13 ações pagam dividendos acima da Selic de 11,25%; saiba quais são
Conforme já era esperado pelo mercado, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou na quarta-feira (6) a Selic, taxa básica de juros da economia, para o patamar de 11,25% ao ano.
Mas o aperto monetário não deve parar por aí. Projeção do Boletim Focus, que reúne previsões de mais de 100 instituições financeiras, aponta que os juros devem fechar 2024 em 11,75% ao ano.
Uma Selic elevada traz um cenário mais adverso para o mercado de ações, que perde espaço diante da atratividade da renda fixa. Apenas empresas com fundamentos resilientes, dívida controlada, e que não sejam tão dependentes do cenário interno, conseguirão continuar entregando bons retornos em dividendos aos seus investidores.
Com a Selic em 11,25%, somente 13 ações entregam atualmente um dividend yield (retorno em dividendos) superior à taxa básica de juros, segundo levantamento Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria. Foram consideradas ações que tiveram volume financeiro médio diário superior a R$ 5 milhões nos últimos 12 meses.
Já para os próximos 12 meses, o número reduz. Apenas 10 ações teriam capacidade de apresentar um dividend yield superior a 11,25%. A projeção de Rivero considera que as empresas devem manter a mesma política de distribuição de dividendos dos últimos 12 meses e ter um lucro igual ou maior ao registrado no último ano. Veja abaixo!
Para quem busca escolher uma ação para o longo prazo é importante ter em conta o histórico de remuneração e não apenas as projeções.
Isso serve para entender se os dividendos de uma empresa são recorrentes ou fruto de algum evento extraordinário e se tem potencial dessa remuneração se repetir. Rivero aconselha observar a mediana dos últimos cinco anos, para uma visão mais realista. Em companhias com menor tempo de Bolsa, foi calculada a mediana desde a abertura de capital.
Algumas ações para ficar de olho
CSN Mineração (CMIN3)
Entre os papéis que conseguem entregar um dividend yield (retorno em dividendos) acima de 11,25% ao ano, alguns de destacam pela sua resiliência diante de um cenário de juros em alta.
Um deles é a CSN Mineração (CMIN3), que nos últimos 12 meses apresentou um dividend yield de 18,95%. Bruno Oliveira, analista CNPI do Projeto Vida de Acionista, lembra que uma das vantagens de investir na mineradora é que o principal controlador, o grupo CSN (CSNA3), também precisa de dividendos. Desta forma, o investidor minoritário pode ter a tranquilidade que há um compromisso com a remuneração do acionista e desta forma investir na ação com foco no longo prazo.
Segundo Oliveira, esse é um dos motivos pelos quais a companhia trabalhou com payouts (parcela do lucro destinada ao pagamento de proventos) elevados de quase 80% nos últimos anos.
Outra vantagem de investir na empresa é a exposição ao minério de ferro, que é um dos principais produtos exportados pelo Brasil. Além disso, por ter uma receita dolarizada, mas custos em real, a CSN Mineração funciona como uma proteção cambial para a carteira do investidor.
Outro aspecto é a perenidade dos ativos da CSN Mineração. A mina Casa da Pedra, que é uma das principais da companhia, tem cerca de 100 anos na extração de minério de ferro. "Provavelmente, muitos investidores deixarão as suas ações CMIN3 para seus descendentes", comenta Oliveira.
Mesmo diante de um cenário de juros em alta, a CSN Mineração não é afetada porque possui mais de R$ 2 bilhões em caixa e endividamento negativo. "Isso faz com que ela tenha uma resiliência para encarar um ciclo de juros elevados com muita tranquilidade. Empresas endividadas são as que tendem a sofrer mais. Não é o caso da CSN Mineração", observa Oliveira.
O analista do Projeto Vida de Acionista espera que em 2025 a CSN Mineração (CMIN3) pague no cenário mais pessimista proventos líquidos de R$ 0,50 por ação. Isso seria equivalente a um dividend yield de 8,3%, no mais conservador dos cenários, mas há grandes chances de a companhia surpreender positivamente o investidor.
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Quero receberDirecional (DIRR3)
Embora juros elevados e construtoras não sejam necessariamente uma boa combinação, há empresas que se destacam como exceções, entre estas a Direcional (DIRR3) - maior construtora do país com mais de 40 anos de mercado. Nos últimos 12 meses, a companhia entregou um dividend yield de 13,47%.
Gustavo Poladian, sócio e analista de renda variável da Meraki Capital, explica que a Direcional teve forte crescimento no número de lançamentos nos últimos anos, com ajuda de condições favoráveis no programa Minha Casa Minha Vida. Contudo, esse crescimento da operação ainda não se refletiu inteiramente no balanço da empresa, pelo formato de contabilidade do setor.
"Isso deve gerar um bom crescimento de receita para 2025, uma margem crescente. A expectativa é que o lucro da Direcional cresça a uma taxa superior a 20% no próximo ano", afirma o analista da Meraki.
Segundo Poladian, a empresa quer estabilizar os lançamentos em R$ 5 bilhões por ano e focar em ganhar velocidade de venda. "Com essa dinâmica, a empresa deve gerar bastante caixa em 2025 e por se tratar de uma companhia desalavancada ou com baixa dívida, é esperado que a companhia pague muitos dividendos", avalia Poladian.
A projeção do analista é que em 2025, a Direcional entregue um dividend yield de 11,4%. Segundo ele, a empresa não sentiria pressão dos juros elevados, dado que as taxas de financiamento do Minha Casa Minha Vida são fixas, sem impactos da alteração da Selic. Favorecem, na visão dele, o baixo endividamento e o alto retorno de capital que a empresa oferece ao acionista.
Mas não é apenas em 2025 que a companhia é alternativa de investimento. Segundo Renato Nobile, sócio e gestor da Buena Vista Capital, a Direcional é uma empresa bastante sólida, com a maior qualidade do setor de construção civil e um gestão impecável. "Para uma estratégia de longo prazo, a Direcional cai como uma luva", defende.
Claro que também existem riscos de investir na companhia e que podem pressionar os proventos. Poladian cita para o curto e médio prazo a inflação para o setor e a disponibilidade de mão de obra. "No setor de baixa renda, quando a empresa realiza uma venda, o recebível não é corrigido, com a empresa ficando exposta as variações de matéria prima e dissídio", aponta.
Petrobras (PETR4)
Figurinha carimbada entre as maiores pagadoras de dividendos da bolsa, a Petrobras (PETR4) é uma das maiores petroleiras do mundo, com expertise em águas profundas.
A companhia possui um endividamento controlado e um baixo custo de extração. "Isso faz com que ela tenha boa capacidade de geração de renda ao acionista, mesmo em momentos de queda no preço do barril de petróleo", afirma Gabriel Duarte, analista da Ticker Research.
A Petrobras consegue ser resiliente aos juros elevados, dada a sua alavancagem controlada- 1,2 vezes dívida líquida/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). Duarte destaca que a dívida da companhia é em dólar e o cenário no exterior é de queda dos juros, na contramão do visto no Brasil.
Como a companhia segue gerando um caixa robusto e extrai petróleo a baixo custo, consegue manter sua capacidade de pagar bons dividendos, mesmo com juros elevados. O analista projeta que nos próximos 12 meses a Petrobras entregue um dividend yield entre 13% e 15%.
Por se tratar de uma empresa de commodities, o principal risco para a geração de caixa da empresa e os dividendos seriam preços mais baixos do barril de petróleo a nível global, destaca Brayan Campos, operador de renda variável da Manchester Investimentos. "Fora isso, a empresa sempre se mostrou resiliente a momentos adversos no Brasil, com juros altos ou juros baixos, sempre pagou bons dividendos", pontua.
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