Katherine Rivas

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Banco do Brasil é ação favorita do mês para quem quer ganhar dividendos

Desde o início da carteira recomendada de dividendos do UOL, em abril, o Banco do Brasil (BBAS3) foi galgando posições entre as ações mais indicadas para renda passiva até chegar isolado à liderança em junho. O Banco do Brasil recebeu 10 recomendações de casas de análise, bancos e corretoras, segundo levantamento da coluna com 15 instituições. Foram citadas 36 empresas.

A conquista veio com a forte previsibilidade do banco na remuneração dos acionistas, além da percepção do mercado de que o banco estatal ainda está muito barato, mesmo após valorização das ações. O recente aumento do payout (parcela do lucro destinada a proventos) de 40% para 45% também tem agradado os investidores. Segundo a gestão do banco, este payout não deve mudar até 2025.

Além do Banco do Brasil, dividindo a segunda posição ficaram a mineradora Vale (VALE3) e a Telefônica Brasil (VIVT3) com oito recomendações, respectivamente. Até maio, a Vale sempre tinha figurado na liderança perdendo este espaço para o banco estatal.

Em terceiro lugar ficou a Petrobras (PETR4), com sete indicações. Veja o ranking completo abaixo:

Forte no agro e consignado

O Banco do Brasil é a maior instituição financeira do Brasil em gestão de recursos, com mais de 20% do mercado. O banco estatal também é forte no crédito ao agronegócio, com uma participação de mercado de 53,7% no segmento, diz a Guide Investimentos. No crédito consignado, a presença no mercado é de 21%.

Ainda segundo a corretora, o Banco do Brasil tem forte capacidade de distribuição, com cerca de 3.900 agências, 1.800 postos de atendimento e 800 agências digitais e especializadas, presente em 96,6% dos municípios do país.

Os resultados fortes e consolidados, com lucros e receitas recordes já há alguns anos, são uma das vantagens do investimento. "Dentro do segmento bancário brasileiro, o Banco do Brasil deverá ser uma das melhores opções para investidores que buscam renda passiva para 2024 e 2025", afirma Milton Rabelo, analista do setor financeiro da VG Research. A recomendação de Rabelo é de compra, com preço-teto de R$ 30,60 e dividend yield (retorno com dividendos) estimado de 10% para os próximos 12 meses.

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Barato demais

O Banco do Brasil ainda é um ativo descontado, apesar da valorização ao longo dos últimos meses. Segundo dados do TradeMap, nos últimos 12 meses, as ações BBAS3 subiram 30,79% até 4 de junho.

"O Banco do Brasil deve continuar entregando o mesmo nível de qualidade, tamanho de lucratividade e mantendo a estabilidade no retorno sobre o patrimônio líquido (ROE). Pela sua atual política de dividendos vai continuar se destacando", avalia Marco Saravalle, analista CNPI-P e sócio-fundador da MSX Invest.

Os analistas da Santander Corretora, Ricardo Peretti e Alice Corrêa, citam que o Banco do Brasil está negociando atualmente a um múltiplo de preço/valor patrimonial (P/VPA) de 0,82x, abaixo do período desafiador de 2015 e 2016 quando o ROE (retorno sobre patrimônio líquido) chegou a despencar até o patamar de 7,5%. Para eles, por mais que exista um risco político na companhia, não faz sentido essa precificação.

Entre 2022 e 2023, o Banco do Brasil reduziu a diferença de rentabilidade com os bancos privados. "Mesmo em caso de piora do cenário macroeconômico, acreditamos que o Banco do Brasil esteja em uma posição melhor, dada a sua exposição ao setor do agronegócio, que sustentou o PIB brasileiro nas últimas décadas", avaliam.

Para o ano de 2024, por exemplo, a perspectiva da Santander Corretora é de que as ações valorizem até o preço-alvo de R$ 42,50 (atualmente o banco está cotado perto dos R$ 27). "Mantemos nossa recomendação de compra, apesar de não ser mais a nossa principal escolha do setor", pontuam.

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Tem riscos?

Entre os riscos, está a possibilidade de a inadimplência agravar no segundo semestre, puxada pelo segmento agro e de consumo. Saravalle, contudo, esclarece que a inadimplência está longe de ser uma decepção na segunda metade do ano.

A inadimplência poderia aumentar com um crescimento menor da economia. Isso levaria o banco estatal a trabalhar na faixa inferior da sua projeção de lucro líquido ajustado para 2024, de R$ 37 bilhões. Com esse lucro, o DY seria de 10% a 11% para 2024 e 2025, diz Rabelo. A recomendação é de compra.

Ainda entre os riscos, as tragédias no Sul até podem afetar o banco em um primeiro momento, mas não devem representar um grande problema no médio e longo prazo. "Vai ter um impacto, mas deve ser bem restrito", observa Max Bohm, estrategista de ações da Nomos. Bohm lembra que a carteira do Banco do Brasil é muito pulverizada, então a exposição ao Rio Grande do Sul representa uma parte pequena da carteira de crédito.

Outro risco, segundo Bohm, é a possibilidade de interferência política, que poderia fazer o BB conceder crédito a taxas baixas. No entanto, o analista destaca que a governança do banco se fortaleceu nos últimos anos, o que dificultaria algo semelhante acontecer. "De toda forma, é sempre um grande risco, que faz com que o banco negocie com desconto frente ao Itaú, Bradesco e outros bancos privados", opina. Bohm também espera um dividend yield de 10%, com recomendação de compra para BBAS3.

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