Empresas pagaram R$ 1,32 bi por dia a acionistas no ano; veja 20 maiores
Chuva de proventos? Temos. As empresas da Bolsa brasileira pagaram R$ 164,98 bilhões no 1° semestre de 2024, equivalente a R$ 1,32 bilhão por dia em distribuições. Os dados são da plataforma Meu Dividendo, que trabalha com antecipação de proventos.
Em relação ao 1° semestre de 2023, a disparada nos pagamentos foi de 40%, saltando de R$ 117,92 bilhões para R$ 164,98 bilhões de janeiro a junho deste ano. Segundo a Meu Dividendo, a Petrobras (PETR4) contribuiu de forma significativa para este aumento nos pagamentos, após decisão favorável a distribuição de dividendos extraordinários.
Pagamentos serão ainda maiores até o fim do ano. Historicamente, segundo a plataforma, 54% do total de proventos por ano são pagos no segundo semestre.
Veja abaixo as maiores pagadoras de dividendos do semestre
Maiores pagadoras por dividend yield (retorno em dividendos):
- Vulcabras (VULC3) DY 11,92% - R$ 2,40 por ação
- Petrobras (PETR4) DY 10,66% - R$ 3,97 por ação
- Petrobras (PETR3) DY 10,18% - R$ 3,97 por ação
- Copasa (CSMG3) DY 10,01% - R$ 2,05 por ação
- Odontoprev (ODPV3) DY 8,54%- R$ 0,99 por ação
- Pague Menos (PGMN3) DY 7,47% - R$ 0,30 por ação
- Cury (CURY3) DY 7,35% - R$ 1,32 por ação
- CPFL Energia (CPFE3) DY 7,15% - R$ 2,75 por ação
- Petrorecôncavo (RECV3) DY 6,71% - R$ 1,46 por ação
- Even (EVEN3) DY 6,13% - R$ 0,50 por ação
- Positivo (POSI3) DY 6,01% - R$ 0,42 por ação
- Taesa (TAEE11) DY 5,77% - R$ 0,74 por ação
- Cemig (CMIG4) DY 5,34% - R$ 0,47 por ação
- Itaú (ITUB4) DY 5,08% - R$ 1,72 por ação
- Marcopolo (POMO4) DY 4,96% - R$ 0,29 por ação
- Itaúsa (ITSA4) DY 4,94% - R$ 0,51 por ação
- Cielo (CIEL3) DY 4,72% - R$ 0,22 por ação
- Banco do Brasil (BBAS3) DY 4,66% - R$ 1,29 por ação
- Metal Leve (LEVE3) DY 4,62% - R$ 1,63 por ação
- Bradespar (BRAP4) DY 4,61% - R$ 1,18 por ação
Fonte: Elos Ayta Consultoria
Ativos presentes nos índices Ibovespa, IDIV, IBRX100 e Small Caps
DY= dividend yield
Maiores pagadoras por valores absolutos
- Petrobras (PETR3) R$ 29,33 bilhões
- Petrobras (PETR4) R$ 22,08 bilhões
- Vale (VALE3) R$ 12,43 bilhões
- Itaú (ITUB3) R$ 8,55 bilhões
- Itaú (ITUB4) R$ 8,35 bilhões
- Banco do Brasil (BBAS3) R$ 7,4 bilhões
- Itaúsa (ITSA4) R$ 3,47 bilhões
- CPFL Energia (CPFE3) R$ 3,17 bilhões
- Bradesco (BBDC4) R$ 2,7 bilhões
- BB Seguridade (BBSE3) R$ 2,51 bilhões
- Bradesco (BBDC3) R$ 2,47 bilhões
- Itaúsa (ITSA3) R$ 1,82 bilhão
- Tim (TIMS3) R$ 1,81 bilhão
- Weg (WEGE3) R$ 1,76 bilhão
- Caixa Seguridade (CXSE3) R$ 1,7 bilhão
- Equatorial Pará (EQPA3) R$ 1,68 bilhão
- Santander (SANB4) R$ 1,55 bilhão
- Santander (SANB3) R$ 1,46 bilhão
- Compass (PASS3) R$ 1,32 bilhão
- Vibra (VBBR3) R$ 1,20 bilhão
Fontes: TradeMap, B3 e CVM
Obs.: Maiores pagadoras total por ticker, considera dividendos, rendimentos e JCP bruto
Vulcabras, Pague Menos, construtoras e Petrorecôncavo: o que aconteceu?
A Vulcabras (VULC3), por exemplo, pagou um retorno de quase 12% só no semestre. Mas o pagamento feito pela dona das marcas Olympikus, Under Amour e Mizuno, de R$ 2,40 por ação, pode ser não recorrente. O provento foi fruto de um aumento de capital (follow-on) de R$ 500 milhões. "O dividendo distribuído nos últimos 12 meses foi de R$ 678 milhões, mas podemos afirmar que apenas R$ 178 milhões vieram de geração de caixa própria", afirma Malek Zein, analista do TC Matrix.
Pode pagar menos daqui para a frente. Para Sergio Biz, analista focado em dividendos e sócio do GuiaInvest, a distribuição da Vulcabras deve se normalizar, com um dividend yield projetado de apenas 4,8% nos próximos 12 meses. Já Zein acha que a empresa ainda pode distribuir entre R$ 400 e R$ 500 milhões nos próximos meses, dada a sua baixa necessidade de investimento.
Ainda na lista das 10 maiores pagadoras há nomes conhecidos do mercado, como Petrobras, Copasa, CPFL Energia. E nomes menos populares entre os investidores que buscam dividendos como Odontoprev, Pague Menos, Cury, PetroReconcavo e Even.
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Quero receberNo caso da Odontoprev, é uma uma empresa resiliente e que paga dividendos de forma recorrente, desde 2010. Contudo, Biz aponta que a companhia pode ter dificuldade no crescimento do seu resultado no próximo ano, com o segmento de saúde atravessando um momento desafiador.
Já a Pague Menos foi favorecida pelas quedas recentes da Bolsa. Gabriel Duarte, analista da Ticker Research, diz que ela não é uma tradicional pagadora de proventos, por causa do seu modelo de negócio com margens pequenas. "Ela pagou um dividendo recentemente, e como a ação estava caindo muito isso deu lugar a um dividend yield elevado", observa. A Pague Menos passa por uma reestruturação, com lucro líquido e geração de caixa inconstantes nos últimos três anos. "Não considero uma empresa com potencial de pagar bons dividendos no curto prazo", diz Zein.
Em relação as construtoras Cury e Even, elas estão em um momento forte, com bons resultados esperados para 2024. Para Biz e Zein, ambas as empresas têm potencial de continuar entregando bons proventos no próximo ano, embora seja necessário o investidor ficar atento à ciclicidade do setor diante da taxa de juros ainda elevada.
Na Petrorecôncavo, o futuro da companhia está centrado na geração de caixa. Ela não deve ter instabilidade, já que tem operações onshore (em terra), e deve investir menos que seus pares, além de ter um endividamento baixo. Isso pode resultar em dividendos maiores para os acionistas, avalia Gustavo Poladian, sócio e analista de renda variável da Meraki Capital. "Se a empresa pagar 100% da geração de caixa em forma de dividendos ou juros sobre capital próprio, esta poderia entregar um dividend yield de 15% em 2024", aponta.
E no segundo semestre, quais serão os destaques?
Com o dólar em disparada e o preço das commodities acima da média, empresas exportadoras e ligadas a commodities podem ser o foco. O destaque é para Vale, Gerdau, Petrobras e Petrorecôncavo.
Tanto Petrobras quanto Vale têm possibilidade de pagamento de dividendos extraordinários no segundo semestre. Na Vale, Poladian, da Meraki, acredita que, com os recursos que a empresa deve receber com a venda de parte da operação de metais básicos, haveria espaço para proventos extraordinários. Já Biz diz que, com o dólar acima de R$ 5,50 e o preço do minério superando US$ 115 a tonelada, a Vale poderia distribuir bons dividendos e ter, ao mesmo tempo, capacidade de continuar recomprando as suas ações, beneficiando de forma indireta os acionistas.
A alta do dólar também pode favorecer o segmento industrial, aumentando a competitividade diante de players internacionais. Nesse cenário, empresas baratas podem também pagar bons dividendos, com destaque para Tupy, Randon e Marcopolo, aponta Zein.
Setor de bancos pode se destacar na segunda metade do ano. Já Duarte enxerga com bons olhos as elétricas, com destaque para distribuidoras, e o segmento de agronegócio.
Empresas da lista para ficar de olho
Questionados sobre quais companhias da lista podem servir para uma estratégia de dividendos no médio e longo prazo, os analistas consultados pela coluna citaram: Banco do Brasil, Itaú, Metal Leve, Cemig, Petrobras, Copasa, CPFL Energia, Taesa, Marcopolo, Cury, Petrorecôncavo, Odontoprev e Bradespar.
Petrobras
Apesar da mudança recente no comando da empresa, a nova diretoria não tem dado sinas de mudanças nos principais pilares. Analistas acreditam que devem se manter as atuais políticas de preço de combustíveis, política de dividendos e alocação de capital. Segundo Poladian, o principal objetivo de diretoria é entregar os investimentos propostos no plano estratégico, que tem sido um desafio nos últimos anos, em função do tempo que os projetos requerem.
A Petrobras é a terceira petroleira mais eficiente do mundo em custo de extração. Ela também deve se beneficiar com o dólar em torno de R$ 5,50 e o petróleo brent próximo a US$ 85 o barril, diz Zein, do TC Matrix, que espera um DY de 12%. "O maior risco é interferência governamental na política de dividendos da empresa, que vejo como minimizada pelo problema do déficit fiscal brasileiro", pontua.
Cemig
A Cemig atua com distribuição de energia elétrica em Minas Gerais, além de estar presente no segmento de geração, transmissão e fornecimento de gás. Sua operação é atrativa e o endividamento está em queda, o que é favorável diante de juros elevados, diz Biz
Outra vantagem é que ela também trabalha com geração térmica. Ou seja, em anos com pouca chuva, consegue ter uma margem de lucro boa e é pouco dependente do preço da energia. "Pode chover muito ou pode chover pouco, a Cemig vai ganhar dinheiro. E isso traz bastante resiliência para o resultado dela", aponta Renato Reis, analista da Blue3 Research. Além disso, o preço da ação está abaixo da sua média histórica, o que pode representar uma oportunidade interessante.
Porém, entre os pontos de atenção, o lucro líquido está em queda. Reis lembra, que quando o custo da energia sobe, nem sempre a Cemig consegue repassar essa alta nos preços da distribuição ao consumidor, o que acaba diminuindo os ganhos.
Para 2024, a projeção de Biz é de um dividend yield de 8,5% para as ações CMIG4. Para os próximos 12 meses, a projeção de Reis é de um retorno em dividendos de 9,5%. Duarte, da Ticker Research, espera que a Cemig possa entregar um dividend yield de 10% para 2024. "É uma empresa que apesar de ser estatal tem uma gestão interessante e boas avenidas de crescimento para o longo prazo", observa.
Banco do Brasil
O Banco do Brasil é forte no agronegócio e também no crédito consignado. Segundo Duarte, o crédito consignado é atrelado na sua maioria a servidores públicos, o que é um ponto positivo porque é um crédito de baixo risco, descontado em folha de pagamento e com baixa inadimplência.
Já em relação ao agro, a exposição tem vantagens e desafios, na visão de Duarte. O fator positivo é que o agro impulsiona boa parte da economia brasileira há anos, já o negativo é que se trata de um setor cíclico, que acompanha as variações das commodities, ou seja, as vezes pode ter um crescimento maior e outro menor. Biz acredita que a carteira de crédito de pessoas jurídicas possa ser a que mais contribua com a lucratividade do banco em 2024.
Entre as vantagens de investir no Banco do Brasil, Biz destaca a previsibilidade nas distribuições de proventos. Isso porque o banco conta com um calendário com oito pagamentos antecipados e complementares, além de divulgar sempre o seu payout para o ano, que em 2024 é de 45%. "Se o banco conseguir atingir um resultado dentro do seu Guidance (projeção) entendemos que bons dividendos devem ser distribuídos na segunda metade deste ano", aponta.
Os riscos, segundo Biz, seriam os impactos que as enchentes no Rio Grande do Sul teriam na carteira de crédito agro, embora devam ser impactos marginais. Biz projeta um dividend yield de 9,9% para 2024 se o banco alcançar um lucro líquido próximo de R$ 38,5 bilhões no ano. Já Duarte espera um dividend yield de entre 8 e 10% para 2024. "É uma empresa que vale muito a pena para o longo prazo e principalmente pensando em dividendos", diz.
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