quando uma região enriquece, passa a consumir mais alimentos, especialmente os de origem animal, como carne e leite", lembra Barbosa. Por tudo isso, a expectativa dos analistas é que o preço dos alimentos se estabilize, mas num nível mais elevado. A dona-de-casa terá de se preparar para a luta contra esse novo dragão.
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