10 ações baratas, que custam até R$ 50, para garantir dividendos de até 13%
Para quem procura por pechinchas no mercado, esta Black Friday realmente promete.
A bolsa de valores experimentou nesta semana dias de baixa. Puxadas pela decepção com o pacote fiscal, as empresas listadas na bolsa brasileira viram seu valor de mercado encolher R$ 172,9 bilhões de 26 a 28 de novembro, revela levantamento da Elos Ayta Consultoria. O Ibovespa acumulou uma queda expressiva de 4,09% no mesmo período.
Soma-se a isso o momento atual vivido no país, com juros elevados e tendência de novos aumentos por parte do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Enquanto muitos investidores fogem para a renda fixa, este é o momento ideal para investir em boas empresas, que continuam crescendo seus lucros, receitas e estão com preços abaixo da média histórica.
Mas como separar o joio do trigo, para identificar empresas baratas e com potencial de pagar bons dividendos? Levantamento do UOL Economia revela dez ações com dividend yield (retorno em dividendos) projetado entre 6% e 13% para os próximos 12 meses.
Estas ações integram setores diversos, entre estes: bancos, seguros, energia elétrica, petróleo e gás, combustíveis, sistemas de identificação e construção civil.
Além de estarem baratas pelos seus múltiplos, todos os papéis desta lista custam até R$ 50, com custo acessível e espaço para valorização das ações.
Para reunir a lista de ações baratas, foram consultados analistas de instituições como Projeto Vida de Acionista, Terra Investimentos, AGF Análise, VG Research, Nord Research e Blue3 Research.
Um dos critérios é que as ações tivessem capacidade de entregar pelo menos um retorno em dividendos de 6%. Esse retorno é tido por muitos investidores de renda passiva como o mínimo aceitável para escolher boas pagadoras. Grandes nomes do mercado, como Luiz Barsi Filho, tido como maior investidor pessoa física da Bolsa, e Décio Bazin, autor do livro "Faça fortuna com ações antes que seja tarde", já fizeram uso dessa estratégia.
Como identificar uma ação barata?
Apesar dos preços das ações serem baixos, isso não significa que uma ação está barata. Isso porque o preço nada mais é do que o valor de mercado de uma empresa dividido pela quantidade de ações que a companhia tem disponível no mercado.
Fábio Sobreira, sócio e analista da Rocha Opções de Investimentos, exemplifica que se uma empresa com valor de mercado de R$ 100 bilhões dividir seu capital em 100 bilhões de ações, cada ação valeria R$ 1. Já se optar por dividir em apenas 1 bilhão de ações, cada papel custaria R$ 100. Mas o valor de mercado da empresa segue inalterado, em R$ 100 bilhões.
"A cotação de uma ação não significa que uma empresa é cara ou barata. É apenas uma decisão da empresa de dividir seu valor em mais ou menos ações", comenta Sobreira.
Uma métrica utilizada para identificar ações baratas é o múltiplo Preço sobre Lucro (P/L), que indica quanto os investidores estão dispostos a pagar pelo lucro de uma empresa.
O valor potencial de uma ação está relacionado a quanto a empresa pode gerar de caixa no futuro, as oportunidades de crescimento, riscos e possíveis dividendos.
Segundo Sobreira, um P/L baixo sugere que a ação está barata em relação aos seus lucros, enquanto um P/L alto pode indicar expectativas altas por parte dos investidores.
Para este estudo, Sobreira comparou o P/L médio dos últimos cinco anos com o projetado para 2025. Se o P/L médio dos últimos cinco anos é maior do que o projetado, a companhia pode ser considerada barata, já que tem potencial de gerar valor.
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Quero receberSobreira calculou também o preço máximo que um investidor deveria pagar pela ação para ter um retorno em dividendos de pelo menos 6%.
Veja abaixo 10 ações baratas com potencial de bom pagamento de proventos:
Banco do Brasil (BBAS3)
- Dividend yield nos últimos 12 meses: 10,15%
- Dividend yield projetado para os próximos 12 meses: 9,50% até 11%
- P/L médio em cinco anos: 5,12
- P/L projetado para 2025: 3,83
- Preço máximo de compra para garantir DY de 6%: R$ 35,45
- Preço até 28/11: R$ 24,48
BB Seguridade (BBSE3)
- Dividend yield nos últimos 12 meses: 7,77%
- Dividend yield projetado para os próximos 12 meses: 9% até 10%
- P/L médio em cinco anos: 10,37
- P/L projetado para 2025: 7,93
- Preço máximo de compra para garantir DY de 6%: R$ 52,32
- Preço até 28/11: R$ 33,43
Itaú (ITUB3)
- Dividend yield nos últimos 12 meses: 6,76%
- Dividend yield projetado para os próximos 12 meses: 9%
- P/L médio em cinco anos: 9,55
- P/L projetado para 2025: 7,15
- Preço máximo de compra para garantir DY de 6%: R$ 26,62
- Preço até 28/11: R$ 28,46
CPFL Energia (CPFE3)
- Dividend yield nos últimos 12 meses: 8,17%
- Dividend yield projetado para os próximos 12 meses: 10%
- P/L médio em cinco anos: 7,23
- P/L projetado para 2025: 6,57
- Preço máximo de compra para garantir DY de 6%: R$ 51,16
- Preço até 28/11: R$ 33,27
Valid (VLID3)
- Dividend yield nos últimos 12 meses: 7,71%
- Dividend yield projetado para os próximos 12 meses: 10%
- P/L médio em cinco anos: 26,56
- P/L projetado para 2025: 4,23
- Preço máximo de compra para garantir DY de 6%: R$ 30,44
- Preço até 28/11: R$ 23,93
Vibra (VBBR3)
- Dividend yield nos últimos 12 meses: 7,76%
- Dividend yield projetado para os próximos 12 meses: 6% até 8%
- P/L médio em cinco anos: 5,29
- P/L projetado para 2025: 2,12
- Preço máximo de compra para garantir DY de 6%: R$ 74,29
- Preço até 28/11: R$ 20,36
Isa Energia (ISAE4)
- Dividend yield nos últimos 12 meses: 8,90%
- Dividend yield projetado para os próximos 12 meses: 8,20%
- P/L médio em cinco anos: 4,96
- P/L projetado para 2025: 4,60
- Preço máximo de compra para garantir DY de 6%: R$ 38,19
- Preço até 28/11: R$ 23,77
Petroreconcavo (RECV3)
- Dividend yield nos últimos 12 meses: 19,16%
- Dividend yield projetado para os próximos 12 meses: 12% até 13%
- P/L médio em cinco anos: 9,11
- P/L projetado para 2025: 6,45
- Preço máximo de compra para garantir DY de 6%: R$ 12,62
- Preço até 28/11: R$ 16,20
ABC Brasil (ABCB4)
- Dividend yield nos últimos 12 meses: 7,20%
- Dividend yield projetado para os próximos 12 meses: 8%
- P/L médio em cinco anos: 6,27
- P/L projetado para 2025: 4,92
- Preço máximo de compra para garantir DY de 6%: R$ 23,55
- Preço até 28/11: R$ 20,30
Cyrela (CYRE3)
- Dividend yield nos últimos 12 meses: 4,31%
- Dividend yield projetado para os próximos 12 meses: 8%
- P/L médio em cinco anos: 6,29
- P/L projetado para 2025: 4,78
- Preço máximo de compra para garantir DY de 6%: R$ 23,53
- Preço até 28/11: R$ 18,49
Por que as ações estão descontadas?
No BB, inadimplência e risco político
Uma das ações que recebeu mais indicações pelos analistas consultados é o Banco do Brasil (BBAS3). Apesar de ter um histórico excelente, o risco político e o receio diante da deterioração das taxas de inadimplência, são os motivos que deixam o papel barato, destaca Milton Rabelo, analista da VG Research.
O risco político sempre assombrou a instituição, por se tratar de uma empresa estatal, com o governo detendo 50% das ações. Contudo, Rabelo afirma que o nível de governança do Banco do Brasil é superior ao de outras empresas estatais, o que de certa forma o blindaria diante de possíveis interferências. Além disso, ele aponta que a gestão atual da CEO Tarciana Medeiros tem conquistado a confiança do mercado e, após quase dois anos do início da sua gestão, não parece haver indicativos de mudanças estruturais.
Já em relação à inadimplência, as projeções para devedores duvidosos e o índice de inadimplência acima de 90 dias vem se agravando nos últimos meses. Enquanto o Sistema Financeiro Nacional vem reduzindo a sua inadimplência, a tendência do indicador no Banco do Brasil é de alta.
Os números do 3° trimestre acabaram confirmando essa tendência, com piora na qualidade de crédito, principalmente na carteira de agronegócio. Para Rabelo, os problemas no agronegócio são conjunturais e as ações do Banco do Brasil já precificam os riscos, oferecendo uma margem de segurança para o investidor.
Ele cita ainda que o forte crescimento dos lucros nos últimos anos não foi plenamente acompanhado pelos múltiplos das ações, razão pela qual além de oferecer um generoso dividend yield, ainda haveria espaço para valorização.
"Na nossa compreensão, o investimento nas ações do Banco do Brasil são uma forma inteligente de exposição ao dinâmico e lucrativo agronegócio brasileiro, cujas perspectivas de médio e longo prazo seguem positivas", afirma Rabelo.
Vale lembrar que o Banco do Brasil remunera os seus acionistas oito vezes ao ano e destina 45% do seu lucro para o pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio (payout).
No ABC Brasil, modelo de negócios
Outro banco que também estaria descontado seria o ABC Brasil (ABCB4), mas não por um motivo ruim. Renato Reis, analista da Blue3 Research, explica que a instituição trabalha apenas com crédito para empresas, de grande porte e do segmento middle - com faturamento anual entre R$ 30 e R$ 300 milhões.
O crédito para empresas costuma ser mais seguro e com inadimplência baixa, por este motivo também o banco não apresenta forte rentabilidade. A título de exemplo, o Retorno Sobre Patrimônio Líquido (ROE) do banco é de 15,05%, enquanto grandes bancos costumam ter um ROE de 20% ou mais.
"Por conta da estabilidade das empresas, o banco recebe menos quando empresta dinheiro para elas. Por isso, o ABC Brasil tem um múltiplo mais baixo e está barato, graças a rentabilidade menor", afirma Reis.
Um fato positivo do banco ABC é a remuneração frequente de acionistas. O banco costuma pagar juros sobre capital próprio aos seus investidores em fevereiro e agosto. O payout é sempre próximo a 40%.
Na Isa Energia, redução de receita no futuro
Na transmissora de energia Isa Energia (ISAE4), antiga Isa Cteep, o que pesa nas ações é a possibilidade de redução da sua receita a partir de 2028, com o fim da RBSE (Rede Básica Sistema Existente), uma indenização paga às transmissoras.
Atualmente a parcela vinda da RBSE representa uma receita de R$ 1,5 bilhão. A companhia precisará se movimentar para vencer novos leilões e investir em novos projetos nos próximos anos para compensar a perda desta receita.
O receio do mercado é que não consiga, motivo pelo qual as ações são penalizadas. Para Rafael Ratto, analista do AGF, a companhia já conta com planos de investimentos em novos projetos (greenfield) e reforços e melhorias que serão suficientes para cobrir o montante da RBSE.
A transmissora é uma ótima alternativa para quem busca renda passiva no longo prazo, devido a previsibilidade das suas receitas, dado que é remunerada de forma fixa por levar energia do ponto A ao ponto B, independente do volume. Além disso, possui contratos de longo prazo, superiores a 30 anos, corrigidos pela inflação (IPCA).
A Isa Energia tem como prática pagar pelo menos 75% do lucro líquido regulatório sob a forma de dividendos ou juros sobre capital próprio (JCP). Atualmente, a empresa está fazendo apenas um anúncio de proventos por ano.
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